quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Foto de Federico García Lorca

Federico García Lorca








Homenagem de Carlos Drummond de Andrade a Federico

Homenagem de Carlos Drummond de Andrade a Federico
García Lorca

Sobre teu corpo, que há dez anos
se vem transfundindo em cravos
se rubra cor espanhola,
aqui estou para depositar
vergonha e lágrimas.

Vergonha de há tanto tempo
viveres – se morte é vida –
sob chão onde esporas tinem
e calcam a mais fina grama
e o pensamento mais fino
de amor, de justiça e paz.

Lágrimas de noturno orvalho,
não de mágoa desiludida,
lágrimas que tão-só destilam
desejo e ânsia e certeza
de que o dia amanhecerá.

(Amanhecerá)

Esse claro dia espanhol,
composto na treva de hoje,
sobre teu túmulo há de abrir-se,
mostrando gloriosamente
-ao canto multiplicado
de guitarra, gitano e galo –
que para sempre viverão
os poetas matirizados.

(Carlos Drummond de Andrade; poesia e prosa Nova Aguilar -1979 - pp. 253-4)


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

video: Pra não dizer que não falei das flores

Geraldo Vandre através de sua canção convoca o povo brasileiro pra lutar pela retomada da Democracia e pelos os direitos individuais de expressão que nos foram tirados.
http://www.youtube.com/watch?v=BvxFwWdYVe4

video sobre a crise econômica

Assista o video sobre a Crise de 1929.Queda da bolsa de Valores de Nova York

http://www.youtube.com/watch?v=WvR-jTOnWs0

Música que se tornou o Hino de resistencia a Ditadura militar

Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores

Geraldo Vandré
Composição: Geraldo Vandré

Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)

Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)

Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)

Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não...

Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(4x)

Colonização do Vale do Rio São Francisco

Colonização do Vale do Rio São Francisco

Cerca de um ano após a descoberta de Pedro Alvarez Cabral, o navegador Américo Vespúcio chegou à foz de um enorme rio que desaguava no mar. A data era 04 de outubro de 1501, dia de São Francisco, santo em cuja homenagem os navegadores europeus batizaram o rio. Para as diversas nações indígenas que habitavam aquela região, aquelas águas tinham um nome antigo: Opará, que significa algo como “rio-mar”.

Desde então, o São Francisco passou a ser visitado regularmente pelas naus européias e, mais tarde, seria o principal pavimento para a colonização dos sertões goianos, o chamado Brasil-Central. No primeiro momento, porém, o terreno desconhecido e a resistência dos índios dificultaram o domínio da região.

Duas décadas depois de seu descobrimento, em 1522, o primeiro donatário da capitania de Pernambuco, o português Duarte Coelho, funda a cidade de Penedo, em Alagoas. Com a autorização da coroa portuguesa, em 1543 começa a criação de gado na região, atividade econômica que marca a história do vale do São Francisco que chegou a ser chamado de “ Rio-dos-Currais”. Estes foram os primeiros passos para o início da colonização.

Mesmo assim, a exploração estava limitada ao litoral, principalmente por causa das tribos indígenas que defendiam seus territórios no interior. Os Pankararu, Atikum, Kimbiwa, Truka, Kiriri, Tuxa e Pankarare, são alguns dos remanescentes atuais das populações que originalmente ocupavam o local.

Apesar disso, lendas sobre pedras preciosas e riquezas inacreditáveis atraíam diversos aventureiros para a região. Guiados pela cobiça, estes colonizadores foram dizimando os índios, que fugiam dali para o planalto central. Assim, ergueram-se os primeiros e pequenos arraiais, iniciando o domínio da região, onde o ouro e as pedras preciosas.

Em 1553, o rei D. João III, ordenou ao Governador Geral Tomé de Souza a exploração das margens interiores do rio. A organização da empreitada ficou a cargo de Bruza Espinosa, que teve em seu lado o Padre Aspilcueta Navarro para formar a primeira companhia de penetração. O roteiro dessa viagem e uma carta do Padre Navarro são os primeiros documentos descritivos sobre o São Francisco.

A partir daí, as águas do rio foram navegadas por dúzias de expedicionários que, aos poucos, consolidaram o domínio sobre a exploração do São Francisco. A ocupação, entretanto, ocorreu principalmente através das sesmarias, tendo sido o São Francisco ocupado parte pela Casa da Torre de Garcia DÁvila e parte pela Casa da Ponte, de Antônio Guedes de Brito. O primeiro, Garcia DÁvila, apossa-se das terras em 1573, sendo mais de 70 léguas entre o Rio São Francisco e o Parnaíba no Piauí.

Em 1637, os holandeses invadiram o povoado de Penedo por causa de sua localização estratégica, na foz do São Francisco. Ali construíram um forte batizado Maurício, em homenagem a Maurício de Nassau. O domínio holandês permaneceu forte até 1645, quando os portugueses retomaram a região.

Outro fator importante da ocupação nesta época, foram as missões religiosas, iniciadas por padres capuchinhos bretões a partir de 1641. Com isso, as nações indígenas sumiam do mapa, atacadas por doenças, miscigenação e pela aculturação.

Em 1675, jazidas de ouro são encontradas em afluentes do São Francisco pela bandeira de Lourenço de Castanho que assassina os índios cataguáses, habitantes originais da região. Desde então, dezenas de bandeirantes navegaram o rio, entre eles: Matias Cardoso, Domingos Jorge Velho, Domingos Sertão, Fernão Dias Paes, Borba Gato e Domingos Mafrense.

Nesta época, os portugueses também enfrentaram a resistência dos escravos fugitivos. Os quilombos formavam uma verdadeira república negra que desafiou por muito tempo o domínio da Coroa. Em 20 de dezembro de 1695, uma tropa mercenária, contratada por Portugal e os usineiros de açúcar da capitania de Pernambuco, destruiu o último foco da resistência armada dos escravos, ligadas ao famoso Quilombo dos Palmares.

http://www.brasiloeste.com.br/noticia/1539/historia-rio-sao-francisco

Colonização de algumas regiões do Brasil

Colonização do Interior de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.

Goiás


Aproximadamente quase um século após o Descobrimento do Brasil, colonizadores portugueses chegaram à região de Goiás. Os primeiros a ocupar o local foram aventureiros bandeirantes vindos de São Paulo em expedições. Dentre estes ¨exploradores¨ estava Bartolomeu Bueno da Silva - o Anhangüera, que vinha em busca de ouro, o que só encontrou no final do século XVII.
Segundo uma lenda local, na tentativa de descobrir com os índios onde se localizavam os veios de ouro, Bartolomeu Bueno da Silva ateou fogo em um prato contendo aguardente, dizendo fazer o mesmo com os rios e nascentes se os índios não lhe mostrassem as minas. Com medo, os índios o atenderam e passaram a chamá-lo Anhangüera (feiticeiro para os nativos).Muitas outras expedições rumaram para Goiás em busca das riquezas do subsolo.
O primeiro vilarejo da região, chamado de Arraial da Barra, foi fundado em 1726 por Bartolomeu Bueno (filho de Bartolomeu Bueno da Silva). A partir daí, os povoados cresceram e se multiplicaram, isto na segunda metade do século XVIII, quando a exploração do outro estava em alta. A migração de pecuaristas vindos de São Paulo (séc. XVI) buscando melhores terras e condições para o gado avolumou a colonização e implantou a pecuária na região.
O atual Estado de Goiás, antes pertencente ao Estado de São Paulo, foi separado e elevado à categoria de província em 1744.Com a decadência do ouro nos idos de 1860, a lavoura e a pecuária passaram a ser as principais atividades da região. O escoamento da produção foi propiciado pela abertura de estradas e pela navegação a vapor no final do século XIX, o que desenvolveu consideravelmente a província. Século XX, construção da capital Goiânia, novo impulso econômico mais tarde complementado com a criação de Brasília (1960).

Colonização de São Paulo

No início do século XVI o litoral paulista já tinha sido visitado por navegadores portugueses e espanhóis, mas somente em 1532 se dá a fundação da primeira povoação, São Vicente, na atual Baixada Santista, por Martim Afonso de Sousa.
A procura de metais preciosos levou os portugueses a ultrapassarem a Serra do Mar, pelo antigo caminho indígena do Peabiru e em 1554, no planalto existente após a Serra do Mar, é fundada a vila de São Paulo de Piratininga pelos jesuítas liderados por Manuel da Nóbrega.
Até o fim do século XVI são fundadas outras vila no entorno do planalto, como Santana de Parnaíba, garantindo assim a segurança e subsistência da vila de São Paulo.
O nome São Vicente foi dado por Américo Vespúcio, em 22 de janeiro de 1502, em viagem que objetivava mapear o litoral do Brasil. Quando passou pela região, encontrou duas ilhas (onde hoje estão as cidades de Santos e São Vicente na Ilha de São Vicente e a cidade de Guarujá na ilha de Santo Amaro e o estuário, que achou ser um rio. Era dia de São Vicente, assim tendo sido batizada a localidade.
A fundação de São Vicente no litoral paulista iniciou o processo de colonização do Brasil como política sistemática do governo português, motivada pela presença de estrangeiros que ameaçavam a posse da terra. Evidentemente, antes disso já havia ali um núcleo português que, à semelhança de outros das regiões litorâneas, fora constituído por náufragos e datava, provavelmente, do início do século XVI. Foi, no entanto, durante a estada de Martim Afonso de Sousa que se fundou, em 20 de janeiro de 1532, a vila de São Vicente e com ela se instalou o primeiro marco efetivo da colonização brasileira.
O nome de São Vicente se estendeu à capitania hereditária doada ao mesmo Martim Afonso de Sousa pelo Rei de Portugal em 1534. Assim, o primeiro nome do atual estado de São Paulo foi capitania de São Vicente.
A despeito das inumeráveis dificuldades para transpor a serra do Mar, os campos do planalto logo atraíram os povoadores, o que tornou São Paulo uma exceção no tipo de colonização dos portugueses dos primeiros tempos, que se fixavam0, sobretudo no litoral. Assim, em 1553, povoadores portugueses fundaram a Vila de Santo André da Borda do Campo. No ano seguinte, os padres da Companhia de Jesus fundaram em uma colina de Piratininga um colégio para os índios, berço da Vila de São Paulo. Em 1560, a Vila de Santo André foi extinta e seus moradores foram transferidos para São Paulo de Piratininga.
A faixa litorânea, estreita pela presença da serra, não apresentava as condições necessárias para o desenvolvimento da grande lavoura. Por sua vez, o planalto deparava com o sério obstáculo do Caminho do Mar, que, ao invés de ligar, isolava a região de Piratininga, negando-lhe o acesso ao oceano e, portanto, a facilidade para o transporte. Em conseqüência, a capitania ficou relegada a um plano econômico inferior, impedida de cultivar com êxito o principal produto agrícola do Brasil colonial, a cana-de-açúcar, e de concorrer com a principal zona açucareira da época, representada por Pernambuco e Bahia.

Estabeleceu-se em Piratininga uma policultura de subsistência, baseada no trabalho forçado do índio. Os inventários dos primeiros paulistas acusavam pequena quantidade de importações e completa ausência de luxo. O isolamento criou no planalto uma sociedade peculiar. Chegar a São Paulo requeria fibra especial na luta contra as dificuldades do acesso à serra, os ataques dos índios, a fome, as doenças, o que levaria a imigração européia a um rigoroso processo seletivo. Tais condições de vida determinariam a formação de uma sociedade em moldes mais democráticos que os daquela que se estabelecera mais ao norte da colônia.
Concorreu em boa parte para tanto a proliferação de mamelucos oriundos do inevitável e intenso cruzamento com as índias da terra, pertencentes às tribos tupis que dominavam o litoral brasileiro.

As bandeiras

Dificuldades econômicas, tino sertanista, localização geográfica (São Paulo era um importante centro de circulação fluvial e terrestre), espírito de aventura, seriam poderosos impulsos na arrancada para o sertão. Desde os primeiros tempos da colonização eram constantes as arremetidas, num bandeirismo defensivo que visava a garantir a expansão paulista do século XVII. Este seria o grande século das bandeiras, aquele em que se iniciaria o bandeirismo ofensivo propriamente dito, cujo propósito era em grande parte o lucro imediato proporcionado pela caça ao índio. Da vila de São Paulo partiram as bandeiras de apresamento chefiadas por Antônio Raposo Tavares, Manuel Preto, André Fernandes, entre outros.
As condições peculiares de vida no planalto permitiram que os paulistas, durante os dois primeiros séculos, desfrutassem de considerável autonomia em setores como defesa relações com os índios, administração eclesiástica, obras públicas e serviços municipais, controle de preços e mercadorias. As câmaras municipais, compostas por "homens bons" da terra, raramente se continham dentro de suas legítimas atribuições; em São Paulo, especialmente, sua independência quase fez esquecer o governo lusitano.

Do bandeirismo de apresamento passou-se ao bandeirismo minerador, quando a atividade de Borba Gato, Bartolomeu Bueno da Silva, Pascoal Moreira Cabral e outros foi recompensada com o encontro dos veios auríferos em Minas Gerais e Mato Grosso. Dura provação foi o efeito do descobrimento do ouro sobre São Paulo e outras vilas do planalto: todos buscavam o enriquecimento imediato representado pelo metal precioso. Como disse José Joaquim Machado de Oliveira, "não havia paulista que, mais ou menos, deixasse de afagar o pensamento de descobrir minas".
Assim, o povoamento dos sertões brasileiros fez-se com sacrifício dos habitantes de São Paulo e em detrimento da densidade populacional da capitania. Essa ruptura demográfica, aliada a fatores geográficos já mencionados (a serra do Mar), ocasionou uma queda da produtividade agrícola, bem como o declínio de outras atividades, o que acentuou a pobreza do povo no decorrer do século XVIII. A capitania, que então abrangia toda a região das descobertas auríferas, foi transferida para a coroa e ali instalou-se governo próprio em 1709, separado do governo do Rio de Janeiro e com sede na vila de São Paulo, elevada a cidade em 1711.


O ciclo do ouro e decadência da capitania

No final do século XVII, bandeirantes paulistas descobrem ouro na região do Rio das Mortes, nas proximidades da atual São João del-Rei. A descoberta das imensas jazidas de ouro provoca uma corrida em direção às Minas Gerais, como eram chamadas na época os inúmeros depósitos de ouro por exploradores advindos tanto de São Paulo quanto de outras partes da colônia.
Como descobridores das minas, os paulistas exigiam exclusividade na exploração do ouro, porém foram vencidos em 1710 com o fim da Guerra dos Emboabas, perdendo o controle das Minas Gerais. O ouro extraído de Minas Gerais seria escoado via Rio de Janeiro. Como compensação, a Vila de São Paulo é elevada à categoria de cidade em 1711.
O êxodo em direção às Minas Gerais provocou a decadência econômica na capitania, e ao longo do século XVIII esta foi perdendo território e dinamismo econômico até ser simplesmente anexada em 1748 à capitania do Rio de Janeiro.
Alguns autores têm contestado essa versão da decadência da província. O principal argumento que leva historiadores a defenderem tal tese é a estabilização do número de vilas que surgidas no período. Porém, o número de habitantes não teria diminuído, apenas se concentrado nas vilas já existentes, e sua população, apesar de não lucrar diretamente com as minas, dominava o fornecimento de mantimentos, principalmente ligados à pecuária. A principal justificativa para a anexação à província do Rio foi a segurança das minas, já que São Paulo seria seu escudo natural contra invasões oriundas da Argentina ou outras colônias espanholas (ironicamente o mesmo argumento utilizado para sua restauração anos depois).

A restauração e a província de São Paulo

Em 1765, pelos esforços do Morgado de Mateus é reinstituída a Capitania de São Paulo e este promove uma política de incentivo à produção de açúcar para garantir o sustento da capitania. A capitania é restaurada, entretanto com cerca de um terço de seu território original, compreendendo apenas os atuais estados de São Paulo e Paraná.
Assim, são fundados no leste paulista, região propícia para tal cultivo, as vilas de Campinas, Itu e Piracicaba, onde logo a cana-de-açúcar desenvolve-se. O açúcar é exportado pelo porto de Santos e atinge seu auge no início do século XIX.
A capitania ganha peso político durante a época da Independência pela figura de José Bonifácio, natural de Santos, e em 7 de setembro de 1822 a Independência é proclamada às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, por Dom Pedro I. Em 1821 a capitania transforma-se em província.


O ciclo do café

Já em 1817 é fundada a primeira fazenda de café de São Paulo, no vale do rio Paraíba do Sul, e após a Independência o cultivo de café ganha força nas terras da região do Vale do Paraíba, enriquecendo rapidamente cidades como Guaratinguetá, Bananal, Lorena e Pindamonhangaba.
Nas fazendas cafeeiras do Vale do Paraíba, era utilizada em grande escala a mão-de-obra escrava, e os grãos eram escoados via Rio de Janeiro. Assim sendo, o Vale enriquece-se rapidamente, gerando uma oligarquia rural, porém o restante da província continua dependente da cana-de-açúcar e do comércio que vai se estabelecendo na cidade de São Paulo, impulsionado pela fundação de uma faculdade de Direito em 1827.
Entretanto, a exaustão dos solos do Vale do Paraíba e as crescentes dificuldades impostas ao regime escravocrata levam a uma decadência no cultivo do café a partir de 1860 naquela região. O Vale vai se esvaziando economicamente enquanto o cultivo do café migra em direção ao Oeste Paulista, adentrando primeiramente na região de Campinas e Itu, substituindo o cultivo da cana-de-açúcar realizado até então.
A migração do café rumo ao oeste provoca grandes mudanças econômicas e sociais na Província. A proibição do Tráfico negreiro em 1850 leva a necessidade de busca de nova forma de mão-de-obra para os novos cultivos. A imigração de europeus passa a ser incentivada pelo governo Imperial e provincial. O escoamento dos grãos passa a ser feito via porto de Santos, o que leva a fundação da primeira ferrovia paulista, a São Paulo Railway, inaugurada em 1867, construída por capitais ingleses e do Visconde de Mauá, ligando Santos a Jundiaí, passando por São Paulo, que começa a se transformar em importante entreposto comercial entre o litoral e o interior cafeeiro.
O café vai adentrando paulatinamente o oeste paulista, passando por Campinas, Rio Claro e Porto Ferreira; em 1870, a penetração da cultura encontra seus campos mais férteis de cultivo: as terras roxas do nordeste paulista, próximas a Ribeirão Preto e São Carlos, onde surgiram as maiores e mais produtivas fazendas de café do mundo.
Atrás de novas terras para o café, exploradores adentram o até então desconhecido quadrilátero compreendido entre a Serra de Botucatu e os rios Paraná, Tietê e Paranapanema, onde fundaram cidades como Bauru, Marília, Garça, Araçatuba e Presidente Prudente no final do século XIX e início do século XX.
As fronteiras paulistas são fixadas com a emancipação do Paraná em 1853. O sul paulista (Vale do Ribeira e região de Itapeva) não atraem o cultivo do café e sofrem com litígios de divisa entre São Paulo e Paraná, sendo portanto postas à margem do desenvolvimento do resto da província, tornando-se, até nossos dias, as regiões mais pobres do território paulista.
O enriquecimento provocado pelo café e a constante chegada de imigrantes italianos, portugueses, espanhóis, japoneses e árabes à Província, além do desenvolvimento de uma grande rede férrea, trazem prosperidade a São Paulo.

Mato grosso

O que hoje conhecemos como Mato Grosso já foi território espanhol, levando-se em conta os limites estabelecidos pelo [Tratado de Tordesilhas], por este tratado o Brasil teria menos que 30% do território atual. As primeiras excursões feitas no território do Mato Grosso datam de 1525, quando Pedro Aleixo Garcia vai em direção à Bolívia, seguindo as águas dos rios Paraná e Paraguai. Posteriormente portugueses e espanhóis são atraídos à região graças aos rumores de que havia muita riqueza naquelas terras ainda não exploradas devidamente. Também vieram jesuítas espanhóis que construíram missões entre os rios Paraná e Paraguai, com o objetivo de assegurar os limites de Portugal, já que as terras estavam nos limites da Espanha.
Assim, em 1718, um bandeirante chamado Pascoal Moreira Cabral Leme subiu pelo rio Coxipó e descobriu enormes jazidas de ouro, dando início à corrida do ouro, fato que ajudou a povoar a região. No ano seguinte foi fundado o Arraial de Cuiabá. Em 1726, o Arraial de Cuiabá recebeu novo nome: Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. Em 1748, foi criada a capitania de Cuiabá, lugar que concedia isenções e privilégios a quem ali quisesse se instalar. Foram feitas diversas expedições entre elas às entradas e bandeiras, as entradas foram financiadas por Portugal partiam de qualquer lugar do Brasil e não ultrapassavam o Tratado de Tordesilhas. As bandeiras foram financiadas pelos paulistas somente eles foram ao oeste, ultrapassando Tordesilhas, inclusive.
Os motivos pelos quais ocorreram às expedições para oeste do Brasil são diversos, a coroa portuguesa precisava ocupar as terras a oeste para se defender da ocupação espanhola de oeste para leste e preservar o Tratado de Tordesilhas. As expedições feitas pelos paulistas foram de caráter principal econômico como a procura por indígenas que era uma mão-de-obra mais barata que a escrava ocorridas em 1718 e 1719, a mineração em 1719 com o propósito de exploração de ouro e pedras preciosas. As monções em 1722 foram realizadas a fim de estabelecer a troca de mercadoria de consumo com o ouro nas áreas de mineração...
Durante as bandeiras, uma expedição chegou ao Rio Coxipó em busca dos índios Coxiponés e logo descobriram ouro nas margens do rio, alterando assim o objetivo da expedição. Em 08 de abril de 1719 foi fundado o Arraial da Forquilha as margens do rio do Peixes, Coxipo e Mutuca, sendo que o nome forquilha vem justamente pelo fato de que neste ponto de encontro destes dois rios cria o formato de uma forquilha formando o primeiro grupo de população organizado na região (atual cidade de Cuiabá). A região de Mato Grosso era subordinada a Capitania de São Paulo governada por Rodrigo César de Meneses, para intensificar a fiscalização da exploração do ouro e a renda ida para Portugal, o governador da capitania muda-se para o Arraial e logo a eleva à categoria de vila chamando de Vila Real do Bom Jesus de Cuiabá.


Minas Gerais

Seguindo em direção ao interior a procura de metais e pedras preciosas grupos de bandeirantes paulistas ocuparam a região no século XVI, mais tarde chamada Minas Gerais. Os primeiros povoados surgiram nas montanhas no final do século XVII e início do XVIII, bem como, a descoberta de novas minas.
Hoje Belo Horizonte, porém, em 1693 uma grande quantidade de ouro foi encontrada próximo ao local sendo causa de muitas disputas e confrontos sangrentos, entre os muitos a Guerra dos Emboabas. A batalha ocorreu em 1708, entre paulistas, portugueses (emboabas) e mineradores (sertanejos).
Visando uma melhor administração, criou-se a capitania de São Paulo e Minas de Ouro em 1709. Com a separação de Minas e São Paulo em 1720, a primeira tornou-se capitania tendo como sede a cidade de Vila Rica, atual Ouro Preto. O nome Minas Gerais originou-se devido a enorme quantidade de riquezas minerais ali existentes.

Colonização da região Amazônica


Dentre os europeus que navegaram pelos rios amazônicos estavam espanhóis, franceses, holandeses e ingleses. Desde o final do século XVI que estes europeus buscavam se fixarem na floresta equatorial e colonizá-la. Os primeiros a chegarem a região foram os castelhanos, o navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón foi o primeiro a visitar o estuário do Rio Amazonas, em 1500, por ele chamado Santa Maria de la Mar Dulce. A exuberância da Amazônia permeia a imaginação no mundo inteiro e exerce forte fascínio sobre todos, provocando cobiça internacional desde o século XVI, em 1559 holandeses estabeleceram fortificações na foz do rio Xingu, em 1610 ingleses fundam núcleos de povoamento próximo da foz do Amazonas e franceses se fixam no maranhão. Ultrapassando o estado de ameaça eminente para um contexto de agressão real a soberania lusitana na região norte. Tal situação motivou a reação vigorosa dos portugueses que, lutam por três anos até expulsarem os franceses do Maranhão (1612-1615). Após a vitória sobre os franceses, Francisco Caldeira Castro de Branco funda o Forte do Presépio no dia 12 de janeiro de 1616, em torno do mesmo surge a cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará. Neste período Portugal estava sob o domínio da união Ibérica (1580-1640), e atraiu para se todos os inimigos dos castelhanos que se sentiram livres de qualquer laço de amizade com Portugal já que não existia de farto o estado português, eles se achavam no direito de cobiçarem e conquistarem parte da América lusitana, já que naquela conjuntura o que fora lusitano seria castelhano, os colonos e as autoridades portugueses no Brasil atuam decisivamente na expulsão dos estrangeiros do norte e nordeste, além de adentrarem em áreas que antes eram vistas como exclusivamente castelhanas de acordo com o Tratado de Tordesilhas. As autoridades espanholas se descuidam, e bandeirantes, sertanistas e aventureiros expandem os domínios da colônia portuguesa na America do Sul. Isto só foi possível devido à obstinação lusa por encontrar metais amoedáveis e pedras preciosas, e devido os castelhanos terem aberto a guarda, estavam por demais envolvidos com suas colônias andinas, platinas e mexicanas para olhar o que os colonos portugueses estavam fazendo na América do Sul.Caberiam as autoridades lusas a tarefa de resguardar, o Vale do rio Amazonas, em beneficio da União Ibérica. Pelo tratado de Tordesilhas quase toda região amazônica seria da coroa espanhola. No entanto, na metade do século XVII, os lusitanos trataram em fixarem sua presença na bacia e na floresta amazônica. Não imaginava o rei Felipe IV de Espanha(1605-1665) que ao criar a província do Grão-Pará, estava ele lançando as bases da conquista e do povoamento da costa norte a da floresta equatorial pelos luso-brasileiros. O rei citado governou Espanha de 1621 a 1665, e também governou Portugal e suas colônias, já que neste momento não havia de fator um estado português, vivia-se a União Ibérica que foi tão prejudicial a nação portuguesa.

Colonização do Rio Grande do Sul

No século XVI, com a descoberta do Novo Mundo, o Rio Grande do Sul passou a fazer parte do reino espanhol pelo Tratado de Tordesilhas. Em 1627, jesuítas espanhóis criaram missões, próximas ao rio Uruguai, mas foram expulsos pelos portugueses, em 1680, quando a coroa portuguesa resolveu assumir seu domínio, fundando a Colônia do Sacramento. Os jesuítas espanhóis estabeleceram, em 1687, os Sete Povos das Missões. Em 1737, uma expedição militar portuguesa comandada pelo brigadeiro José da Silva Paes foi enviada para garantir aos lusitanos a posse de terras no Sul, objeto de disputa entre Portugal e Espanha. Para efetuar essa posse militarmente, José da Silva Paes construiu nesse mesmo ano um forte na barra da Lagoa dos Patos, que é a origem da atual cidade de Rio Grande, primeiro marco da colonização portuguesa no Rio Grande do Sul.
Em 1742, os colonizadores portugueses iniciaram uma vila que viria a ser Porto Alegre. As lutas pela posse das terras, entre portugueses e espanhóis, tiveram fim em 1801, quando os próprios sul-riograndenses dominaram os Sete Povos, incorporando-os ao seu território. Em 1807, a área foi elevada à categoria de capitania. O município de Viamão antecedeu Porto Alegre como sede do governo. Durante o período colonial a região foi palco de inúmeros conflitos entre hispano-americanos e luso-brasileiros.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Ato Institucional nº 05 « “…há soldados armados, amados ou não…”

Ato Institucional nº 05 « “…há soldados armados, amados ou não…”

Ditadura militar

Indico estes sites:http://www.culturabrasil.pro.br/ditadura.htm

http://www.memoriaestudantil.org.br/main.asp?Team=%7B6CB6B3C4-B6BF-4D56-8B2E-286CD15F2893%7D


http://www.cpdoc.fgv.br/nav_fatos_imagens/htm/fatos/Golpe64.htm

http://www.jusbrasil.com.br/noticias/383345/edicao-do-ato-institucional-n-5-completa-hoje-40-anos

Revolução Inglesa - Hobbes e Locke

Revolução Inglesa – Hobbes e Locke

Dois grandes pensadores políticos do ocidente viveram de perto os acontecimentos da revolução Inglesa, que se estendeu de 1640 até 1689.As transformações ocorridas na Inglaterra do século XVII são evidentes nas obras de Thomas Hobbes e John Locke. Os dois adotaram posições diferentes em relação à queda do poder absolutista inglês, e suas teorias políticas influenciaram diversas discussões posteriores.
Thomas Hobbes (1588 – 1679) saiu da Inglaterra durante a Guerra Civil travada entre os Cavaleiros e os Cabeças Redonda, foi professor do filho de Carlos I na França e tornou – se próximo da corte dos Stuart.Durante o seu exílio na França, escreveu Leviatã, uma de suas principais obras políticas, e, quando o poder dos Stuart foi restaurado, já vivia na Inglaterra.Curiosamente, algumas de suas obras foram censuradas por seu antigo aluno, o rei Carlos II.
John Locke nasceu em 1632, e seus pais participaram da Guerra Civil lutando pelas tropas do parlamento. Quando Hobbes escreveu Leviatã, Locke tinha aproximadamente 18 anos e ainda era estudante.Viajou bastante pela Europa durante a Republica de Cromwell e os reinados de Carlos II e Jaime II, e as críticas ao Absolutismo tornaram-se muito evidentes em seus textos. Retornou à Inglaterra após a Revolução Gloriosa e era muito próximo de Guilherme de Orange, que assumiu o trono após a deposição de Jaime II.
Hobbes defende o poder absoluto do soberano pela força e o Estado é essencial para manter a paz entre os seres humanos; o poder político é apresentado como o poder de um pai sobre o filho, que o subjuga por poder destruí – lo. Há uma justificativa pragmática e racional da existência do Estado, trata – se de adquirir o poder por meio da “força natural” de um pai sobre um filho, por exemplo, ou por meio da guerra.
O pensamento de Hobbes está vinculado ao Antigo Regime, que no século XVII foi alvo de Críticas e enfrentamentos na Inglaterra.

Principais filósofos Iluministas

Principais filósofos iluministas

- John Locke (1632-1704), ele acreditava que o homem adquiria conhecimento com o passar do tempo através do empirismo;

- Voltaire (1694-1778), ele defendia a liberdade de pensamento e não poupava crítica a intolerância religiosa;

- Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), ele defendia a idéia de um estado democrático que garanta igualdade para todos;

-
Montesquieu (1689-1755), ele defendeu a divisão do poder político em Legislativo, Executivo e Judiciário;

- Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond d´Alembert (1717-1783), juntos organizaram uma enciclopédia que reunia conhecimentos e pensamentos filosóficos da época.

- Bento de Espinosa (1632–1672) - defendeu principalmente a ética e o pensamento lógico;

- David Hume (1711-1776) - foi um importante historiador e filósofo iluminista escocês. Refutou o princípio da casualidade e defendeu o livre-arbítrio e o ceticismo radical.

- Adam Smith (1723-1790) - economista e filósofo inglês. Grande defensor do liberalismo econômico.

- Immanuel Kant (1724-1804) - importante filósofo alemão, desenvolveu seus pensamentos nas áreas da epistemologia, ética e Metafísica.

- Benjamin Constant (1767-1830) - escritor, filósofo e político francês de origem suíça. Defendeu, principalmente, ideais de liberdade individual.

O Pensador


ILUMINISMO

Iluminismo

Embora não seja o único movimento cultural do século XVIII, pode - se dizer que o Iluminismo é aquele que mais o influenciou.
Para os iluministas, o desenvolvimento da consciência é o único modo de se alcançar a liberdade e fugir da servidão espiritual. A razão é fundamental para a libertação do ser humano das amarras que o prendem, sobretudo da dominação política e da tirania religiosa. É por meio da razão que os seres humanos se libertam do mundo dos mitos, da magia, das superstições, deixando – se conduzir ao domínio de si. O iluminismo foi um movimento filosófico-cultural, com inserção em diferentes campos da vida humana (Arte, Filosofia, História, Economia, Física etc), marcando o século XVIII europeu e exercendo fortes influencias em países como Inglaterra, França e Alemanha, e também Itália, Portugal e outros.
Caracterizado pela crença no racionalismo e no otimismo em relação à ciência e a técnica, advinda, principalmente, do Renascimento do século XVI e do Racionalismo do século XVII, o ideário do Iluminismo constitui as bases das diferentes ciências nos séculos seguintes. Sua concepção desenvolvimentista e evolucionista de ser humano e do mundo exerceu fortes influências em diferentes áreas do conhecimento humano, apregoando idéias de orientação da evolução humana, com vistas ao desenvolvimento de estados sucessórios e ascendentes e à concretização de etapas definitivas ao findar esse mesmo desenvolvimento. O conhecimento cientifico e tecnológico foi entendido pelo iluminista como forma de transformação para a melhoria do mundo.
Em meio a processos de secularização (enfraquecimento do poder da religião como organizador da vida)de algumas sociedades européias, em especial a francesa,a razão iluminista elegeu o Estado absolutista e o cristianismo como alvos de uma crítica contundente. Da religião à razão, do mundo imaterial ao material essa passagem foi sempre associada às idéias de civilização e progresso. Mesmo considerando as especificidades do Iluminismo em cada país, pode-se dizer, em síntese que a razão iluminista influenciou profundamente o pensamento ocidental em relação a diversas questões: defesa de diretos naturais e inalienáveis do ser humano, desconfiança absoluta dos poderes naturalmente instituídos por hereditariedade ou por direito divino, descrenças nas explicações míticas e religiosas das humanas. Além de influenciar, sobremaneira, o pensamento ocidental, esses aspectos do iluminismo forneceram as bases teóricas para os movimentos revolucionários que foram seus contemporâneos, assim como para outros, que o sucederam.

II Guerra Mundial

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Neste site você pode acompanhar os acontecimentos da guerra mês a mês

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Grécia




História Antiga - Grécia.

História da Grécia Antiga

Introdução

A civilização grega surgiu entre os mares Egeu, Jônico e Mediterrâneo, por volta de 2000 AC. Formou-se após a migração de tribos nômades de origem indo-européia, como, por exemplo, aqueus, jônios, eólios e dórios. As pólis (cidades-estado), forma que caracteriza a vida política dos gregos, surgiram por volta do século VIII a.C. As duas pólis mais importantes da Grécia foram: Esparta e Atenas.

Expansão do povo grego (diáspora)

Por volta dos séculos VII a.C e V a.C. acontecem várias migrações de povos gregos a vários pontos do Mar Mediterrâneo, como conseqüência do grande crescimento populacional, dos conflitos internos e da necessidade de novos territórios para a prática da agricultura. Na região da Trácia, os gregos fundam colônias, na parte sul da península Itálica e na região da Ásia Menor (Turquia atual). Os conflitos e desentendimentos entre as colônias da Ásia Menor e o Império Persa ocasiona as famosas Guerras Médicas ou Púnicas (492 a.C.-448 a.C.), onde os gregos saem vitoriosos.
Esparta e Atenas envolvem-se na Guerra do Peloponeso (431 a.C. a 404 a.C.), vencida por Esparta. No ano de 359 a.C., as pólis gregas são dominadas e controladas pelos Macedônios.

Sociedade da Grécia Antiga

A economia dos gregos baseava-se no cultivo de oliveiras, trigo e vinhedos. O artesanato grego, com destaque para a cerâmica, teve grande a aceitação no Mar Mediterrâneo. As ânforas gregas transportavam vinhos, azeites e perfumes para os quatro cantos da península. Com o comércio marítimo os gregos alcançaram grande desenvolvimento, chegando até mesmo a cunhar moedas de metal. Os escravos, devedores ou prisioneiros de guerras foram utilizados como mão-de-obra na Grécia. Cada cidade-estado tinha sua própria forma político-administrativa, organização social e deuses protetores.

Cultura e religião

Foi na Grécia Antiga, na cidade de Olímpia, que surgiram os Jogos Olímpicos em homenagem aos deuses. Os gregos também desenvolveram uma rica mitologia. Até os dias de hoje a mitologia grega é referência para estudos e livros. A filosofia também atingiu um desenvolvimento surpreendente, principalmente em Atenas, no século V ( Período Clássico da Grécia). Platão e Sócrates são os filósofos mais conhecidos deste período.

A dramaturgia grega também pode ser destacada. Quase todas as cidades gregas possuíam anfiteatros, onde os atores apresentavam peças dramáticas ou comédias, usando máscaras. Poesia, a história , artes plásticas e a arquitetura foram muito importantes na cultura grega.

A religião politeísta grega era marcada por uma forte marca humanista. Os deuses possuíam características humanas e de deuses. Os heróis gregos (semi-deuses) eram os filhos de deuses com mortais. Zeus, deus dos deuses, comandava todos os demais do topo do monte Olimpo. Podemos destacar outros deuses gregos : Atena (deusa das artes), Apolo (deus do Sol), Ártemis (deusa da caça e protetora das cidades), Afrodite (deusa do amor, do sexo e da beleza corporal), Démeter (deusa das colheitas), Hermes (mensageiro dos deuses) entre outros. A mitologia grega também era muito importante na vida desta civilização, pois através dos mitos e lendas os gregos transmitiam mensagens e ensinamentos importantes.

Na arquitetura, os gregos ergueram palácios, templos e acrópoles de mármore no topo de montanhas. As decisões políticas, principalmente em Atenas, cidade onde surgiu a democracia grega, eram tomadas na Ágora (espaço público de debate político).

História de Esparta

Esparta foi uma das principais polis (cidades-estado) da Grécia Antiga. Situava-se geograficamente na região sudeste da Península do Peloponeso. Destacou-se no aspecto militar.

A cidade de Esparta foi fundada no século IX a C pelo povo dório que penetrou pela península em busca de terras férteis. Quatro aldeias da região da Lacônia uniram-se para formar a cidade de Esparta. A cidade cresceu nos séculos seguintes e o aumento populacional fez com que os espartanos buscassem a ampliação de seu território através de guerras. No final do século VIII aC, os espartanos conquistaram toda a planície da Lacônia. Nos anos seguintes, Esparta organizou a formação da Liga do Peloponeso, reunindo o poderio militar de várias polis da região, exceto a rival Argos.



O poder militar de Esparta foi extremamente importante nas Guerras Médicas (contra os persas). Uniu-se a Atenas e outras cidades para impedir a invasão do inimigo comum. O exército espartano foi fundamental na defesa terrestre (Atenas fez a defesa marítima) durante as batalhas. Após as Guerras Médicas, a luta pela hegemonia no território grego colocou Atenas e Esparta em posições contrárias. De 431 a 404, ocorreu a Guerra do Peloponeso entre Atenas e Esparta, que foi vencida pelos espartanos.

Sociedade Espartana

Em Esparta a sociedade era estamental, ou seja, dividida em camadas sociais onde havia pouca mobilidade. A sociedade estava composta da seguinte forma:

Esparcíatas: eram os cidadãos de Esparta. Filhos de mães e pais espartanos, haviam recebido a educação espartana. Esta camada social era composta por políticos, integrantes do exército e ricos proprietários de terras. Só os esparcíatas tinham direitos políticos.

Periecos: eram pequenos comerciantes e artesãos. Moravam na periferia da cidade e não possuíam direitos políticos. Não recebiam educação, porém tinham que combater no exército, quando convocados. Eram obrigados a pagar impostos.

Hilotas: levavam uma vida miserável, pois eram obrigados a trabalhar quase de graça nas terras dos esparcíatas. Não tinham direitos políticos e eram alvos de humilhações e massacres. Chegaram a organizar várias revoltas sociais em Esparta, combatidas com extrema violência pelo exército.

Educação Espartana

O princípio da educação espartana era formar bons soldados para abastecer o exército da polis. Com sete anos de idade o menino esparcíata era enviado pelos pais ao exército. Começava a vida de preparação militar com muitos exercícios físicos e treinamento. Com 30 anos ele se tornava um oficial e ganhava os direitos políticos. A menina espartana também passava por treinamento militar e muita atividade física para ficar saudável e gerar filhos fortes para o exército.

Política Espartana

Reis: a cidade era governada por dois reis que possuíam funções militares e religiosas. Tinham vários privilégios.

Assembléia: constituída pelos cidadãos, que se reuniam na Apella (ao ar livre) uma vez por mês para tomar decisões políticas como, por exemplo, aprovação ou rejeição de leis.

Gerúsia: formada por vinte e oito gerontes (cidadãos com mais de 60 anos) e os dois reis. Elaboram as leis da cidade que eram votadas pela Assembléia.

Éforos: formado por cinco cidadãos, tinham diversos poderes administrativos, militares, judiciais e políticos. Atuavam na política como se fossem verdadeiros chefes de governo.

Religião Espartana

Assim como em outras cidades da Grécia Antiga, em Esparta a religião era politeísta (acreditavam em vários deuses). Arqueólogos encontraram diversos templos nas ruínas de Esparta. Atena (deusa da sabedoria) era a mais cultuada na cidade.

História de Atenas

Introdução
Por volta dos anos 500 e 400 AC, esta cidade, fundada há mais de 3.000 anos, era a mais próspera da Grécia Antiga e possuía um poderoso líder: Péricles. Nesta fase, a divisão hierárquica seguia a seguinte ordem: nobres, homens livres e uma grande quantidade de escravos que realizavam trabalhos como mercadores, carpinteiros, professores e marceneiros.

Por ser uma cidade bem sucedida e comercial, Atenas despertou a cobiça de muitas cidades gregas. Esparta se uniu a outras cidades gregas para atacar Atenas. A Guerra do Peloponeso (403 a 362 aC) durou 41 anos e Esparta venceu, tomando a capital grega para si, que, a propósito, continuou riquíssima culturalmente. Toda esta riqueza cultural conquistou os espartanos vencedores.
Alguns dos maiores nomes do mundo viveram nesta região repleta de escritores, pensadores e escultores, entre eles estão: os autores de peças de teatro Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristófanes e também os grandes filósofos Platão e Sócrates.

Atenas destacou-se muito pela preocupação com o desenvolvimento artístico e cultura de seu povo, desenvolvendo uma civilização de forte brilho intelectual. Na arquitetura destacam-se os lindos templos erguidos em homenagens aos deuses, principalmente a deusa Atena, protetora da cidade.

A democracia ateniense privilegiava apenas seus cidadãos (homens livres, nascidos em Atenas e maiores de idade) com o direito de participar ativamente da Assembléia e também de fazer a magistratura. No caso dos estrangeiros, estes, além de não terem os mesmos direitos, eram obrigados a pagar impostos e prestar serviços militares.

Tanto Esparta quanto Atenas, eram cidades evoluídas e, em pleno século VI AC, a forma de governo em ambas era democrática. Hoje em dia esta cidade tem mais de dois milhões e meio de habitantes, e, embora tenha inúmeras construções modernas, continua com suas ruínas que remetem aos tempos antigos.



Mitologia Grega


Introdução.
Os gregos criaram vários mitos para poder passar mensagens para as pessoas e também com o objetivo de preservar a memória histórica de seu povo. Há três mil anos, não havia explicações científicas para grande parte dos fenômenos da natureza ou para os acontecimentos históricos. Portanto, para buscar um significado para os fatos políticos, econômicos e sociais, os gregos criaram uma série de histórias, de origem imaginativa, que eram transmitidas, principalmente, através da literatura oral.


Grande parte destas lendas e mitos chegou até os dias de hoje e são importantes fontes de informações para entendermos a história da civilização da Grécia Antiga. São histórias riquíssimas em dados psicológicos, econômicos, materiais, artísticos, políticos e culturais.

Entendendo a Mitologia Grega.

Os gregos antigos enxergavam vida em quase tudo que os cercavam, e buscavam explicações para tudo. A imaginação fértil deste povo criou personagens e figuras mitológicas das mais diversas. Heróis, deuses, ninfas, titãs e centauros habitavam o mundo material, influenciando em suas vidas. Bastava ler os sinais da natureza, para conseguir atingir seus objetivos. A pitonisa, espécie de sacerdotisa, era uma importante personagem neste contexto. Os gregos a consultavam em seus oráculos para saber sobre as coisas que estavam acontecendo e também sobre o futuro. Quase sempre, a pitonisa buscava explicações mitológicas para tais acontecimentos. Agradar uma divindade era condição fundamental para atingir bons resultados na vida material. Um trabalhador do comércio, por exemplo, deveria deixar o deus Hermes sempre satisfeito, para conseguir bons resultados em seu trabalho.

Os principais seres mitológicos da Grécia Antiga eram :

- Heróis : seres mortais, filhos de deuses com seres humanos. Exemplos : Herácles ou Hércules e Aquiles.
- Ninfas : seres femininos que habitavam os campos e bosques, levando alegria e felicidade.
- Sátiros : figura com corpo de homem, chifres e patas de bode.
- Centauros : corpo formado por uma metade de homem e outra de cavalo.
- Sereias : mulheres com metade do corpo de peixe, atraíam os marinheiros com seus cantos atraentes.
- Górgonas : mulheres, espécies de monstros, com cabelos de serpentes. Exemplo: Medusa
- Quimeras : mistura de leão e cabra, soltavam fogo pelas ventas.

Medusa: mulher com serpentes na cabeça

O Minotauro

É um dos mitos mais conhecidos e já foi tema de filmes, desenhos animados, peças de teatro, jogos etc. Esse monstro tinha corpo de homem e cabeça de touro. Forte e feroz, habitava um labirinto na ilha de Creta. Alimentava-se de sete rapazes e sete moças gregas, que deveriam ser enviadas pelo rei Egeu ao Rei Minos, que os enviavam ao labirinto. Muitos gregos tentaram matar o minotauro, porém acabavam se perdendo no labirinto ou mortos pelo monstro.
Certo dia, o rei Egeu resolveu enviar para a ilha de Creta seu filho, Teseu, que deveria matar o minotauro. Teseu recebeu da filha do rei de Creta, Ariadne, um novelo de lã e uma espada. O herói entrou no labirinto, matou o Minotauro com um golpe de espada e saiu usando o fio de lã que havia marcado todo o caminho percorrido.

Deuses gregos

De acordo com o gregos, os deuses habitavam o topo do Monte Olimpo, principal montanha da Grécia Antiga. Deste local, comandavam o trabalho e as relações sociais e políticas dos seres humanos. Os deuses gregos eram imortais, porém possuíam características de seres humanos. Ciúmes, inveja, traição e violência também eram características encontradas no Olimpo. Muitas vezes, apaixonavam-se por mortais e acabavam tendo filhos com estes. Desta união entre deuses e mortais surgiam os heróis.

Conheça os principais deuses gregos :

Zeus - deus de todos os deuses, senhor do Céu.
Afrodite - deusa do amor, sexo e beleza.
Poseidon - deus dos mares
Hades - deus dos mortos, dos cemitérios e do subterrâneo.
Hera - deusa dos casamentos e da maternidade.
Apolo - deus da luz e das obras de artes.
Artemis - deusa da caça.
Ares - divindade da guerra..
Atena - deusa da sabedoria e da serenidade. Protetora da cidade de Atenas
Hermes - divindade que representava o comércio e as comunicações
Hefestos - divindade do fogo e do trabalho.

Na Grécia Antiga, as pessoas seguiam uma religião politeísta, ou seja, acreditavam em vários deuses. Estes, apesar de serem imortais, possuíam características de comportamentos e atitudes semelhantes aos seres humanos. Maldade, bondade, egoísmo, fraqueza, força, vingança e outras características estavam presentes nos deuses, segundo os gregos antigos. De acordo com este povo, as divindades habitavam o topo do Monte Olimpo, de onde decidiam a vida dos mortais. Zeus era o de maior importãncia, considerado a divindade seprema do panteão grego. Acreditavam também que, muitas vezes, os deuses desciam do monte sagrado para relacionarem-se com as pessoas. Neste sentido, os heróis eram os filhos das divindades com os seres humanos comuns. Cada cidade da Grécia Antiga possuía um deus protetor.


Cada entidade divina representava forças da natureza ou sentimentos humanos. Poseidon, por exemplo, era o representante dos mares e Afrodite a deusa da beleza corporal e do amor. A mitologia grega era passada de forma oral de pai para filho e, muitas vezes, servia para explicar fenômenos da natureza ou passar conselhos de vida. Ao invadir e dominar a Grécia, os romanos absorveram o panteão grego, modificando apenas os nomes dos deuses.

Conheça abaixo uma relação das principais divindades da Grécia Antiga e suas características.

Nome do deus O que representava
Zeus rei de todos os deuses
Afrodite amor
Ares guerra
Hades mortos
Hera protetora das mulheres, do casamento e do nascimento
Poseidon mares e oceanos
Eros amor, paixão
Héstia lar
Apolo luz do Sol, poesia, música, beleza masculina
Ártemis caça, castidade, animais selvagens e luz
Deméter colheita, agricultura
Dionísio festas, vinho
Hermes mensageiro dos deuses, protetor dos comerciantes
Hefesto metais, metalurgia, fogo
Crono tempo
Gaia planeta Terra

Escravismo na Grécia Antiga

Introdução

Geralmente apontamos o lado positivo da civilização grega, destacando o desenvolvimento cultural, político e econômico. A Grécia Antiga é o berço da democracia, das Olimpíadas e da Filosofia. Porém, esta mesma sociedade, que gerou toda esta riqueza cultural, utilizou para diversos fins a mão-de-obra escrava.

Tornando-se um escravo

Na Grécia Antiga uma pessoa tornava-se escrava de diversas formas. A mais comum era através da captura em guerras. Várias cidades gregas transformavam o prisioneiro em escravo. Estes, eram vendidos como mercadorias para famílias ou produtores rurais. Em Esparta, por exemplo, cidade voltada para as guerras, o número de escravos era tão grande que a lei permitia aos soldados em formação matarem os escravos nas ruas. Além de ser uma forma de treinar o futuro soldado, controlava o excesso de escravos na cidade (fator de risco de revoltas).

Em algumas cidades-estado gregas havia a escravidão por dívidas. Ou seja, uma pessoa devia um valor para outra e, como não podia pagar, transformava-se em escrava do credor por um determinado tempo. Em Atenas, este tipo de escravidão foi extinto somente no século VI a.C, após as reformas sociais promovidas pelo legislador Sólon.

O trabalho escravo

A mão-de-obra escrava era a base da economia da Grécia Antiga. Os trabalhos manuais, principalmente os pesados, eram rejeitados pelos cidadãos gregos. O grande filósofo grego Platão demonstrou esta visão: “É próprio de um homem bem-nascido desprezar o trabalho”. Logo, os cidadãos gregos valorizavam apenas as atividades intelectuais, artísticas e políticas. Os trabalhos nos campos, nas minas de minérios, nas olarias e na construção civil, por exemplo, eram executados por escravos.

A mão-de-obra escrava também era muito utilizada no meio doméstico. Eles faziam os serviços de limpeza, preparavam a alimentação e até cuidavam dos filhos de seu proprietário. Estes escravos que atuavam dentro do lar possuíam uma condição de vida muito melhor que os outros.


Democracia

Conceito de democracia, origem da palavra, democracia grega, democracia brasileira, participativa, política, importância do voto, eleições diretas, cidadania, obrigatoriedade do voto no sistema democrático

Atenas: berço da democracia grega

Origens
A palavra democracia tem sua origem na Grécia Antiga (demo=povo e kracia=governo). Este sistema de governo foi desenvolvido em Atenas (uma das principais cidades da Grécia Antiga). Embora tenha sido o berço da democracia, nem todos podiam participar nesta cidade. Mulheres, estrangeiros, escravos e crianças não participavam das decisões políticas da cidade. Portanto, esta forma antiga de democracia era bem limitada.

Atualmente a democracia é exercida, na maioria dos países, de forma mais participativa. É uma forma de governo do povo e para o povo.
Formas
Existem várias formas de democracia na atualidade, porém as mais comuns são: direta e indireta.

Na democracia direta, o povo, através de plebiscitos ou consultas populares, pode decidir diretamente sobre assuntos políticos ou administrativos de sua cidade, estado ou país. Não existem intermediários (deputados, senadores, vereadores). Esta forma não é muito comum na atualidade.

Na democracia indireta, o povo também participa, porém através do voto, elegendo seus representantes (deputados, senadores, vereadores) que tomam decisões em novo daqueles que os elegeram. Esta forma também é conhecida como democracia representativa.

Democracia no Brasil

Nosso país segue o sistema de democracia representativa. Existe a obrigatoriedade do voto, diferente do que ocorre em países como os Estados Unidos, onde o voto é facultativo (vota quem quer). Porém, no Brasil o voto é obrigatório para os cidadãos que estão na faixa etária entre 18 e 65 anos. Com 16 ou 17 anos, o jovem já pode votar, porém nesta faixa etária o voto é facultativo, assim como para os idosos que possuem mais de 65 anos.

No Brasil elegemos nossos representantes e governantes. É o povo quem escolhe os integrantes do poder legislativo (aqueles que fazem as leis e votam nelas – deputados, senadores e vereadores) e do executivo (administram e governam – prefeitos, governadores e presidente da república).


Declaração Universal dos Diretos Humanos

"Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espirito de fraternidade".
Declaração Universal dos Direitos Humanos

Frase do grande mestre Paulo Freire


“Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade”.
Paulo Freire

A crise de 1929

Crise de 29

Com o término da Primeira Guerra Mundial os Estados Unidos passaram a ser o grande nome do capitalismo mundial. De maior devedor, o país passou a posição de maior credor mundial, pois concederam grandes empréstimos a outros países, vencedores e perdedores. Além disso, investiram na reconstrução da Europa e, ao mesmo tempo exportavam bastante para esse continente.
Porém, a partir de 1925, apesar de toda euforia, a economia norte-americana começou a ter sérios problemas. Enquanto a produção industrial e agrícola desenvolveu-se num ritmo acelerado, o aumento salarial foi muito lento. Além do mais, em conseqüência da progressiva mecanização da indústria e da agricultura o desemprego foi crescendo consideravelmente.
Após recuperarem-se dos prejuízos da guerra, os países europeus passaram a comprar cada vez menos dos Estados Unidos e a concorrer com o mesmo nos mercados internacionais. Pela falta de consumidores externos e internos, começaram a sobrar enormes quantidades de produtos no mercado norte-americano, caracterizando, assim, uma crise de superprodução, ou seja, muita mercadoria e poucos consumidores.
Na tentativa de controlar essa crise, os agricultores passaram a armazenar cereais. Para isso, tiveram que pedir empréstimos aos bancos, oferecendo suas terras como garantia, muitos perderam seus bens. Já as indústrias se viram forçadas a desacelerar o ritmo da produção e, conseqüentemente, a despedir milhares de trabalhadores, o que afetou ainda mais o mercado consumidor.

A Queda da Bolsa de New York

Apesar da crise vivida naquele momento, os pequenos, médios e grandes investidores mantiveram suas especulações com ações. Isto é, comercializavam esses papéis por valores que não condiziam com a real situação das empresas. No entanto, chegou o momento em que a crise atingiu a Bolsa de Valores de New York, um dos importantes centros do capitalismo mundial. Os preços das ações começaram a cair, os acionistas entraram na corrida para tentar vendê-las, mas não havia pessoas interessadas. No dia 29 de outubro de 1929, havia cerca de 13 milhões de ações à venda, mas faltavam compradores. O que resultou na queda dos preços das ações, provocando a quebra (crash) da Bolsa de New York.

New Deal

Em 1932, com a promessa de solucionar os efeitos alarmantes da crise de 1929, Franklin Roosevelt foi eleito presidente dos Estados Unidos. Assim que assumiu o governo, pôs em prática um conjunto de medidas para tentar solucionar a crise, as quais ficaram conhecidas como New Deal. Com a adoção desse plano, o governo se desligava das idéias liberais, e passava a praticar o intervencionismo econômico. As principais medidas do New Deal foram:
• Concessão de empréstimos a empresários urbanos e rurais, que haviam falido com a crise; • O governo passava a controlar a produção e os preços de grande parte dos produtos industriais e agrícolas; • Construção de grandes obras públicas; • Elevação dos salários, diminuição da jornada de trabalho e legalização de sindicatos. • Criação do salário-desemprego e da assistência aos inválidos e velhos
Como afetou o Brasil.
A crise de 1929 afetou também o Brasil. Os Estados Unidos eram o maior comprador do café brasileiro. Com a crise, a importação deste produto diminuiu muito e os preços do café brasileiro caíram. Para que não houvesse uma desvalorização excessiva, o governo brasileiro comprou e queimou toneladas de café. Desta forma, diminuiu a oferta, conseguindo manter o preço do principal produto brasileiro da época. Por outro lado, este fato trouxe algo positivo para a economia brasileira. Com a crise do café, muitos cafeicultores começaram a investir no setor industrial, alavancando a indústria brasileira.

RELAÇÃO ENTRE A CRISE DE 1929 E O SURGIMENTO DE GOVERNOS TOTALITARIOS NAS DECADAS DE 1930

A crise de 1929 acentuou a pobreza em paises de economia capitalista não planificada, a burguesia, diante do avanço paralelo de forças socialistas, apoiou a ascensão de regimes totalitários, que pretendiam manter as bases capitalistas e,ao mesmo tempo,promover a melhoria da qualidade de vida da população.

A crise de 1929




A guerra civil Espanhola e a Arte



Premonição da Guerra Civil: Dalí gostava de dizer que este quadro famoso comprovava o seu gênio intuitivo, visto que terminou de pintá-lo antes de estourar a Guerra Civil Espanhola, em julho de 1936. Mas a Espanha vinha passando por muitas perturbações há alguns anos, e as origens da Premonição de guerra civil podem ser encontradas nas experiências de Dalí durante a insurreição separatista de 1934, Na Catalunha. A lógica de Dalí equacionava o autofagismo com as convenções de uma mesa de jantar; portanto, a carne rasgada deveria ser servida com vegetais, daí os feijões cozidos espalhados pela tela.

A guerra civil Espanhola


A guerra civil Espanhola

Como economia predominantemente agrário exportadora, a Espanha havia sido pouco atingida pela Crise de 1929: o desemprego era pequeno e o salário médio por dia trabalhado havia aumentado significativamente nos primeiros anos da Segunda República. Este aquecimento da economia aguçava as tensões sociais já existentes, e com elas a aguda divisão político-ideológica da sociedade, que já vinha do século anterior.
Em maio de 1931, os anarquistas incendiaram a Igreja dos Jesuítas na Calle de la Flor, no centro de Madrid. Em agosto de 1932, o general monarquista Sanjurjo tenta dar um golpe, mas fracassa. Condenado à morte, é depois indultado, continuando a conspirar na prisão.
Em 1933, a recusa dos anarquistas em dar apoio aos partidos de esquerda e sua propaganda pela "greve do voto" permitem a vitória eleitoral da direita, representada pela Confederação das Direitas Autônomas (CEDA) de José Maria Gil Robles. Segue-se uma insurreição da esquerda, que foi mal sucedida em toda a Espanha, menos nas Astúrias, onde os operários dominaram Gijón por 13 dias. Este evento ficou conhecido como Comuna das Astúrias.
Com milhares de militantes feitos prisioneiros, os anarquistas decidem apoiar a esquerda nas eleições de 1936. Espera-se que o novo governo lhes conceda anistia. A esquerda vence em 16 de Fevereiro, com 4.645.116 votos, contra 4.503.524 da direita e 500 mil votos do centro, mas as particularidades do sistema eleitoral - que favorecia as maiorias - dão à esquerda a maioria das cadeiras no parlamento.
Alcalá Zamora encarrega Azaña de formar um governo. Em maio de 1936, Alcalá Zamora é destituído e Azaña assume a Presidência da República, tendo como seu primeiro-ministro o socialista Largo Caballero. A direita então lança-se a preparar um golpe militar que se concretiza em 18 de Julho.

O desenrolar das operações: do golpe à vitória franquista

Se os militares rebeldes esperavam resolver a questão com um pronunciamiento rápido e sem muito derramamento de sangue, à maneira do século XIX, foram surpreendidos pelo nível de mobilização ideológica da sociedade espanhola da época: de modo geral, exceto em casos isolados, os militares triunfaram nas regiões onde a direita havia sido mais votada em fevereiro de 1936, enquanto a esquerda - principalmente pela ação das milícias armadas socialistas, comunistas e anarquistas - vence nas regiões onde havia sido mais votada a Frente Popular: em Madrid e Barcelona, a insurreição foi esmagada quase que imediatamente.
Em 21 de julho, os rebeldes controlavam o Marrocos Espanhol, as Canárias (exceto a ilha de La Palma), as Baleares (exceto Minorca) e o oeste da Espanha continental. As Astúrias, a Cantábria, o País Basco e a Catalunha, assim como a região de Madri e Murcia, estavam nas mãos dos republicanos. Mas os rebeldes conseguem apoderar-se das cidades mais importantes da Andaluzia: Sevilha - tomada pelo General Queipo de Llano, que se tornaria tristemente célebre pelas suas atrocidades - Cádiz, Granada e Córdoba.
As posições rebeldes no Sul da Espanha estando separadas de suas posições mais ao Norte, realiza-se a Campanha da Extremadura, quando o bombardeio de aviões alemães e italianos contra a marinha republicana no Estreito de Gibraltar, o que permite a passagem de tropas rebeldes do Marrocos para a Espanha.
Um avanço rápido de Sevilha a Toledo, realizado sob o comando do Tenente-Coronel Yagüe, que aplicava as técnicas alemãs de Blitzkrieg, com avanços rápidos de tropas de infantaria apoiadas por artilharia e aviação (acompanhada pela eliminação sistemática de pessoas suspeitas na retaguarda) , possibilitou aos rebeldes nacionalistas tomarem Badajoz, em agosto de 1936, o que lhes permite organizar um frente coerente contra o campo republicano - estratégia esta, mais rotineira, adotada por Franco, que preferiu apoiar-se primeiro sobre a fronteira do Portugal de Salazar a tentar um avanço direto até Madrid, a partir do Sul.
A morosidade dos rebeldes e a ação das milícias populares na defesa republicana fizeram com que o conflito assumisse, assim, um caráter ideológico e potencialmente revolucionário.
Uma vez tendo feito junção as forças rebeldes em Badajoz, inicia-se o avanço sobre Madrid, buscando-se encerrar a campanha o mais rápido possível. Em 28 de setembro, as forças rebeldes rompem o cerco republicano ao Alcazar de Toledo, defendido por José Moscardó desde 22 de julho - uma conquista sem muito significado estratégico mas que foi logo revestida de características lendárias (o filho de Moscardó teria sido fuzilado após haver pedido ao pai, ao telefone, que se rendesse) e serviu de mito fundador do regime franquista.
Em 8 de novembro começa a Batalha de Madrid, mas o lento movimento das forças rebeldes, que haviam levado três meses deslocando-se a partir de Sevilha, permite ao governo republicano estabilizar o frente em 23 do mesmo mês. No Norte, os rebeldes tomam Irún em 5 de setembro e San Sebastián no dia 13, isolando o Norte republicano.
Em inícios de 1937, os rebeldes tentam novamente tomar Madri: uma ofensiva a partir de Jarama, de 6 a 24 de fevereiro, é apoiada pelo avanço de tropas de voluntários italianos fascistas na direção de Guadalajara, de 8 a 18 de março. A resistência das Brigadas Internacionais republicanas frusta os planos das forças italianas e, mais uma vez, converte o que se pretendia como golpe de estado numa guerra civil de longa duração, em que o acirramento das paixões políticas internas era potencializado pela presença de contingentes militares estrangeiros, ideologicamente opostos, numa verdadeira guerra civil européia, em que voluntários italianos fascistas e alemães nazistas, por exemplo, enfrentavam voluntários esquerdistas das mesmas nacionalidades.
A substituição do governo republicano de Largo Caballero pelo de Juan Negrín - que buscou apoiar-se, internamente, no Partido Comunista, e, externamente, na aliança com a União Soviética - deu conta do acirramento ideológico do conflito, mesmo no interior do campo republicano, levando aos incidentes de maio em Barcelona, de enfrentamento armado entre forças do governo e comunistas contra diversas milícias de Extrema Esquerda - anarquistas, trotskistas e semi-trotskistas -seguidos por uma cruel repressão policial à mesma Extrema Esquerda, sob o comando dos comunistas. Neste interím, o governo Negrín tenta substituir as milícias, tanto quanto possível, por um exército republicano regular, e lança, em agosto, na frente de Aragão, uma ofensiva em Belchite, tentando aliviar a pressão sobre a frente Norte.
A ofensiva fracassa; o lado republicano tinha menos armas modernas (blindados e aviões) do que o nacionalista, e, ao invés de combinar ações defensivas com a infiltração de guerrilheiros na retaguarda franquista (para o que teria que contar com as milícias anarquistas) preferia tentar vitórias convencionais com ganho propagandístico para os comunistas que comandavam as unidades de elite do exército regular. Estas ofensivas, que não tinham um alvo estratégico claro, soldaram-se sempre com enormes perdas de homens e equipamento, solapando ainda a moral das Brigadas Internacionais.
Acrescente-se a isso que as dissensões internas e insanáveis no campo republicano, sobre se convinha primeiro ganhar a guerra militarmente, ou se a guerra deveria ser combinada com uma revolução socialista, fizeram com que este governo jamais conseguisse a autoridade indisputada que precisaria para vencer militarmente, ao mesmo tempo que não possuía uma ideologia coerente que garantisse sua sustentação política: no verão de 1937, soma-se à ofensiva fracassada em Belchite o avanço dos rebeldes no Norte, onde é rompido o assim chamado "Cinturão de Ferro" republicano: Bilbao, Santander e finalmente Gijón, em 20 de outubro, são ocupadas pelos franquistas e a Frente Norte desaparece, com os prisioneiros republicanos sendo internados no campo de Miranda de Ebro. A República perde, assim, o apoio do nacionalismo basco, assim como uma das suas bases industriais mais importantes. No Sul, depois da tomada de Málaga pelos franquistas em 8 de fevereiro, a frente havia estabilizado-se na província de Almería.
Situação do frente em outubro de 1937Em fins de 1937, os republicanos tomam a iniciativa e fazem uma ofensiva na direção de Teruel, que é tomada em 8 de janeiro de 1938, apenas para ser recuperada pelos franquistas em 20 de fevereiro. A contra-ofensiva franquista toma Vinaroz em 15 de abril, atingindo o Mar Mediterrâneo, e a zona republicana remanescente é dividida em duas partes, isolando a Catalunha.
Os republicanos contra-atacam em 24 de julho na Batalha do Ebro, e acabaram por retirar-se em 16 de novembro após uma longa batalha de atrito, que permite aos franquistas o caminho para a tomada da Catalunha. Em 23 de setembro o governo republicano ordena a retirada total das Brigadas Internacionais, numa tentativa (fracassada) de modificar a posição de não intervenção mantida pelos governo francês e inglês pela retirada de uma força militar sob forte influência comunista. Em 23 de dezembro inicia-se a batalha por Barcelona, que cai nas mãos dos franquistas em 26 de janeiro de 1939. As tropas rebeldes ocupam a fronteira com a França e cortam a retirada dos republicanos.
Situação do frente em novembro de 1938Em março de 1939, começa uma pequena guerra civil dentro do campo republicano, quando o Coronel Casado, comandante do Exército do Centro, dá um golpe de estado em Madri, apoiado pelos oficiais de carreira (que acreditavam que "entre militares nos entenderemos melhor"), golpe este que tinha como objetivo a ruptura com os comunistas para facilitar negociações com os franquistas, enquanto o governo Negrín, partidário da continuação da resistência - e esperando que o estalar iminente da Segunda Guerra Mundial trouxesse novos apoios aos republicanos - refugia-se na chamada Posição Yuste.
Os franquistas, no entanto, exigem dos casadistas a rendição incondicional, e Madri cai em 26 de março. Com a queda de Valencia e Alicante em 30 de março, e de Murcia em 31, a guerra termina em 1o. de abril.

A questão religiosa na Guerra Civil

O liberalismo, na Espanha, tinha, desde os inícios do século XIX, sido violentamente anticlerical; entre os anarquistas, muito influentes na Esquerda, o anticlericalismo havia sido sempre particularmente agressivo, ao contrário dos socialistas marxistas. Na medida em que a Guerra Civil foi a conclusão dos enfrentamentos político-ideológicos do século XIX espanhol, a identificação da Igreja com a Direita determinou o anticlericalismo da Esquerda na sua generalidade: Já em 14 de outubro de 1931, no jornal El Sol, o então primeiro-ministro Azaña equiparara a proclamação da República com o fim da Espanha católica, e durante a Guerra Civil, como Presidente da República, teria dito num de seus discursos, que preferia ver todas as igrejas de Espanha incendiadas a ver uma só cabeça republicana ferida, e o radical catalão Alejandro Leroux teria conclamado a juventude a destruir igrejas, rasgar os véus das noviças e "elevá-las à condição de mães".
A perseguição anticatólica durante a Guerra Civil apenas continuou um padrão já existente: nos só quatro meses que precederam a guerra civil já 160 igrejas teriam sido incendiadas. Durante a Guerra, pela repressão republicana, segundo o historiador Hugh Thomas, foram mortos 6861 religiosos católicos (12 bispos, 4.184 padres, 300 freiras, 2.363 monges);[6] uma obra mais recente, de Anthony Beevor, dá números muito semelhantes (13 bispos, 4.184 padres seculares, 283 freiras, 2.365 monges). De acordo com o artigo espanhol, foram destruídas por volta de 20.000 igrejas, com perdas culturais incalculáveis pela destruição concomitante de retábulos, imagens e arquivos. Diante disto, é pouco surpreendente verificar que a Igreja Católica, tenha chegado, na sua generalidade a propagandear a revolta contra o governo e chegado a compará-la, numa declaração coletiva de todo o episcopado (1 de julho de 1937) com uma cruzada moderna; note-se, no entanto, que os mesmos bispos espanhóis, numa carta de 11 de julho do mesmo ano de 1937, mostraram-se ciosos em desmentir à opinião católica liberal, que via na intransigência conservadora do clero espanhol a razão das perseguições por ele sofridas, argumentando que a Constituição republicana de 1931 e todas as leis subseqüentes haviam dirigido a história da Espanha num rumo contrário à sua identidade nacional, fundada no Catolicismo- ou, nas palavras do Cardeal Segura y Sáenz: "na Espanha ou se é católico ou não se é nada".
Muito embora houvessem sido realizados esforços de propaganda pelos republicanos no exterior em favor da liberdade religiosa (o Ministro da Justiça do governo Negrín, Manuel Irujo, autorizou o culto católico, que, no entanto, na prática realizou-se de forma semi-clandestina) de forma a não alienar a opinião pública católica internacional e os próprios grupos católicos no campo republicano (muito notadamente o principal partido basco, o PNV) o campo republicano era em geral anticlerical e apoiava a repressão à Igreja. Por outro lado, o escritor e filósofo católico francês Jacques Maritain protestou violentamente contra as repressões franquistas contra o clero basco, e teria dito que "a Guerra Santa, mais do que ao infiel, odeia ardentemente os crentes que não a servem".

Dois contingentes militares

De um lado lutavam a Frente Popular, composta pela esquerda (e extrema esquerda como o comunismo, anarquismo mas também o governo eleito liberal-democrático) e os nacionalistas da Galiza, do País Basco e da Catalunha, que defendiam a legitimidade do regime instalado recentemente no Estado, (a República proclamada em 1931 e os respectivos estatutos de autonomia).
Do outro lado os nacionalistas (compostos por monárquicos, falangistas, e militares de extrema direita, etc. O seu referente político (sobretudo para a Falange) era o general José Sanjurjo, chave da intentona militar de 1932, mas que morreu num acidente aéreo ao se transladar de Portugal para a zona ocupada pelos nacionalistas. Só durante o decorrer da guerra, os nacionalistas, chefiados pelo militar Francisco Franco irão aceitar progressivamente a sua indiscutível liderança.


O "Movimiento Nacional" de Franco

Estandarte da Legião CondorA sublevação fascista tentava impedir a qualquer preço que as instituições republicanas assentassem de maneira estável e permanente o regime democrático, impedindo o trabalho de um governo real de esquerda que estava para realizar profundas reformas econômicas, jurídicas e políticas no conjunto do Estado. Sob o suposto afã de lutar contra o perigo do aumento do comunismo e do anarquismo em certos lugares do Estado, ocultava-se realmente o levantamento contra o regime institucional e democrático estabelecido, na tentativa de impedir a continuação e assentamento da democracia e daquilo que os fascistas consideravam intoleráveis experiências de coletivismo.
Mas outra das claras intencionalidades do chamado "Movimiento Nacional", além de lutar contra o "perigo vermelho", foi lutar contra o que consideravam o "perigo separatista" tentando impedir a todo preço a instituição dos governos autônomos nas nações chamadas históricas.
Aliados à Igreja Católica, Exército e latifundiários, buscavam implementar um regime de tipo fascista na Espanha, o que consideravam mais condizente com a "originalidade espanhola (suas tradições políticas de raiz católica e autoritária). No entanto, o franquismo não foi fascista, se por tal entender-se um regime fundado numa base política de massa, na mobilização mais ou menos permanente dos seus partidários e no papel importante atribuído a certos grupos sociais emergentes: mesmo antes da queda dos regimes efetivamente fascistas, o regime acabou muito cedo por configurar-se como uma ditadura pessoal apoiada nos grupos dominantes tradicionais, muito semelhante nisto ao Portugal salazarista.

Os apoios internacionais

Bandeira das Brigadas Internacionais As tropas do chamado "Movimiento Nacional" foram reforçadas, desde o início da guerra pela ajuda militar direta da Alemanha de Hitler, expressa no bombardeamento a Guernica e Madrid, e da Itália de Mussolini, que enviou um corpo de tropas voluntárias para a frente nacionalista, assim como engajou aviões e submarinos no esforço de guerra franquista. Portugal de Salazar , embora ocultado sob a capa da neutralidade , enviou tropas voluntárias para combater pelos Nacionalistas (a Legião Viriato), permitiu o abastecimento das tropas rebeldes com armas e logística através de seu território além de recusar a entrada de refugiados ; a Irlanda tendo embora o seu governo declarado a participação na guerra como ilegal, cerca de 700 irlandeses combateram pelos Nacionalistas comandados pelo General Eoin O'Duffy, um veterano histórico do IRA que na Irlanda presidia os Camisas Azuis, algo entre uma associação de ex-militares e um partido fascista .
O Vaticano apoiou igualmente Franco, pois a Igreja condenava o comunismo - e também porque a política anticlerical do governo da República não lhe oferecia outra alternativa. O papa Pio XI, no entanto, que não tinha simpatias pelo fascismo, e que em 1937 publicaria a encíclica em alemão Mit brennender Sorge ("Com profunda preocupação"), condenando a ideologia nazista, não chegou jamais a oferecer um apoio incondicional ao campo franquista. No País Basco- que ficou isolado do restante da zona republicana desde o início da guerra - grande parte do clero católico colocou-se ao lado do nacionalismo basco e pela República, escapando assim à sorte dos seus análogos no restante do território republicano, onde as igrejas foram saqueadas e os padres perseguidos como agentes do fascismo. Pelo menos uma figura do alto clero espanhol, o cardeal-arcebispo de Tarragona Vidal y Barraquer - que havia sido exilado na Itália pela Generalitat republicana catalã - tentou realizar esforços por uma paz negociada, o que lhe valeu o desprazer constante do governo franquista, que impediu o seu retorno a Espanha até à sua morte em 1943, na Suíça. De certo modo, a divisão no interior do catolicismo mundial encontra-se bem descrita num artigo, muito posterior, do escritor e católico integrista brasileiro Gustavo Corção que relata como um grupo de padres bascos, buscando entrevistar-se com Pio XI para conseguirem um protesto seu contra as perseguições franquistas ao clero basco, teria sido impedido de conferenciar com o pontífice pelo seu Secretário de Estado, o cardeal Pacelli - que, mais tarde, como papa Pio XII, seria objeto de fortes controvérsias quanto a sua postura em relação ao fascismo. O mesmo Pio XII, tendo sido elevado ao papado durante o término da Guerra Civil, saudou o fim da guerra com a vitória nacionalista no documento Com imenso gozo e em discurso radiofônico de 18 de abril de 1939.
Em 11 de maio de 2001, o papa João Paulo II procederia à beatificação de 233 vítimas religiosas da repressão republicana. Uma nova beatificação de outras 498 vítimas seria proclamada por Bento XVI em 28 de outubro de 2007.Esta última beatificação, que não foi celebrada pelo próprio papa, não sendo incluída, entre suas celebrações litúrgicas, foi, no entanto, a maior beatificação da história da Igreja Católica. O papa declarou, na ocasião, a importância do martírio como testemunho de fé numa sociedade secularizada. Continuam sem solução os protestos dos parentes das vítimas das repressões nacionalistas ao clero basco contra o que consideram falta de reconhecimento da hierarquia católica
As tropas republicanas receberam ajuda internacional, proveniente da URSS (alguns assistentes militares e material bélico) e das Brigadas Internacionais composta de militantes de frentes socialistas e comunistas de todo o mundo e de numerosas pessoas que a título individual entravam na Espanha a defender o governo da República. Vários intelectuais europeus e americanos participaram deste esforço, nomeadamente o romancista americano Ernest Hemingway, o escritor inglês George Orwell, o poeta também inglês W. H. Auden, os escritores franceses André Malraux e Saint-Exupéry e a matemática, católica e activista política, também francesa, Simone Weil. Dos brasileiros que lutaram nas Brigadas - principalmente militares comunistas de prévia militância na Aliança Nacional Libertadora - celebrizar-se-ia, sobretudo, Apolônio de Carvalho, cuja atuação nas Brigadas seria seguida, após seu internamento na França, pela sua participação heróica na Resistência Francesa.
Os governos da Inglaterra e da França optaram por ficar de fora, impondo um embargo geral à exportação de armas à Espanha. Oficialmente, este embargo foi furado pela Alemanha e pela Itália, e não levou a qualquer conseqüência, na ausência de sanções impostas pela Liga das Nações).


A política de Stalin e a derrota da República

Assinatura de Franco, anunciando o fim da guerra Para os anarquistas e outros críticos de Extrema Esquerda, boa parte da culpa da derrota do campo republicano espanhol pode ser creditada à política de Josef Stalin, que, desejoso da vitória da República, mas temendo que esta vitória levasse a uma revolução socialista na Espanha que criasse complicações diplomáticas à União Soviética -pois um "Outubro Espanhol" criaria uma divisão ideológica na Europa Ocidental que atuaria contra a política de uma Frente Popular antifascista que era o grande objetivo de Stalin à época - foi capaz apenas de realizar uma ajuda militar tímida, pelo envio de alguns militares, aviões e armas (por estas exportações de armas, Stálin fêz-se pagar com a reserva de ouro do Banco Central Espanhol). Segundo este ponto de vista, instalou na Espanha uma série de agentes da sua polícia secreta, o GPU, que desencadeou uma política de repressões indiscriminadas contra militantes de Extrema Esquerda, anarquistas e trotskistas, visando conter a Guerra Civil dentro de um marco democrático-liberal. O ponto alto destas repressões foi a prisão e morte sob tortura de Andreu Nin, dirigente catalão do semi-trotskista POUM - Partido Operário de Unificação Marxista. Para cúmulo, Stálin ainda encarcerou e matou como traidores os executantes desta política (tais como o velho bolchevique Antonov-Ovssenko, que havia comandado em 1917 a tomada do Palácio de Inverno do tsar em São Petersburgo) quando do seu retorno à URSS, de modo a impedir o questionamento de sua política espanhola.E Isaac Deutscher sumariza: ao tentar preservar a respeitabilidade burguesa da Espanha republicana, sem querer antagonizar as democracias liberais européias, Stalin não preservou nada e antagonizou a todos: a causa da revolução socialista foi perdida, sem que a Direita européia, por um momento sequer, deixasse de ver em Stalin o agitador revolucionário.
Teve fim a guerra com a conseqüência da morte de mais de 400 mil espanhóis e uma queda enorme na economia, como a morte de mais da metade do gado,a queima de vários campos e milhões de moradias destruídas. Um abalo financeiro e queda do PIB que demorou quase 30 anos para se normalizar. Outras fontes ressaltam a dificuldade em quantificar o número de mortos por causa da guerra originada pelo chamado "Movimiento Nacional", mas colocam o dado para todo o período do franquismo de mais de 2 milhões de pessoas mortas sob o regime fascista.

Resumão da História do Brasil

  • Brasil em Resumo – História

    · Descobrimento e Colonização

    Descobrimentos Portugueses (1487 - 1497)


Nos séculos XV e XVI, Portugal era um reino ibérico com somente um milhão de habitantes, cercado pelo Oceano Atlântico e por uma Casa de Castela hostil na retaguarda. Depois de anos de luta contra a ocupação moura, os portugueses voltaram sua atenção e energia para o mar e o que viesse d'além mar. Enquanto os espanhóis partiram em busca de uma rota para o Oriente, viajando em direção ao oeste, os portugueses optaram pela chamada "Rota do Sul", ao longo da costa africana. Alcançado o Cabo da Boa Esperança, em 1487, os portugueses foram dirigidos pelo navegador Vasco da Gama, através do Oceano Índico, para descobrir a rota marítima para o longínquo Oriente, em 1497. Eles já sabiam da existência de terras através do Atlântico e haviam feito algumas expedições a oeste antes da descoberta das Antilhas, por Colombo, em 1492. Guardaram esse conhecimento em segredo, entretanto, de maneira a evitar a ambição da Espanha, Inglaterra e França. Para uma nação pequena, o segredo era o único método disponível para salvaguardar as recompensas das explorações corajosas e bem-sucedidas da ambição de rivais marítimos mais poderosos.
O Tratado de Tordesilhas (1494) definiu a questão da posse das novas terras entre Espanha e Portugal. Foi feito um acordo no qual os territórios compreendidos a leste de um meridiano situado 370 léguas a oeste das Ilhas de Cabo Verde pertenceriam a Portugal, enquanto as terras localizadas a oeste dessa linha ficariam com a Espanha. Tal linha imaginária, de pólo a pólo, atravessou a parte oriental da América do Sul e constituiu a primeira fronteira do Brasil, embora a descoberta formal, por Pedro Álvares Cabral, só tenha acontecido seis anos mais tarde, em 1500.


  • Primeiras Colônias (1530 - 1549)

A viagem de Cabral foi logo seguida por outras expedições portuguesas. A riqueza mais explorável que os primeiros colonizadores aqui encontraram foi um tipo de madeira, o pau-brasil, que produzia uma tintura vermelha e roxa, do qual deriva o nome do País.
A ocupação organizada só teve início em 1530, quando Portugal enviou os primeiros colonizadores, com animais domésticos, plantas e sementes, para o estabelecimento de colônias permanentes. As colônias implantadas no Nordeste foram consolidadas. São Vicente, no litoral do atual estado de São Paulo, foi fundada em 1532, e a cidade de Salvador, mais tarde escolhida como sede do Governo Geral, foi fundada em 1549. O território era esparsamente habitado por tribos indígenas, algumas pacíficas e outras, especialmente no interior, hostis e ameaçadoras.
À medida que se expandia a colonização, tornou-se necessário o estabelecimento de um sistema administrativo. Como primeiro passo, a Coroa Portuguesa criou as Capitanias Hereditárias. Quatorze dessas Capitanias - algumas maiores que Portugal - foram instaladas em meados do século XVI, e seus beneficiários, chamados donatários, tornaram-se responsáveis pela sua defesa e desenvolvimento. O sistema de Capitanias durou tempo suficiente para influenciar a configuração territorial e política do Brasil moderno.




· O Período Colonial

O litoral úmido e fértil do que é hoje o estado de Pernambuco mostrou-se adequado para plantação de cana-de-açúcar e também convenientemente localizado como porto para embarcações que viajavam de Portugal para o oeste da África e para o oriente. A cana e a técnica para seu cultivo alcançaram o Brasil provenientes da Ilha da Madeira. Um próspero comércio triangular logo se desenvolveu, baseado na importação de trabalho escravo do oeste da África para as plantações canavieiras. O açúcar era exportado para o mercado europeu, cuja demanda crescente começava a superar os suprimentos das fontes tradicionais.

· União da Espanha e Portugal (1580 - 1640)

Esse desenvolvimento foi interrompido por alguns eventos ocorridos na Europa. Quando o Rei Sebastião de Portugal morreu em 1578, Felipe II da Espanha o sucedeu no título para o trono em Lisboa. De 1580 a 1640, os dois reinos peninsulares foram unidos sob a Coroa Espanhola. Assim, pelo período que durou a união dos dois países, todo o território da América do Sul tornou-se parte do mundo hispânico. Paradoxalmente, a união de Portugal com Espanha, que durou 60 anos, conferiria vantagens inesperadas para sua colônia transatlântica. Na ausência de fronteiras, tanto portugueses como brasileiros começaram a adentrar o vasto interior do País.
O ponto inicial dessa exploração foi a capitania de São Vicente. A partir de sua base em São Paulo, os pioneiros avançaram a fronteira no sentido do litoral para o interior.
Expedições (conhecidas como Bandeiras) à procura de escravos índios abriram seu caminho por entre as florestas, subiram com dificuldade pelas serras e avançaram em direção ao interior. Os expedicionários (bandeirantes) ficaram conhecidos por terem capturado índios de missões jesuítas que se encontravam dispersos pelo interior do País. Os bandeirantes expandiram os limites do futuro Brasil independente.

· Expansão Territorial (1600)

Em 1640, quando os portugueses, no reinado de D. João IV, recobraram sua independência, recusaram-se a abandonar as terras ocupadas e colonizadas a oeste da linha original de Tordesilhas. Contestando o que tinha sido reconhecido, desde então, pelas leis internacionais, como o uti possidetis - o direito derivado não só do título, mas também da "posse pelo uso" -, os portugueses se estabeleceram como os donos legais das terras. A segunda metade do século XVII viu Portugal livre do domínio espanhol, o nordeste do Brasil liberado de 24 anos de ocupação pelas forças holandesas e o enfraquecimento da economia da produção de açúcar do Brasil. O declínio da produção de açúcar foi seguido por um movimento das regiões produtoras em direção aos territórios inexplorados.

· Descoberta do Ouro (1690 - 1800)

A descoberta do ouro foi a mais importante conseqüência das expedições que partiram de São Paulo para o interior. A corrida ao ouro atraiu milhares de pessoas provenientes das plantações do litoral, além de novas levas de imigrações de Portugal. Outras conseqüências foram o crescimento da criação de gado no interior, para prover carne e couro para os centros de mineração, e o surgimento de novas cidades no que é hoje o estado de Minas Gerais. Ao todo, aproximadamente 1.000 toneladas de ouro e 3 milhões de quilates de diamantes foram extraídos da região entre 1700 e 1800. A crescente extração de ouro no Brasil trouxe um ciclo de desenvolvimento importante, que influenciou o curso dos acontecimentos não só na Colônia como na Europa.
Embora o ouro fosse controlado por Portugal e embarcado para Lisboa, ele não permanecia lá. A Inglaterra, de acordo com o Tratado de Methuen, de 1703, supria Portugal com produtos têxteis, que eram pagos com o ouro das minas brasileiras. O ouro brasileiro que ia para Londres ajudou a financiar a Revolução Industrial.
Os produtos ingleses dominaram o mercado brasileiro, acabando com qualquer chance de competição e desencorajando qualquer atividade industrial no Brasil.
Café
O sucesso da mineração de ouro e diamantes, assim como o do plantio da cana-de-açúcar, foi seguido pela ascensão de uma fonte de riqueza ainda mais importante - o café. Assim como a mineração provocou a migração de gente de Pernambuco e da Bahia rumo ao sul, para Minas Gerais, o crescimento das plantações de café fez avançar o povoamento de terras desabitadas mais para o sul. O café chegou pela primeira vez ao Brasil, via Guiana Francesa, no século XVIII. A primeiras plantações foram feitas em regiões bem providas de mão-de-obra escrava no interior do estado do Rio de Janeiro. A abolição da escravatura e a imigração européia para o estado de São Paulo, no final do século XIX, entretanto, fizeram com que as plantações de café fossem formadas mais para o sul, em regiões nas quais as condições do solo, de clima e de altitude combinaram-se para criar condições ambientais ideais. O ambiente favorável, por sua vez, fez do Brasil o maior produtor de café do mundo.
Outro acontecimento importante da metade do século XVIII foi a transferência da sede do Governo Colonial. Após mais de 200 anos em Salvador, a capital foi transferida para o Rio de Janeiro, passando a se localizar mais próximo dos centros populacionais em crescimento nas regiões do sul e de onde era possível controlar a principal rota de acesso a Minas Gerais.


  • · A Independência
    · Sentimento de Nacionalidade

    O papel que coube a Portugal durante o período de seu domínio no Brasil foi o de intermediário entre a colônia produtora e os centros econômicos europeus consumidores. O fato de ter a Inglaterra permanecido como principal parceira comercial de Portugal durante esse período é bastante importante. Vários acordos comerciais foram assinados entre os dois Governos (1642; 1654; 1661; 1703; 1810; 1826) favorecendo sempre o desenvolvimento do mercantilismo inglês por meio da parcela obtida pelo comércio colonial de Portugal. Ao monopolizar o comércio com o Brasil, Portugal reteve parte substancial dos lucros, o que levou a um crescente descontentamento entre os colonos. Desde as invasões holandesa e francesa na região Nordeste, no início do século XVII, vinha-se desenvolvendo em território brasileiro um sentimento nacionalista, adquirido na luta para expulsar os invasores.
    Os movimentos de inquietação, provocados pelo ímpeto de garantir liberdade política, começaram com mais seriedade no início do século XVIII. Embora o conceito de Independência fosse generalizado, alguns movimentos contra as autoridades portuguesas tinham, claramente, proporções regionais. A Conspiração de Minas (Conjuração Mineira), o mais significativo desses movimentos isolados, aconteceu no centro da região de mineração do ouro. Seu entusiasmado líder era um jovem oficial da cavalaria, Joaquim José da Silva Xavier, apelidado "Tiradentes". Tiradentes encontrou apoio principalmente entre os intelectuais, imbuídos dos mesmos ideais de liberdade que inspiraram os Enciclopedistas Franceses e os líderes da Revolução Americana. No entanto, a conspiração foi descoberta e seus líderes receberam sentenças cruéis. Tiradentes foi enforcado em praça pública no Rio de Janeiro. Outros movimentos, alguns dos quais com amplo apoio da população, ocorreram em Pernambuco e Bahia, onde o declínio da economia açucareira agravou os problemas criados pela subordinação a Portugal. Nenhum deles, entretanto, foi suficientemente importante para abalar o domínio de Portugal na época

  • Transferência da Corte Portuguesa para o Brasil (1808 - 1821)

    Em 1808, quando as forças de Napoleão começaram a invadir Portugal, tomou-se a decisão de transferir o Monarca e sua Corte para o Rio de Janeiro, onde permaneceram até 1821. O Goveno Britânico envolveu-se nessa transferência, providenciando os navios necessários para a Família Real, e aproveitou-se da difícil situação de Portugal para obter ainda mais privilégios comerciais.A abertura dos portos brasileiros às nações amigas, em 1808, logo após a chegada de D. João VI, reforçou a dominação inglesa. O acordo deu à Inglaterra o monopólio em novos mercados, com direitos garantidos e preferências comerciais.
    O estabelecimento da administração real na Colônia, pelo período de 14 anos, acelerou a marcha em direção à Independência. A Coroa Portuguesa, consciente ou não, tomou certas medidas que amenizaram a transição para a Independência. A ascensão do Brasil, em 1815, do status de colônia para o de Reino Unido com Portugal, pode ser um exemplo, como também o é o fato de que, embora o domínio de Napoleão tenha terminado em 1815, o rei D. João VI tenha preferido ficar no Rio de Janeiro. Seis anos mais tarde, em 1821, o Rei D. João VI teve que ceder às pressões políticas de Portugal. Retornou a Lisboa, mas deixou o Príncipe no Rio de Janeiro, com o título de Regente Vice-Rei. Na presença de membros da sociedade colonial, o Rei supostamente o advertiu: "Pedro, meu filho, quando chegar a hora, coloque a Coroa em sua cabeça, antes que um aventureiro o faça".

    Proclamação da Independência (1822)

    A oposição irritante dos políticos de Lisboa a essa situação e a influência de conselheiros brasileiros atraíram o jovem príncipe para a causa da Independência. Em um período de menos de um ano após o retorno do Rei para Portugal, em 7 de setembro de 1822, o Príncipe da Coroa proclamou a Independência do Brasil como um Império e se fez coroar solenemente como Imperador Pedro I, em 1º de dezembro de 1822. O mentor intelectual da Independência brasileira foi José Bonifácio de Andrada e Silva, um destacado geólogo e escritor brasileiro, que se tornou o mais importante e confiável dos conselheiros do Príncipe. Enquanto os Vice-Reinos espanhóis na América tiveram que lutar veementemente por sua Independência (terminando em 18 repúblicas distintas), Portugal e Brasil resolveram a questão por meio de negociação, tendo a Grã-Bretanha como mediadora.
    A dominação Inglesa, já fortalecida pelas políticas de liberalismo econômico, se tornou ainda mais completa após a Independência. Como condição para o reconhecimento da soberania brasileira, o Governo britânico obteve a revalidação e a expansão dos privilégios de 1810, o que confirmaria a dependência da economia brasileira ao centro mundial do comércio. Após um período de turbulência (1822-1824), o Brasil tornou-se Império sob Dom Pedro I que, entretanto, continuou a ser também sucessor ao trono português.




    · O Império
    · Pedro I (1822-1831)

    O primeiro administrador do Brasil independente tinha uma personalidade marcante. Ele deu contribuição importante para a evolução política e social do século XIX, propiciando ao Brasil, em 1824, e a Portugal, dois anos mais tarde, constituições extremamente avançadas para a época, as quais quebravam o tabu do direito divino dos Reis. Em 1826, com a morte de D. João VI, Dom Pedro herdou o reinado de seu pai. Entretanto, abdicou ao trono de Portugal em favor de sua filha, Maria da Glória, ainda criança, que se tornou a Rainha Maria II. Em 1831, abdicou ao trono do Brasil em favor de seu filho, Dom Pedro II, que era menor de idade. Tal decisão, tomada em parte por divergências com o parlamento brasileiro, foi motivada também por um espírito de aventura que o levou de volta a Portugal para destronar seu irmão, Miguel, que havia usurpado o trono da jovem Rainha Maria.

    Pedro II (1831-1889)

    Diferentemente de seu pai, D. Pedro II cresceu para se tornar um monarca rigoroso, sóbrio e preparado. Durante seu reinado de meio século, o Brasil alcançou maturidade política e cultural e a unidade do vasto país foi firmemente assegurada. Instituições sociais e políticas se desenvolveram tranqüilamente e atingiram estabilidade. Uma administração competente foi criada, a escravidão progressivamente eliminada, até sua completa abolição em 1888. Promoveu-se a imigração européia e planos de renda e de saúde foram levados a efeito em escala nacional. A influência exercida pelo Imperador sobre o povo e instituições do País contribuiu para que a transição de Monarquia para República, que ocorreria mais tarde, se desse sem derramamento de sangue.


· A República
· Fim do Império: Abolição da Escravatura (1888)

A abolição da escravatura é freqüentemente citada como a causa mais imediata para a queda da Monarquia. Com o imperador na Europa, sua filha, a Princesa Isabel, atuava como Regente. No dia 13 de maio de 1888, diante do colapso da escravatura como um sistema funcional e cedendo a pressões dos abolicionistas, ela assinou a chamada "Lei Áurea", que aboliu a escravatura no Brasil. A abolição foi, na realidade, resultado da antiga política britânica de pressionar o Governo brasileiro para encerrar o comércio de escravos. A luta contra esse comércio ocorreu em função dos planos de expansão das produções nas colônias britânicas (açúcar), favorecendo, portanto, o crescimento do capitalismo industrial britânico. Convém notar que, ao final do século XIX, a escravidão no Brasil declinou sob pressão dos trabalhadores imigrantes, cujos salários custavam menos que manter escravos. Entretanto, a "Lei Áurea" desencadeou uma reação entre os donos de escravos, que rapidamente erodiu as bases políticas da Monarquia. Após alguns meses de crise no Parlamento, o Imperador foi deposto no dia 15 de novembro de 1889, por um movimento militar que proclamou o fim da Monarquia e o estabelecimento da República. A transformação institucional, embora profunda, foi sem derramamento de sangue. Embora tratados com merecido respeito, o Imperador e sua família foram convidados a deixar o País. Acompanhados por alguns amigos mais próximos, foram para o exílio na França. Muitos líderes do País emprestaram seu apoio e colaboração ao novo regime, entre eles um dos maiores estadistas do Brasil, o Barão do Rio Branco. Sua sabedoria e habilidade diplomática capacitaram o País a encerrar, por tratados ou arbitragem, praticamente todas as suas disputas de fronteiras.

Federação e Sistema Presidencialista

A República recém-criada adotou um sistema federativo de governo, que mantém as mesmas características até os dias de hoje. Na federação, as províncias do Império foram transformadas em estados. O sistema parlamentarista foi substituído pelo presidencialista. O Governo do Estado passou a ser exercido pela ação de três poderes constituídos: Executivo, Legislativo e Judiciário. A mesma estrutura foi adotada em nível estadual. Os Presidentes eleitos sob as leis do sistema constitucional vigente governaram sucessivamente até 1930.

· Revolução de 1930 e o "Estado Novo" (1930-1937)

A chamada "República Velha" durou até 1930, quando, pela primeira vez, o Governo foi tomado à força. O principal objetivo do vitorioso movimento revolucionário encabeçado por Getúlio Vargas era a reforma de um sistema eleitoral e político que, na falta de partidos nacionais fortes, havia eleito presidentes apoiados pelos governadores dos estados líderes de São Paulo e Minas Gerais. Os governadores, por sua vez, asseguraram as eleições de representantes no Congresso, que fossem empenhados em perpetuar a política do Governo central. Getúlio Vargas, que governou o Brasil durante os 15 anos seguintes, conquistou o poder numa época difícil. O País sentia os efeitos da recessão mundial, que reduziu drasticamente o preço do café. A cena política interna viu-se afetada não somente pela crise financeira resultante mas, também, à medida que a década avançava, por choques entre minorias militantes inspiradas pelas idéias trazidas, por um lado, da Alemanha nazista e da Itália facista e, por outro, pela ideologia comunista oriunda da União Soviética.
Autoridade e Mudança
Em 1934, após a consolidação do regime de Vargas, foi elaborada uma nova Constituição que ampliou o direito de voto e passou a permitir o voto feminino. No final de 1937, antes das eleições presidenciais, o clima político exaltado e as atividades desagregadoras levaram o Presidente Vargas a declarar estado de emergência no País. À declaração se seguiu a dissolução do Congresso, com Vargas assumindo poderes extraordinários para governar por decreto, sob uma Constituição autoritária. Embora fossem tempos difíceis, algumas políticas importantes foram adotadas, como a da introdução de uma legislação avançada de bem-estar social e a reforma do sistema educacional, além de se verificar progresso substancial da industrialização, que incluiu a construção da primeira usina de aço do Brasil (1942-1946).
Quando a Segunda Guerra Mundial começou, o governo de Vargas não poderia ignorar a preferência espontânea da maioria dos brasileiros pelos aliados. O sentimento popular, aguçado pelas ações hostis das embarcações alemãs fora da costa do Brasil, forçaram o Presidente a abandonar a neutralidade. Em agosto de 1942, Vargas declarou guerra às potências do Eixo. O Brasil equipou 25.000 homens da Força Expedicionária que, juntamente com o 5º Exército Americano, lutaram na Itália. O Brasil foi o único país americano, fora os Estados Unidos e o Canadá, a enviar forças armadas para o campo de guerra europeu.



· Brasil Pós-Guerra
· Brasil Moderno

Com a aproximação do fim da guerra na Europa, Vargas foi forçado a renunciar, tendo sido marcadas eleições para a escolha de seu sucessor. Comparecendo às urnas pela primeira vez em 15 anos, o eleitorado deu a maioria de seus votos ao General Eurico Gaspar Dutra, que havia sido Ministro do Exército no Governo Vargas durante a guerra. Uma nova Constituição foi aprovada pela Assembléia Constituinte em 1946, mantendo-se em vigor até 1967. O mandato de Dutra durou até 1951. Durante esse período, Vargas, que estava exilado em sua fazenda no Rio Grande do Sul, preparou-se para as eleições, vindo a colher os méritos de suas medidas progressistas no campo do bem-estar social e legislação trabalhista. Ao final do mandato de Dutra, Vargas foi constitucionalmente eleito Presidente da República. Em 1954, em meio a intensa crise política, Vargas suicidou-se com um tiro de revolver no peito.
Assume a Presidência o Vice de Vargas, João Café Filho, governando de 24/8/1954 a 9/11/1955, quando deixa o cargo por motivo de saúde. Carlos Luz governa, então, durante poucos dias e é deposto pelo ministro da Guerra, General Henrique Teixeira Lott. O Presidente do Senado Nereu Ramos assume o cargo até a posse do Presidente eleito:

· Juscelino Kubitschek de Oliveira, a 31/1/1956.

O Brasil viveu expansão econômica acelerada durante os cinco anos do governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), o fundador de Brasília. Foi sucedido pelo Presidente Jânio Quadros, que renunciou com menos de um ano de mandato. Assumiu a Presidência o então Vice-Presidente João Goulart, que prestou juramento como Presidente somente após o Congresso aprovar, em caráter de urgência, o sistema parlamentarista de governo, que reduzia drasticamente os poderes presidenciais. Em plebiscito ocorrido quatro meses mais tarde, os eleitores decidiram pela volta do antigo sistema presidencialista. Uma inflação muito alta e a polarização política entre esquerda e direita levaram a dois anos e meio de instabilidade social e política e crise econômica. Temendo a postura ideológica de Goulart, que contrariava os interesses da elite, os militares tomaram o poder em 31 de março de 1964.

· Movimento de 1964

O período de 1964 a 1985 foi de domínio militar, amenizado após 1979. Nesse período, cinco presidentes militares governaram o País. O primeiro, Castello Branco, chegou ao poder com o apoio de uma onda de sentimento anticomunista. Seu principal desafio foi estabilizar a situação política e econômica do País. Com esse objetivo o Governo conquistou poderes e mecanismos adicionais através de emendas complementares à Constituição. Durante os 15 anos que se seguiram, de 1968 a 1983, o Governo baixou vários Atos Institucionais que eram, na realidade, decretos presidenciais. Muitos dos direitos coletivos e individuais foram suspensos. Medidas de austeridade afetaram a vida política e econômica. As negociações coletivas foram eliminadas, greves tornaram-se ilegais e manifestações da classe trabalhadora foram proibidas.
Por volta de 1968, no mandato do Presidente Arthur da Costa e Silva, as estratégias econômicas pareciam funcionar. A inflação foi contida e firmas estrangeiras começaram a fazer novos investimentos, confiantes na estabilidade do Governo. Politicamente, entretanto, em virtude do contínuo arbítrio, o Governo foi-se tornando cada vez mais repressivo. O Presidente Costa e Silva renunciou por motivo de doença, tendo sido imediatamente sucedido pelo General Emílio Garrastazu Médici. Entre os anos de 1967 e 1974, o Brasil desfrutou de uma das maiores taxas de crescimento econômico do mundo, tendo o crescimento real medido pelo Produto Interno Bruto (PIB) alcançado 14% em 1973. Em meados dos anos 70, o General Ernesto Geisel, que era então Presidente, prôpos um período de liberalização política que, gradativamente, levaria à democracia. Em 1979, o General João Batista Figueiredo tornou-se Presidente.
Iniciou-se então o processo de "abertura", quando foram resgatados direitos políticos anteriormente revogados. Muitos exilados políticos retornaram ao País. Foi um ano marcado também por grande aumento da pressão popular pela redemocratização. Figueiredo manteve firme o processo de abertura. Em 1982, os governadores de estados foram eleitos diretamente pela população, fato que não ocorria desde 1965.
Redemocratização (1985-1989)
Em 1984, aconteceram manifestações pelo País inteiro, defendendo o estabelecimento de eleições diretas para a escolha do novo Presidente. Em janeiro de 1985, Tancredo de Almeida Neves foi escolhido Presidente por um Colégio Eleitoral. Sua eleição foi significativa não somente por ser o primeiro Presidente civil eleito após 21 anos, mas também porque foi o candidato de uma coalizão de oposição. No dia 14 de março de 1985, na noite anterior à sua posse, Tancredo foi levado às pressas para o hospital em razão de uma doença da qual já vinha sofrendo por vários meses. O Vice-Presidente José Sarney assumiu então a presidência. Com o falecimento de Tancredo, semanas depois, José Sarney fez seu juramento como Presidente, prometendo realizar o que Tancredo Neves havia prometido. A prioridade do Presidente Sarney foi a de reunir a Assembléia Nacional Constituinte para elaborar uma nova Constituição. Nunca na história do Brasil houve tanta participação popular na elaboração de uma Constituição. Após 18 meses de discussões e deliberações, a nova Constituição foi promulgada em 5 de outubro de 1988.

Consolidação da Democracia (1989-1998)

Fernando Collor de Mello foi eleito Presidente em novembro de 1989, na primeira eleição direta desde 1960. Em 29 de setembro de 1992, sob alegação de corrupção em seu governo, Collor teve o mandato suspenso pela Câmara dos Deputados por um período de 180 dias, sendo submetido ao "impeachment" pelo Senado, que decidiu removê-lo permanentemente do poder. No dia 29 de dezembro de 1992, minutos após ser formalmente acusado de corrupção, Collor renunciou. Mesmo assim, a maioria do Senado decidiu pelo "impeachment". Três horas mais tarde, Itamar Franco, o Vice-Presidente, prestou juramento como Presidente, para cumprir os dois anos restantes do mandato de cinco anos de Collor. O "impeachment" de Collor pela Câmara dos Deputados, seu julgamento pelo Senado e sua renúncia marcam um novo capítulo na história política do Brasil.
Em 3 de outubro de 1994, quase 94 milhões de brasileiros foram às urnas para eleger o Presidente Fernando Henrique Cardoso pelo período de 1995 a 1998, com maioria de 53% de votos. O Presidente eleito, um dos mais importantes cientistas sociais brasileiros, assumiu o governo com a determinação de manter a continuidade do programa de estabilização econômica iniciado durante o período em que foi Ministro da Fazenda no governo do Presidente Itamar Franco, com o desafio de também promover mudanças econômicas e sociais como a liberalização da economia e reformas nas áreas fiscal, administrativa e agrária. No dia 4 de outubro de 1998, cerca de 106 milhões de eleitores voltaram às urnas no País e reelegeram, também em primeiro turno, o Presidente Fernando Henrique Cardoso, para novo mandato de quatro anos.
Uma síntese da história do Brasil

· Período colonial

Os portugueses chegaram à costa brasileira em abril de 1500, por meio de uma expedição marítima comandada por Pedro Álvares Cabral. Aqui encontraram tribos indígenas as quais procuraram atrair ou liquidar pela força das armas.
Até meados do século XVI, o Brasil não ocupou lugar prioritário nos planos de expansão da Coroa portuguesa, à época voltada para o comércio com as Índias. Uma primeira tentativa de colonização foi realizada pelo rei Dom João III, através da criação das chamadas capitanias hereditárias. Ao longo da costa atlântica, estabeleceu-se uma série de unidades territoriais distribuídas a donatários provenientes, em sua maioria, da pequena nobreza metropolitana.
De um modo geral, a experiência fracassou por causa das dificuldades econômicas e dos ataques das populações indígenas. Por considerações geopolíticas, a Coroa portuguesa decidiu então implantar um sistema centralizado de governo - conhecido como Governo Geral - com sede em Salvador, atual capital do Estado da Bahia (1549). Apesar dessa iniciativa, o raio de ação dos governadores gerais era muito limitado, na medida em que tinham que lidar com uma população dispersa em uma vasta extensão de terra.
O interesse de Portugal na exploração da colônia cresceu quando se esgotaram as possibilidades de expansão da plantações de cana-de-açúcar nas ilhas atlânticas da costa da África. Esse fato coincidiu com o crescimento gradual do consumo de açúcar na Europa ocidental. A produção açucareira foi implantada em grandes unidades territoriais do nordeste brasileiro (Pernambuco e Bahia), constituindo-se o pólo principal de uma economia agroexportadora.
A economia do açúcar gerou a primeira diferenciação social relevante da colônia, que se estabeleceu entre produtores e comerciantes exportadores, cuja rivalidade marcaria o período colonial. No comércio internacional, os portugueses foram superados pelos holandeses, que controlavam os mercados de distribuição do produto na Europa.
O êxito da produção açucareira dependia da solução do problema da mão-de-obra. No início, os colonizadores optaram por escravizar os índios, com resultados precários. As populações indígenas, em seus primeiros contatos com os europeus, foram atacadas por enfermidades que ocasionaram uma catástrofe demográfica. Além disso, resistiram à submissão dentro de um território que conheciam como próprio. Por outro lado, a Igreja estava contra a escravidão, pois tinha como objetivo a conversão dos índios à fé católica. Por volta de 1570, os portugueses começaram a importar escravos africanos, que se converteram na base de exploração da força de trabalho. Esse mesmo tráfico de escravos transformou-se em um dos negócios mais lucrativos da colônia.
O território brasileiro expandiu-se enormemente em direção ao oeste do continente sul-americano graças à ação dos bandeirantes, durante o decorrer do século XVII. Partindo da região de São Paulo, esses desbravadores realizavam extensas expedições, formadas por índios sob seu controle, em busca de pedras e metais preciosos, capturando outros índios com o propósito de submete-los à escravidão. Na prática, essa expansão invalidou o Tratado de Tordesilhas, firmado por Portugal e Espanha (1494). Os Tratados de Madrid (1750) e de Santo Ildefonso (1777) fixaram novos limites para as possessões de ambos os países na América do Sul.
Os bandeirantes descobriram ouro na região de Minas Gerais e deram início a um grande movimento de busca de minerais preciosos nessa região da colônia. A exploração de ouro e diamantes, a partir do final do século XVII, determinou mudanças em muitos aspectos da empresa colonial. A economia açucareira passou a segundo plano; o ouro extraído por Portugal entrou em um circuito pelo qual foi parar nas mãos da Inglaterra, devido à situação de dependência dos portugueses em suas relações comerciais com esse país.
Por outro lado, a economia do ouro gerou essa grande leva migratória de portugueses e atraiu habitantes de outras regiões da colônia, dando origem a uma significativa concentração urbana. O legado desse movimento configura-se nas cidades históricas de Minas Gerais, entre as quais Ouro Preto é a mais conhecida. O eixo da vida socio-econômica deslocou-se para o centro-sul, como indica a mudança da capital da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro.
A luta contra os holandeses que ocuparam a Bahia e Pernambuco durante a primeira metade do século XVII, e a diferenciação social acompanhada pela progressiva crise econômica da região mineira foram fatores importantes na formação de um sentimento nacional entre a elite "crioula" e a população em geral. Movimentos contra a dominação colonial, gerados principalmente por problemas regionais, surgiram em áreas como Minas Gerais e Pernambuco. De um modo geral, tais movimentos propagaram uma ideologia liberal, inspirada nas revoluções norte-americana e francesa.
A transferência da família real de Portugal para o Brasil foi um acontecimento decisivo na vida da colônia, tendo influenciado diretamente a forma de transição até a independência. Diante da invasão napoleônica ao território português, o príncipe regente (o futuro Dom João VI) transferiu-se, em 1808, com toda a corte, para o Rio de Janeiro, de onde anunciou, ao chegar, a "abertura dos portos brasileiros ao comércio com todas as nações amigas". Durante a longa permanência da corte (1808-1821), a colônia, de certa forma, transformou-se em metrópole. A Coroa portuguesa adotou uma política de intervenção na Bacia do Prata, opondo-se à luta de independência do Uruguai, comandada por Artigas.
Por outro lado, a presença do rei, associada à urbanização do Rio de Janeiro, reforçou o prestígio da monarquia. Quando as rivalidades entre Brasil e Portugal exacerbaram-se, logo após o regresso de Dom João VI à Europa, a elite concentrada no Rio de Janeiro e o príncipe regente, Dom Pedro, conseguiram proclamar a independência com um mínimo de lutas, preservando a forma monárquica. Por essas características, o processo de independência do Brasil diferenciou-se daqueles verificados nas colônias espanholas da América.

· Período monárquico

O regime monárquico perdurou entre 1822 e 1889, dividindo-se, do ponto de vista político, em três etapas: a da ascensão ao trono, de Dom Pedro I, até sua abdicação, em 1831; a da regência, na qual o país foi governado por "regentes", durante a espera da maioridade do filho de Dom Pedro I; e do reinado deste último, Dom Pedro II, entre 1840 e 1889.
Durante o século XIX, a monarquia brasileira voltou-se para o contexto sul-americano, intervindo nas lutas contra Rosas, na região do Prata, e surgiu como protagonista na Guerra do Paraguai, também chamada de Guerra da Tríplice Aliança, o conflito armado mais sério entre países da América do Sul em toda a sua história.
No plano interno, a grande questão foi a da escravidão. Durante muito tempo, o Brasil resistiu às pressões antiescravagistas por parte da Inglaterra, até que foi induzido a terminar com o tráfico internacional, em 1840. A partir daí, foram promulgadas algumas leis para a libertação dos escravos, até a abolição final da escravatura, em 1888, quando o problema da mão-de-obra, no pólo principal da economia agroexportadora, já se encontrava praticamente resolvido.
De fato, a partir de meados do século XIX, a produção de café, concentrada nas províncias do Rio de Janeiro e, sobretudo, de São Paulo, havia iniciado uma sensível ascensão, incentivada pelo incremento do consumo desse produto nos Estados Unidos e na Europa. O cultivo estabeleceu-se em grandes fazendas que tinham como base a mão-de-obra escrava. Na medida em que se evidenciaram que as relações escravagistas estavam com os dias contados, os fazendeiros de São Paulo impuseram uma política que favoreceu a imigração, sobretudo de italianos e espanhóis. Desse modo, o fim da escravatura, com algumas exceções, não acarretou a ruína da agricultura baseada no cultivo do café.
A eliminação das relações escravagistas de trabalho quase coincidiu com a queda do Império, ocorrida em 1889. A crise do regime monárquico foi resultado das insatisfações do exército e da burguesia vinculada ao café. O exército, que sempre havia sido tratado como uma instituição de importância secundária pela monarquia, ganhou força com o papel desempenhado na guerra com o Paraguai, ao mesmo tempo que militares influenciados pelas idéias positivistas começaram a criticar o regime de trabalho escravo e o atraso do país. A burguesia cafeeira, por sua vez, buscava um regime político descentralizado, que garantisse às províncias um extenso campo de ação, tanto na esfera econômica como na política.
A queda do regime monárquico deu-se sem maiores convulsões, através de um levante militar liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca. A elite política civil triunfa em seus objetivos de implementar-se uma República Federativa, conforme ficou estabelecido na Constituição de 1891. As antigas províncias constitucionais - denominadas Estados - alcançaram grande autonomia. Podiam, por exemplo, obter empréstimos no exterior - uma prerrogativa vital para os negócios cafeeiros - e constituir força militar própria.


· Período republicano: a república velha

O período da primeira república (1889-1930) caracterizou-se pela importância da economia agroexportadora, com o café como principal produto, e pelo controle oligárquico do poder. A elite política constituía um "clube de notáveis" que elegia, a cada quatro anos, o presidente da República. Nesse processo, destacavam-se as elites de São Paulo, Minas Gerais e, gradualmente, as do Rio Grande do Sul. As eleições, caracterizadas pela fraude, pois o voto não era secreto, contavam com uma baixa freqüência de eleitores, que oscilava entre 1 e 5% da população.
A crise do sistema oligárquico foi resultado da falta de entendimento entre as elites e do descontentamento dos quadros militares, sobretudo dos estratos intermediários, denominados "tenentes", defensores da centralização do poder. Em outubro de 1930, uma revolução levou ao poder um político proveniente do Rio Grande do Sul: Getúlio Vargas. O nome de Vargas passa a associar-se à modernização do país e a uma mudança de estilo na política, pela qual o "clube dos notáveis" cede lugar a uma "presidência carismática".

· A Era Vargas

Vargas esteve à frente do país como chefe de um Governo Provisório (1930-1934), como presidente eleito por voto indireto do Congresso (1934-1337) e como ditador, após o golpe do Estado Novo (1937-1945). Voltou ao poder como presidente eleito em 1951, porém não conseguiu completar seu mandato, interrompido com seu suicídio em 1954.
O Brasil foi um dos primeiros países a superar os efeitos da crise de 1929, combinando uma política de queima de estoques de café com o desenvolvimento da indústria. A implantação de um setor industrial foi facilitada pela grande disponibilidade interna de mão-de-obra, que substituiu a imigração internacional. Vargas não tomou medidas para alterar as condições de trabalho vigentes no campo, mas promulgou uma extensa legislação que concedeu aos trabalhadores urbanos vantagens como a estabilidade no emprego, direito a férias, etc., ao mesmo tempo que engendrou estrito controle do Estado sobre os sindicatos.

O período democrático

A queda de Vargas, em outubro de 1945, está relacionada à conjuntura internacional. Apesar da oscilação em sua política externa, o governo brasileiro acabou inclinando-se por uma aliança contra as potências do Eixo. O Brasil enviou uma Força Expedicionária à Europa, que lutou nos campos da Itália. O contraste entre a luta pela democracia na frente externa e a vigência de uma ditadura dentro do país estimulou setores da classe média com poder de mobilização (estudantes, jornalistas, etc.) a lutarem pela queda de Vargas. Além do mais, a opção deste por uma política populista converteu-o em persona non grata para uma parte da cúpula das Forças Armadas.
O prestígio de Vargas pôde ser medido pelo seu êxito nas eleições de 1950. Entretanto, sua política nacionalista, cujo ponto mais alto foi a instituição do monopólio do petróleo (Petrobrás) e o incentivo à sindicalização dos trabalhadores, apesar de oscilante, deu origem a uma forte campanha anti-Vargas, levada a cabo por setores das Forças Armadas, com base social na classe média. As pressões contra Vargas, acusado, entre outras coisas, de promover uma "República sindicalista", em aliança com Perón, levaram-no ao suicídio.
Dois aspectos, ao menos, devem ser destacados entre o período que vai do suicídio de Vargas até a implantação de uma ditadura militar em 1964. Do ponto de vista econômico, o presidente Juscelino Kubitschek (1956-1960) - cujo nome está ligado à construção de Brasília - iniciou a transição de uma política nacionalista para outra de cunho "desenvolvimentista", tratando de garantir a expansão econômica apoiada no ingresso de capitais estrangeiros. Isso ficou claro, por exemplo, na forma de implantação da indústria automobilística.
Do ponto de vista político, a súbita renúncia de Jânio Quadros, sucessor de Kubitschek, abriu caminho para o descontrole que conduziu ao golpe de março/abril de 1964. A liquidação do regime democrático foi acompanhada de radicalização de posições, tanto da esquerda como da direita, e com a intensificação dos movimentos sociais, até mesmo no campo. Além disso, concorreu para o colapso da aliança populista entre o Estado, a classe trabalhadora organizada e a burguesia nacional.

· O regime militar

O regime autoritário instalado no Brasil teve alguns aspectos característicos. Em primeiro lugar, não existiu uma ditadura unipessoal, já que diferentes generais se sucederam ao longo dos anos, por períodos pré-fixados. Em segundo lugar, apesar de terem sido suprimidas as liberdades políticas e de as arbitrariedades fazerem parte do cotidiano, o Congresso continuou funcionando, na forma de sistema bipartidário, sob controle.
Ao mesmo tempo que aumentaram a concentração de renda e a dívida pública, a modernização do país deu passos importantes, a exemplo da área de telecomunicações, do setor financeiro e da diversificação da pauta de exportações.
A crise do regime autoritário deveu-se a uma série de fatores, entre os quais a crise econômica e fiscal, acrescentada das exigências de implantação de uma ordem democrática, clamadas por parcelas de uma sociedade que se tornara mais complexa e ativa.

Transição e consolidação democrática

A transição do Brasil para a democracia foi longa e resultou de um acordo entre uma facção política que apoiava o regime militar e a oposição mais moderada. A eleição de Tancredo Neves, por via indireta, pelo Congresso Nacional (1984), pode ser encarada como a data simbólica da democratização.
A partir daí, seguiram-se o episódio dramático da morte de Tancredo Neves, sem que chegasse a assumir a presidência, o governo de seu Vice-Presidente, José Sarney, e a primeira eleição direta do país, após quase trinta anos, que levou ao poder Fernando Collor. O impeachment deste, associado às acusações de corrupção, representou um fato triste, porém, ao mesmo tempo, revelador das pressões tendentes à moralização dos costumes políticos.
O atual presidente, Fernando Henrique Cardoso, prossegue com êxito a redução da inflação (Plano Real) e amplia a reforma do Estado, enfrentando, por vezes, difíceis desafios na área social, sem solução a curto prazo.