quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Frase que marcou a História

"Se você não está pronto para morrer por alguma coisa,você não está pronto para viver".(Martim Luther King)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

FOTOS DA OLGA






Olga Benario

Olga Benario

Mulher linda, alta, de cabelos escuros e olhos azuis, Olga nasceu em Munique, cidade alemã. Desde cedo participou de atividades comunistas e, graduada pelo KOMINTERN – a Terceira Internacional – recebeu a mais importante tarefa de sua vida: participar da realização de uma Revolução Comunista no Brasil.
No Brasil, já casada com Luís Carlos Prestes, líder do movimento que entrará para a história brasileira como “Intentona Comunista”, Olga foi fundamental para o andamento da revolução. Morando no Rio de Janeiro, através das inúmeras reuniões, conviveu com todos os integrantes da liderança do movimento no meio do qual nasceram grandes amizades.
Com o fracasso da revolução e a sua conseqüente prisão, Olga, grávida de sete meses, é entregue a Hitler por Vargas. Sendo deportada para a Alemanha e longe do Brasil, país que aprendeu a amar e respeitar, Olga Benario tem sua primeira e única filha, Anita Leocádia, uma alegria no meio de tanto sofrimento.
Em um campo de concentração da Alemanha nazista, Olga vivencia os últimos dias de sua vida. Morta por um gás letal, ela ainda vive, mas como uma importantíssima pessoa que deixou o seu valor na história do comunismo mundial e que fez do seu ideal de vida um sonho para vários povos de todo o mundo.

Tempos de Conspiração


Membro do Partido Comunista e namorada de Otto Braun, em 1926 liderou o processo de sua remoção da prisão de Moabit, onde estava retido sob acusação de conspiração contra o Estado e alta traição. Tornou-se vital o seu exílio na União Soviética.
Em Moscou o casal se instalou no Hotel Desna, a seguir foram transferidos para um edifício destinado aos jovens estrangeiros.
Duas semanas após ter chegado a Moscou, Olga e Otto participam de um curso de formação política e, quando chamada ao palco para dar o seu depoimento sobre os eventos de Moabit Olga, muito emocionada e aplaudida, confessou:
"_ Eu gostaria que vocês soubessem que ali eu cumpri duas tarefas: uma do partido e outra do meu coração."
Era a consagração de Olga. Passa a crescer no Partido e suas atribuições aumentam correspondentemente, o que leva Otto à exasperação dos ciúmes.
Ao final de 1931, Olga seria escalada para sua primeira missão internacional, em Paris. A notícia de que Olga ficaria fora por tempo indeterminado devido a uma operação internacional, foi a gota d’água para Otto. Eles romperam o romance e Otto contou que tinha outra mulher. Foi quando Olga percebeu em si, pela primeira vez, o sentimento que tanto condenava no companheiro: ciúme. E é também se remoendo em ciúmes que ela viaja a Paris.
Voltando a Moscou, recebe a notícia de que lhe haviam dado o mais alto cargo da hierarquia de uma organização comunista. Tinham acabado de aclamá-la como presidente de sua Célula, por unanimidade. A seguir, um prêmio: Olga participou – sempre com grande entusiasmo – de um curso de pára-quedismo e pilotagem de aviões. Após uma simulação de vôo, ela ouviu um latino-americano contando o caso da “Coluna Prestes” e ficou impressionada com o feito: 25 mil quilômetros a pé, enfrentando tropas regulares de um governo ditatorial, contra ele lutando sempre mas terminou sem lograr seu propósito principal, mas sem jamais sofrer uma única derrota. Não imaginavam que Prestes estava ali mesmo, em Moscou, a poucos metros de distância de onde se encontravam.
Prestes estava ali na condição de engenheiro. Sua vida não era simples; a ele não eram destinadas algumas das regalias oferecidas que o governo soviético ofertava às altas autoridades comunistas de outras partes do mundo. Nas horas vagas, participava de conferências ou reuniões do Partido Comunista e foi num desses encontros que ouviu falar em Olga pela primeira vez.
Foi com grande felicidade que, em fins de 1934, Prestes recebeu a notícia de que ingressaria no Partido Comunista Brasileiro devido, inclusive, à pressão de Moscou neste sentido – à ocasião, havia divergências contra ele dentro do Partido no Brasil. Sua primeira missão para o KOMINTERN: liderar uma revolução que tirasse o Brasil da ditadura do Estado Novo e do Capital e o inserisse no mundo feliz do comunismo internacional. Olga foi designada chefe de sua segurança pessoal.

O Primeiro Amor de Prestes

Olga e Prestes vão para Leningrado, onde chegam às 8 horas da manhã do dia seguinte. À noite, partem para Helsinque, e de lá, para Estocolmo. Olga, por medida de segurança, decide que irão passar a noite em Amsterdã onde um contato poderia fornecer-lhes documentação segura. O casal ficou três semanas a espera do contato em Amsterdã mas, considerando o perigo de ficar tanto tempo em um só lugar, decidem-se por partir, como estavam, para Bruxelas.
As três primeiras semanas de viagem permitiram que o casal se conhecesse melhor. O medo de serem descobertos e presos, levou Olga a querer sair também de Bruxelas. Tomaram um trem e deslocaram-se a Paris. Viajariam como um casal em lua-de-mel.
O contato que eles acabaram por perder em Amsterdã e Bruxelas finalmente aparece em Paris. No dia 8 de março, recebem documentos novos e fazem mais alguns ajustes a fim de solidificar sua aparência de plena legalidade. Nada melhor para isso como um visto de entrada... nos EUA! O consulado norte-americano em Paris concedeu o visto sem problemas, na terceira semana de março viajaram usando as identidades de Antônio Vilar e Maria Bergner Vilar.
A fachada que usavam – recém-casados – obrigava Olga e Prestes a intimidades imprevistas. Um casal em lua-de-mel não apenas dorme no mesmo quarto, mas na mesma cama. Além disso, aproximava-os a afinidade intelectual e política, cada vez maior entre os dois, além do fato de serem jovens, bonitos e entusiasmados com a perspectiva de estarem às portas da revolução. Para um homem de 37 anos, Prestes vivera precocemente toda a sorte de experiências políticas: liderara uma rebelião militar, conspirara contra governos, fora preso e exilado, convivera com os mais importantes dirigentes comunistas na União Soviética. Mas o rigor, a disciplina e a dedicação à causa tinham cobrado dele um preço alto: até então Luís Carlos Prestes nunca tinha estado com uma mulher. A orfandade prematura levou-o, aos dez anos de idade, a tornar-se o chefe de sua família. O pouco tempo que lhe sobrava da escola militar era dedicado aos estudos. A mãe não permitira que ele trabalhasse: preferia ela fazê-lo, com a condição de que o filho se entregasse aos livros e fosse o primeiro aluno da classe. A vida da família suburbana do Rio de Janeiro era tão difícil que ele teve de obter permissão especial para andar fardado fora da Escola Militar: Prestes não dispunha sequer de trajes paisanos para vestir. Durante a Coluna ele se sentira na obrigação, enquanto comandante, de dar o exemplo de disciplina: ao contrário de muitos de seus comandados, não se envolveu com as mulheres que acompanharam a marcha. A política e a preocupação com a educação das quatro irmãs tinham-lhe roubado todo o tempo. E se Prestes chegara aos 37 anos sem ter tido uma namorada, uma paixão, uma mulher, não poderia haver circunstância mais propícia para começa: estava em alto mar, num camarote luxuoso, acompanhado de uma belíssima mulher, comunista e revolucionária como ele. Quando o Ville de Paris atracou no porto de Nova York, na manhã de 26 de março de 1936, o que até então era uma ficção, montada pela Internacional Comunista, tinha virado realidade: Como seus personagens Antônio Vilar e Maria Bergner, Prestes e Olga eram marido e mulher. Passaram a lua-de-mel em Nova York. Pegaram um trem para Miami, onde iniciaram a viagem para o Brasil, passando por Santiago e Buenos Aires, via aérea. Na Argentina, arrumaram toda a documentação para entrar no Brasil. Assim, na madrugada do dia 15 de abril, os dois embarcaram no aeroporto Santos Dumont. Quando o dia amanheceu o avião já voava baixinho. Um avião não tem grandes janelas, somente pequeninas escotilhas. Foi através delas que Olga teve seu primeiro alumbramento com o Brasil. Habituada à Europa, ela nunca imaginara tal luminosidade - um sol fortíssimo batia sobre o verde escuro da mata e o azul do mar, divididos pelo risco branco e interminável da areia da praia.
Prestes e Olga desembarcaram em Florianópolis, pegaram um taxi até Curitiba, de lá pegaram outro, com destino a São Paulo, onde se hospedaram num confortável hotel no largo do Arouche. Mais tarde Olga travou conhecimento com um simpatizante, o excêntrico milionário Pavarenti, que os levou para a sua casa de campo no bairro de Santo Amaro. No dia seguinte, Miranda, secretário-geral do partido comunista, recebia a notícia de que Prestes estava no Brasil.

Ao Brasil, atravessando percalços

Anúncios em jornais de todo o mundo e todos os matizes ideológicos da época, dizendo que Prestes estaria retornando ao país, levaram Getúlio Vargas a exigir da polícia política redobrada precaução. Filinto Muller, chefe de polícia da cidade do Rio de Janeiro, na prática uma espécie de “ministro da Justiça” de Getúlio, incumbiu-se de organizar os órgãos de segurança estatal para “recepcionar” o casal. Contudo, não apenas os órgãos de segurança os aguardavam. Além de Prestes e de Olga, um pequeno grupo de comunistas internacionais iniciava viagens discretas e sinuosas. Um dos participantes, Arthur Ewert, era antigo conhecido de Olga. Junto com ele, sua mulher Elise, apelidada de Sabo; o argentino Rodolfo Ghioldi, de pseudônimo de Luciano Busteros, e sua mulher Carmem Ghioldi, que viajava com seu nome verdadeiro; o norte-americano Victor Allen Barron; os belgas León-Jules Vallée e sua mulher Alphonsine, com os nomes verdadeiros; o alemão Paul Gruber e sua mulher Érika. A larga experiência do grupo – pequeno mas qualitativo – enviado ao Brasil era prova cabal da completa credulidade que a União Soviética havia depositado no sucesso da insurreição no Brasil.


Mãos à Obra!


Assim que chegaram ao Rio de Janeiro, Olga e Prestes se hospedaram num hotel e passam a procurar casa para morar. Escolhem uma na Rua Barão da Torre, nas imediações da casa dos Ewert. Devidamente instalados, encontraram-se pela primeira vez com seus companheiros na casa dos Ewert, e ali mesmo distribuem as tarefas iniciais: Erika trabalharia como datilógrafa na casa de Ewert e, quando necessário, como motorista dos Villar; Gruber, técnico em explosivos, instalaria num pequeno cofre da casa de Prestes e Olga um sistema de alarme eficiente, capaz de impedir o acesso de estranhos ao dinheiro e à documentação ali depositada; Victor Barron, especialista em radiotelegrafia, ficaria com a tarefa de construir um radiotransmissor para que os revoltosos pudessem comunicar-se entre si, e com o KOMINTERN. León-Jules Vallée e sua mulher cuidariam das finanças.
Na década de 20, o Movimento Revolucionário da recém fundada Aliança Nacional Libertadora ganhava adeptos das classes desfavorecidas da sociedade da época.
Seus ideais eram baseados na luta contra o fascismo, contra o imperialismo, o subdesenvolvimento e o latifúndio. A ANL contava com organizações diferentes: de operários, comunistas, socialistas, liberais, cristãos e os militares experientes das revoltas tenentistas, de 1922 a 1924. Tinha como líder Luís Carlos Prestes que, na presidência, estimulava a agitação aliancista. O movimento ganhava força de uma verdadeira revolução. Os aliancistas iam para as ruas, faziam passeatas deixando claro seu propósito de atingir o governo.
O avanço da ANL assustava o governo Vargas. Uma carta enviada por Luís Carlos Prestes propondo uma revolução foi o pretexto para Vargas decretar a ilegalidade do PCB e da Aliança como partido. A polícia tentava descobrir o paradeiro do presidente da Aliança que, devido a um golpe comunista, conseguiu simular a sua estadia no exterior. Isto fez o governo desviar as atenções dos manifestantes.


Começa a mobilização

O golpe desferido pelo governo abalou o movimento. Vários dos revoltosos abandonaram a Aliança. A ANL passara a ser um aparelho clandestino mantido basicamente pelos comunistas revolucionários. Cabia a Prestes executar na ANL as decisões que o partido tomava.
A predominância do Partido Comunista sobre a Aliança, juntamente com a linha insurrecional, que passou a orientar o movimento, provocou a natural deserção dos burgueses ali a contrabando.
O tom da carta de Miguel Costa, companheiro da Coluna, é de despedida. Ele propõe a continuação da luta na legalidade, dando sugestões: a criação de organizações partidárias em cada estado, com programas iguais a da ANL só que com outra denominação. Prestes envia uma carta para Miguel pedindo a ele que permaneça na ANL e mantém a defesa intransigente da tomada do poder. A despeito dos fatos informarem o contrário, Prestes considerava que a revolução estava próxima...
Jornais conservadores denunciavam a presença de Prestes em vários pontos do país. A imprensa Comunista praticava a contra-informação neste sentido: publicava, por exemplo, que Prestes estava fora do Brasil. O movimento revolucionário ocorreu de maneira assíncrona, surpreendendo mesmo os líderes. Infelizmente, porém, a correlação de forças estava muito mais favorável a Vargas naquele instante.
Em 23 de novembro, soldados e sargentos do vigésimo primeiro batalhão de caçadores de Natal tomavam a guarnição militar da cidade. O jornal Liberdade anunciava que o poder havia passado para a ANL e estava instalado o Governo Popular Revolucionário. Vários fatos se sucederam. A revolução durou 5 dias. Houve movimentos revolucionários em vários pontos do Brasil, como o de Recife, por exemplo, que durou 48 horas. Olga, Prestes e os demais camaradas se reuniram para decidir o que fazer a respeito das revoltas não programadas.

Todos eram contrários ao início da insurreição como estava se dando. Todos, exceto Prestes. Depois de uma grande discussão, decidiu-se por iniciar a insurreição no Rio de Janeiro; Prestes teve o voto de Minerva sob o argumento de que a Marinha estava ao seu lado. Decidiram o plano da revolução. Prestes despachou mensageiros para todas as guarnições onde havia oficiais aguardando ordens para o início do levante. Decidiu também que era necessário uma nova casa para ele e Olga, na zona norte, mais próxima ao complexo da Vila Militar. Mandou Miranda orientar Barron, para por o rádio em funcionamento a fim de poderem informar ao KOMINTERN a decisão do levante. No momento que os revoltosos tomassem as unidades, poucos minutos seriam suficientes para que Prestes assumisse, da Vila Militar, o controle de toda a Nação.
Prestes redigiu um manifesto informando sobre seus propósitos e convocando a população à adesão. Pela primeira vez se admitia sua presença no Brasil. Ele e Olga se mudaram para a casa nova. À noite do dia 26 de novembro, Barron ligou a estação de rádio e transmitiu ao KOMINTERN a decisão sobre a eclosão do levante. A revolução comunista brasileira começaria às 3 horas da madrugada do dia 27 de novembro.

Mesmo entre companheiros, todo o cuidado é pouco...

Na prática, a revolução começou às 3h e foi abandonada às 13h. Nenhuma das guarnições da Vila Militar se levantou. A revolta ficou restrita ao 3º Regimento de Infantaria, e foi sufocada em poucas horas.
Teve suas poucas horas de aparente glória, o que não conteve a repressão por parte das forças governistas. Antes mesmo da rebelião, o Brasil já estava em Estado de Sítio decretado por Vargas. Esta situação se prolongou e, com ela, a repressão aos comunistas, tão grande que lotou as cadeias em pouco tempo. Mesmo assim, um mês depois de desencadeada a repressão, alguns dos líderes do movimento ainda estavam ilesos.
A 26 de dezembro foram presos Arthur Ewert e Sabo. Ao saber de tal fato Olga e Prestes se mudaram com receio de também serem encontrados. Athur Ewert e sua esposa foram submetidos a tantas torturas e sevícias que ele ficaria completamente louco.
Ewert tinha esperança de que a polícia brasileira não conhecesse sua verdadeira identidade, porém Filinto Muller já a havia conseguido com o Serviço de Inteligência Britânica.
Junto com uma montanha de papéis, documentos, manuscritos, cartas e bilhetes apreendido na casa de Ewert, a polícia conseguiu com a doméstica Deolinda Elias informações sobre todos os freqüentadores da casa. Conseguiram o endereço de Prestes, invadiram sua casa e abriram o cofre. Com a falha dos dispositivos instalados Paul Gruber descobriu-se ser agente do MI-5, o serviço secreto britânico, infiltrado. Ele e sua mulher, Erika, tinham conhecimento de praticamente todos os planos da insurreição de 27 de novembro.
Filinto Muller folheou, os documentos apreendidos na casa de Olga e Prestes em Ipanema. O acervo encontrado pela polícia na casa de Arthur Ewert não era menos abundante. No entanto, alguns documentos chamaram particularmente a atenção dos policiais: os relatórios minuciosos sobre a vida pessoal e as atividades de delegados da polícia política e o salvo conduto dado por Prestes a Berger na véspera da revolta.
Muller passou mais uma vez pela antiga casa de Olga e Prestes, e deu uma enigmática ordem aos investigadores:

“_ Antes de fechar a casa, desamarrem aquele cachorro que está no quintal e levem-no para o meu gabinete – referindo-se ao animal de estimação que Prestes havia ofertado como um presente a Olga.”
Muller comunicou a Vargas o resultado da operação e decidiu confirmar junto ao Departamento de Estado norte-americano a verdadeira identidade de Harry Berger (Arthur Ewert). Sem sucesso apelou para o cônsul dos EUA em Berlim.
Ewert e Sabo resistiam milagrosamente à violência dos policiais alemães e brasileiros que os seviciaram brutalmente. Sua capacidade de resistência surpreendia até aos torturadores.
No dia 6 de janeiro, Muller anunciou à imprensa a prisão efetuada 11 dias antes, como sendo resultado das investigações brasileiras, e negando torturas.
Sucessivamente prenderam Miranda (secretário-geral do partido comunista) e Elza, sua mulher, notícia divulgada 4 dias depois do fato. Enquanto presos sem acusação ou sem o reconhecimento oficial de seu aprisionamento, estariam sujeitos também a toda a espécie de torturas.
Olga e Prestes decidem se mudar novamente, desta vez escolhendo o Méier, um bairro operário que aparentava ser o lugar ideal: longe da polícia. Lá eles morariam junto com um casal também comunista foragidos da polícia: Manoel dos Santos e Júlia dos Santos. Valeram-se da ajuda de Victor Barron, que ainda não havia sido importunado pela repressão. Levavam uma bagagem discreta e Prestes passaria a manter contato com Lauro da Rocha, (novo presidente do Partido), através de mensageiros.
O governo norte americano participou das investigações sobre a “conexão brasileira”, enviando um investigador: Xanthaky, que falava fluentemente português e espanhol.
A primeira tarefa de Xanthaky foi interrogar Ewert e Elise. O estadunidense ficou impressionado com o que viu na cela. Ewert dramaticamente enfraquecido, porém não acrescentou nada ao investigador, só procurou tirar proveito da situação, pois sabia que enquanto a visita durasse não haveriam torturas.
Xanthaky, na saída, pediu aos policiais que transferissem Elise para a cela de Ewert, atendendo ao pedido deste, e procurou saber mais sobre Prestes. A única informação que conseguiu colher dos policiais, é de que eles tinham ordens de não trazê-lo vivo.
O investigador transmitiu um minucioso telegrama ao Departamento de Estado sobre a conversa que mantivera com Ewert e Elise.

É possível resistir à tortura física?

A polícia descobriu Rodolfo Ghioldi através de Elvira, mulher de Miranda, que o havia reconhecido. Ele e sua esposa foram presos num trem que efetivara uma parada em Jacareí. Na prisão, percebe que Miranda estava ajudando os policiais e assim, de nada adiantaria mentir. Ele identifica León-Vallée numa foto. Com isso, os policiais prendem León na esperança de que ele os levasse até Pretes. Rodolfo também deu o nome e endereço de um americano, Victor Allen Barron (que ainda não despertava nenhuma suspeita nas forças de repressão), e que foi preso mais tarde. Tentou se defender mas não conseguiu explicar como tinha tanto dinheiro sendo um modesto representante da John Reiner & CO, fábrica de motores de Nova York, e não tinha vendido uma só unidade. Também foi barbaramente torturado.
A prisão de um autêntico cidadão norte-americano caiu do céu para a embaixada dos Estados Unidos, que ganhava, assim, um pretexto legalmente indiscutível para intrometer-se ainda mais nas investigações da polícia brasileira. A embaixada americana destacou Xanthaky para que pudesse interrogar Allen Barron, e o encontrou em estado lastimável. Ele exigiu da polícia brasileira melhores tratos, mas não foi atendido.

Por fim, Ghioldi ofereceu de presente aos policiais uma informação absolutamente nova: Prestes estava casado com uma mulher clara, provavelmente estrangeira - pois sempre se comunicava com ele em francês - e que ficava permanentemente a seu lado. Ghioldi ignorava o sobrenome da mulher, mas tinha absoluta certeza de seu nome: Olga.

A Ignorância do Poder constituído...


O delegado Antônio Canavarro, a partir das informações dadas pelo dirigente comunista argentino, Rodolfo Ghioldi, enviou um ofício ao capitão Miranda Correia solicitando a presença de Olga de Tal no cartório, para prestar declarações.
Ao receber o recado e as novas informações, Miranda Correia logo as transmitiu ao chefe da polícia, Filinto Muller, que era inimigo figadal de Prestes desde a época da Coluna.
Chegou a época do carnaval. O carnaval daquele ano foi transformado para se adaptar às ordens do chefe da polícia: não se podia usar máscara ou fantasias e a festa não deveria passar das 22h. Ainda assim, Olga, que nunca havia visto um carnaval antes, ficou deliciada com as marchinhas. Foi uma descontração dentro de uma situação penosa, que só lhe permitia ir ao banheiro à noite, já que este se localizava fora da casa em que morava, e toda precaução era necessária a fim de que ela e Prestes não fossem descobertos. Ali, novamente o destino a colocava a cumprir duas tarefas: uma do partido e outra de seu coração.
O casal se informava acerca do que estava acontecendo no mundo com o auxílio de Manoel, seu companheiro de moradia, que lhes trazia jornais incluindo anotações feitas por espiões comunistas dentro dos presídios. Um deles chamou a atenção: os policiais começavam a desconfiar da existência de espiões na polícia. Enquanto isso a polícia continuava a rastrear Prestes por toda a cidade.
A polícia, por informações tortuosas, resolveu verificar a possibilidade do Méier como último refúgio do casal Prestes. A chuva era intensa quando os “cabeças de tomate”, apelido que os cariocas haviam atribuído aos soldados que usavam um chapéu vermelho, chegaram à Rua Honório. Eles revistavam todas as casas por onde passavam. Ao baterem à porta de Prestes, dona Júlia foi atender. Ao saber que era a polícia Prestes tentou fugir, mas a casa estava cercada. Ele foi logo reconhecido, e os policiais receberam a ordem de entrar atirando. Vários soldados e policiais civis avançou sobre dona Júlia, de metralhadoras engatilhadas, em direção ao pequeno corredor por onde Prestes entrara. Foi então que aconteceu algo inesperado. Uma mulher enorme, vistosa, pula na frente de Prestes, protegendo-o com o próprio corpo e emite um grito. Não era um pedido de clemência, era uma ordem:
“_ Não atirem! Ele está desarmado!” O gesto inesperado os deixou paralisados e salvou a vida do Cavaleiro da Esperança. Trouxeram o cachorro para reconhecer seus donos. Sem demonstrar o menor traço de temor, Prestes, que estava de pijamas, pediu a Galvão para trocar de roupa mas não conseguiu:
“_ O senhor vai assim mesmo.”
Na rua, tentaram colocá-los em carros separados, mas Olga percebeu que aquilo significaria a morte de Prestes. Agarrou-se ao marido com tamanha força que não houve a menor possibilidade de separá-los. Assim, transportaram-nos juntos para a sede da Polícia Central. Havia tantos policiais a guardá-los dentro do veículo que Olga teve de ir sentada no colo do marido. O comboio atravessou a cidade despertando os moradores das ruas por onde passava: sirenes ligadas, tiro para o alto, garrafas de cachaça correndo nos caminhões que transportavam os 200 soldados molhados.
Quando desembarcaram no saguão do edifício, Olga e Prestes foram separados. Miranda Correia informou que eles seriam ouvidos em salas diferentes. Prestes foi colocado dentro de um pequeno elevador, sempre acompanhado por policiais armados, e ela levada para outra sala. Quando a porta gradeada do elevador se fechou, os dois se olharam pela última vez.


"Suicidado" pela polícia política

Logo ao chegar na policia central, Prestes foi informado de que Barron o havia denunciado e depois cometido suicídio. Custa a acreditar. O fato de o suicídio haver ocorrido num salto de menos de um andar de altura tornam a história ainda menos plausível. Prestes fica indignado com a notícia do “suicídio” de Barron e, ao ser interrogado, mantinha o mais estrito silêncio ou, no máximo, respondia monossilabicamente.
Filinto Muller encontrou documentos também na casa em que Prestes fora preso, além de algum dinheiro. Em um desses documentos surgiu o nome “tribunal vermelho”: o processo pelo qual Elvira ou Garota teria sido justiçada. Elvira fora acusada e encontrada culpada de traição pelo partido comunista. Interrogada por León-Jules Vallée, foi logo a seguir executada. Este fato deu ensejo a uma acusação de “assassinato” imputada a Prestes.
A morte de Barron jamais foi questionada pela imprensa brasileira. O governo americano montou uma comissão para apurar os fatos.
Após o esfriamento do caso Barron, a notícia de que Ewert e Elise estavam sendo torturados chegou à imprensa. Logo era manchete nos principais jornais do mundo, que cada vez mais criticavam o Brasil pelo tratamento aos estrangeiros. Em público, os policiais brasileiros afirmavam que “todos os prisioneiros políticos eram bem tratados.” Mas não admitiam inspeção nos presídios!

Alianças do Estado Novo com o Eixo

A esposa de Prestes, nos interrogatórios, insistia em dizer que era brasileira e que se chamava Maria Vilar. Porém, após as investigações da polícia brasileira junto à GESTAPO, Polícia Secreta Nazista, descobriu-se tratar de Olga Benario, uma oficial de alta patente da Terceira Internacional.
Descoberta sua verdadeira identidade, Olga Benario foi mandada para outro presídio. Lá ficou numa cela coletiva junto à sua amiga Sabo e outras mulheres que haviam participado direta ou indiretamente da revolta de 27 de novembro. Ao lado de sua cela ficava uma cela masculina. Homens e mulheres trocavam informações secretas através de um orifício na parede, que também servia como veículo à troca de palavras de amor. Nesta mesma prisão e precisamente à mesma época, também se encontrava Graciliano Ramos.
Nesse período de encarceramento, Olga se descobriu grávida. Esposa de brasileiro e agora esperando dele uma criança, sentia-se um pouco mais segura. Em vão. Na surdina se urdia a sua transferência às autoridades nazistas.



Xenofobia e medo

Para Olga era o pior dos mundos ir a um governo centrado principalmente no ódio a judeus e comunistas.
Num dos dias de visita na cadeia, Olga soube que iriam expulsá-la definitivamente e não perdeu tempo em conseguir um advogado, Heitor Lima, que três dias após a aceitação da defesa proposta por ela entrou com pedido de habeas corpus pretendendo, com isso, evitar que Olga fosse entregue ao governo nazista.
O desfecho do pedido não podia ser mais trágico. O pedido de habeas corpus foi negado e com isso Olga é enviada grávida para um Campo de Concentração nazista.

Inconformismo

Em função da notícia da recusa do pedido de habeas corpus de Olga, todos os presidiários sentiram-se lesados e fragilizados. Há uma tentativa frustrada de rebelião.
Prestes, mesmo preso em um cubículo, por vezes consegue informar-se acerca do que está ocorrendo com Olga. Sua mãe e sua irmã, Leocádia e Lígia, em Moscou, sabendo da prisão dele e de Olga partem para a Espanha, de onde iniciam uma campanha internacional pela liberação de seus passaportes brasileiros, assim como pela libertação dos presos políticos do país.
A campanha, contudo, não alcança os EUA, já em franca oposição ao nazismo, o que seria de fundamental importância para a conquista do intento das duas idealistas.
Olga, Elise Ewert e Carmen Ghioldi, foram entregues à polícia política nazista por decreto do governo Vargas. Aguardando o momento de serem deportadas, amigos das três se mobilizaram o quanto podiam para evitar a transferência que, se sabia, ser um passaporte para a morte. Através de cartas e pedidos de habeas corpus, Maria e Luiz Werneck de Castro tentaram adiar a extradição de Olga, mas em vão. Heitor Lima também tentou; escreveu uma carta a D. Ivete Vargas, esposa do presidente, mas de nada adiantou.
A viagem para a Alemanha era retardada justamente porque se aguardava um navio aliado ao Eixo que fosse direto, sem escalas, do Brasil à Alemanha. Caso fizesse alguma escala as prisioneiras seriam libertadas como já acontecera em outras ocasiões. O La Coruña, navio que seria encarregado de levar Olga e suas camaradas à Alemanha, atracaria no cais do porto do Rio de Janeiro no dia 23 de setembro de 1936. Sabendo disso, Filinto Muller organizou toda uma estratégia para transportar Maria Prestes ao navio.
Carlos Brandes vai até a Casa de Detenção e convida Olga a sair do presídio com o pretexto de levá-la ao hospital, para que esta tivesse o filho em segurança. Os detentos não acreditam em Brandes e passam a abrir as celas, com gazuas, espécie de chaves confeccionadas por um dos presos, reservada para casos especiais, ou arrombando-as. Sem conseguirem resistir, os presos ainda conseguiram impor uma condição, a de que junto a Olga fossem dois outros presos. Não adiantou. Olga sequer chegou a descer no hospital. O comboio militar seguiu até o cais do porto sob uma chuva fina. Quando foi retirada da ambulância, ainda deitada na maca, a caminho da escada do navio, Olga pôde ver, rapidamente, entre os pingos de chuva, o nome La Coruña gravado no casco. Por um instante, teve esperanças de estar sendo embarcada num navio espanhol. Mas ao mover a cabeça um pouco, virou os olhos para cima e viu, tremulando no mastro principal, uma bandeira com a suástica negra ao centro. Suas esperanças eram cada vez menores.

Uma heroína entre prostitutas e ladras...


Dez quilos mais magra, Olga, grávida, foi levada para o La Coruña. O investigador João Guilherme Neuman foi encarregado de escoltá-la. Ele contou a Olga que Elise Ewert também estava sendo embarcada, na cabine vizinha a ela.
Olga foi embarcada contra as leis da navegação por estar grávida. Ela pediu que instalasse uma companhia na sua cabine para a eventualidade de sentir-se mal.
A primeira noite foi de insônia e vômitos por causa do movimento do navio e do barulho do motor. No primeiro dia, Olga passou trancada na cabine, no segundo, ela e Sabo colocaram a cadeira no corredor e ficaram conversando. No quarto dia de viagem o navio chegou a Salvador; foi uma parada rápida. Com o dinheiro que tinha, Olga comprou algumas coisas.
No dia 3 de outubro eles ultrapassaram a linha do Equador. Olga e Elise receberiam autorização após o jantar para olhar pelas escotilhas o dirigível alemão Zeppellin.
Na noite de 12 de outubro o La Coruña foi surpreendido com a presença de outro navio, mas era apenas um barco português perdido em alto-mar.
Às seis horas da manhã do dia 18 de outubro o navio atraca em Hamburgo. A tropa de choque nazista estava ali para receber Olga e sua amiga.
Pouco depois do meio-dia Olga chega a Berlim. Vai diretamente para a temida prisão de mulheres. Chegando lá ganhou a roupa padrão das prisioneiras e teve a cabeça raspada. A cela era um cubículo de dois metros por dois e com um colchão fino sobre uma laje de concreto.
Olga ainda não tinha chegado a Hamburgo quando Lígia e Dona Leócadia receberam uma carta contando o que acontecera à esposa de Prestes. No dia 11 de novembro foram ao quartel-general da polícia secreta, para ver a mulher de Prestes, mas o máximo que conseguiram foi deixar comida e roupas. Voltaram à França com a vaga promessa que seriam avisadas sobre o nascimento do bebê.
Na madrugada de 27 de novembro de 1936, exatamente um ano após a fracassada revolução, nasceu Anita Leocádia, um bebê gorducho e saudável.
Só no começo de fevereiro, quando Anita entrava no terceiro mês de vida, Dona Leocádia e Lígia souberam de seu nascimento. O ofício da Cruz Vermelha transmitiu à avó o risco que a garotinha corria: assim que o leite da mãe secasse, ela seria entregue a um orfanato nazista.
A campanha organizada a partir da França passou a reclamar desde então, a libertação de Prestes, no Brasil e de Olga e Anita, na Alemanha. Dona Leocádia e Lígia se juntaram à irmã de Ewert.
No Rio de Janeiro, o jovem advogado Heráclito Sobral Pinto, cristão militante, resolve por conta própria defender Prestes e Arthur Ewert frente ao Tribunal de Segurança Nacional.
Prestes rejeita a oferta de defesa alegando que Sobral é um homem de mentalidade burguesa sem capacidade ou desejo efetivo de defendê-lo. Sobral Pinto não desistiu, recorreu a mãe de Prestes para que conseguisse convencer o filho a aceitar a sua defesa. Meses depois Prestes recebe um bilhete de sua mãe e acaba mudando de idéia.
A primeira intervenção de Sobral Pinto foi tentar parar com as torturas a Ewert utilizando-se até mesmo do Código Defesa dos Animais – tal o nível em que se encontrava o alemão. Também consegue para Prestes o direito de receber cartas de sua mãe: foi através de uma delas que ele soube do nascimento de sua filha.



A família intervém!

A notícia de que era pai e de que Olga estava viva deu novo ânimo a Prestes, além disso, Sobral Pinto conseguiu encaminhar suas respostas às cartas recebidas.
Em junho, Olga recebera novas notícias do marido. No dia 8 de maio Prestes fora condenado pelo Tribunal de Segurança Nacional a 16 e 8 meses a prisão; Arthur Ewert, a 13 anos.
Em julho de 1937, Dona Leocádia retornou a Alemanha para tentar negociar com a GESTAPO a libertação de Olga e Anita. Mas eles não aceitaram sequer discutir o assunto, pois não consideraram nenhum parentesco entre Olga, Anita e Dona Leocádia. A única pessoa que talvez pudesse ajudá-la era a mãe de Olga.
Dona Leocádia viajou para a capital da Baviera. Ao chegar na casa da mãe de Olga, encontrou uma mãe que rejeitava a própria filha...
Poucas semanas após o nascimento de Anita, Olga conseguiu enviar um requerimento à embaixada brasileira pedindo o registro da recém-nascida como cidadã brasileira.
O advogado Sobral Pinto tentou levar o tabelião para que Prestes assinasse o requerimento de paternidade mais foi impedido pela justiça. À medida que o tempo passava a angústia ficava maior: a qualquer momento os nazistas poderiam tirar Anita de sua mãe.
Sobral Pinto, sempre persistente e insistente, conseguiu levar o tabelião à cela de Pestes. Logo depois de Prestes assinar o requerimento ele o enviou à Alemanha e, com ele, Dona Leocádia e Lígia conseguiram tirar pelo menos Anita da mão dos nazistas.

Para Olga, é o fim, mas para Anita há esperança!

Anita foi suprimida de Olga sem que lhe dissessem uma única palavra sobre o destino da filha – quando a tarefa de alguém é atormentá-lo, o esmero por vezes conquista refinamentos de crueldade. Ficou traumatizada, debilitada emocionalmente, quase enlouquece. Acreditava que Anita havia sido enviada a uma creche nazista. Aos pouco foi se recuperando e voltou a praticar atividades físicas e mentais.
Depois de um mês ela recebeu a carta de Dona Leocádia informando que sua filha estava bem e com ela. Olga ressuscitou e voltou a sonhar com a liberdade!
Nos primeiros dias de março ela foi transferida para uma nova prisão: a fortaleza de Lichtenburg. Ao chegar lá foi conduzida a uma solitária. No sexto dia de solitária recebeu a visita clandestina de Gertrud Fruchulz, uma velha amiga de Neukölln. Ela trazia alimentos para Olga, falou da fortaleza de Lichtenburg e contou que sua amiga Elise Ewert, Sabo, estava ali.
Olga as semanas seguintes sem receber qualquer notícia. Manteve-se mental e fisicamente ágil jogando xadrez mentalmente e praticando exercícios físicos.
Quando saiu da solitária seu primeiro desejo foi ver Sabo: estava magra, tuberculosa e totalmente diferente.
Durante os quase dois anos em Lichtenburg ela seria levada várias vezes a Berlim para novos a atormentadores interrogatórios.



O Campo de Concentração


O Comboio que levava Olga sai de Lichtenburg rumo ao norte.

A índole belicosa dos nazistas os levou a promover uma mudança no sistema prisional da Alemanha, transformando as cadeias em estruturas a um só tempo penais e “produtivas para a economia do Reich.”
Assim que chega ao campo de concentração, Olga percebe organização e rigidez extremas. As mulheres eram classificadas por um triângulo colocado no braço ou no peito, através do qual se identificava o motivo de seu aprisionamento. Ela não foi identificada como comunista, mas como anti-social, assim como o eram as prostitutas e ladras comuns.
Pela sua capacidade e ascendência moral, Olga recebeu dos carcereiros a missão de organizar seu local de moradia e trabalho. Isso pelo menos traz alguma ocupação útil ao espírito. Instalou hábitos de higiene e levou um reforço à auto-estima das outras presas escrevendo até mesmo uma apostila rudimentar, com ilustrações e mapas através da qual contava sua história e falava sobre os caminhos do mundo. A seguir, intimada a depor em Berlim, escreve um bilhete para a sogra.
Grandes indústrias alemãs utilizavam os prisioneiros dos campos de concentração em trabalhos forçados.
Olga recebe a notícia de que Sabo não resistiu a tuberculose que se agravou depois da chegada do inverno e morreu, tendo finalmente um fim a seus traumas e suas lembranças da tortura. Descansou...
O Reichfürere SS Heinrich Himler, em visita aos campos de concentração, ordenou que as presas fossem trancadas em suas celas. Durante a inspeção, uma mulher o xingou e ele ordenou que 80 mulheres fossem punidas como forma de aviso. Dentre as escolhidas para o castigo estava Olga Benario, violentamente chicoteada.
Certa feita uma prisioneira delatou Olga a respeito do curso de conscientização política que na prática ministrava, mesmo que em condições ainda menos que precárias e ela foi novamente torturada. Em outra oportunidade chegou mesmo a dirigir a encenação de uma peça de teatro escrita e dirigida pelas prisioneiras. Tudo foi descoberto e as presas foram levadas a passar a noite sem agasalho, no palco, sob o rigoroso inverno, etc.


Olga em seus momentos finais


O Campo de Concentração já não era unicamente feminino, chegaram prisioneiros.
As notícias vindas por parte de prisioneiras recém-chegadas se opuseram ao otimismo de Olga: Hitler havia conquistado boa parte da Europa.
A situação nos campos de concentração era de terror cada vez mais crescente. Insalubridade não apenas psicológica ou do ponto da violência física direta: Olga contraiu uma virose que quase lhe tirou a vida. Mulheres eram executadas sem motivos plausíveis. Além disso surge mais um agravante: a chegada de médicos para realizarem experiências genéticas com as presas.
O vírus da tuberculose era disseminado pelos médicos, e a todo momento mulheres morriam, assassinadas pelos médicos. Dizendo tratar-se de um vírus letal, eles aplicavam constantemente a eutanásia. Os médicos faziam outras experiências a respeito de doação de órgãos e de defesa do organismo, usando as prisioneiras como cobaias.
Aquelas perversões tratadas como pesquisas médicas não seriam o fim da loucura nazista. Até então as execuções praticadas em Ravensbruck vinham sendo feitas individualmente. No começo do inverno de 1942 começaria a “Solução Final”, o extermínio sistemático e deliberado de judeus e comunistas. Segundo notícias que corriam entre os presos, o médico Fritz Menennecke ali estaria com a função de selecionar as mulheres que poderiam ser utilizadas como mão-de-obra escrava e as que seriam eliminadas nas câmaras de gás e nos fornos crematórios.
Quando as primeiras levas de prisioneiras de Revensbruck foram removidas, as remanescentes ficavam em dúvida: estariam sendo transferidas para outros campos ou seriam eliminadas. Elas combinaram que cada uma levaria um toco de lápis e um papel onde deveriam colocar o nome do local para onde estavam sendo transferidas. Colocariam na barra da saia. A volta do caminhão trazendo as roupas usadas pelas mulheres transferidas repetiam o mesmo nome: Bernburg.
Uma cidadezinha situada a 100 quilômetros a sudoeste de Berlin, Bernburg tinha apenas um prédio mais imponente que a Igreja Luterana: um hospital para tratamento de doenças mentais. Neste hospital, seis dos 15 prédios de cindo pavimentos do hospital psiquiátrico foram ocupados por ordem de Himmler e transformados em Propriedade do Reich - camuflando as atividades que as SS passariam a exercer ali.
No subsolo do Hospital foram construídos amplos cômodos com as paredes e o chão revestidos de azulejos brancos de cujo teto pendiam chuveiros. Parecia um local para banho coletivo. Nascia a invenção macabra do nazismo: a primeira câmara de execução em massa de prisioneiros através de asfixia por gás. O primeiro teste foi realizado com os próprios alemães, soldados que se negaram a bombardear posições republicanas na Espanha, considerados desertores, foram punidos com a morte por inalação de “Zyklon – B”.
No começo de fevereiro de 1942, um pouco antes de Olga completar 34 anos, as mulheres foram reunidas no pátio central de Revensbruck para ouvir nos autofalantes do campo a relação das 200 prisioneiras que na manhã seguinte seriam “transferidas para outros campos de concentração”. Eram chamadas em ordem alfabética. Olga Benario Prestes seria a de número 150. Junto com ela iriam as amigas Tilde Klose, Irena Langer e Rosa Menzer.
Os autofalantes davam um último aviso: as prisioneiras relacionadas teriam 30 minutos para recolher seus pertences e se apresentar para o embarque. Meia hora foi o suficiente para que Olga escrevesse uma carta à filha e ao marido.
Dez dias depois, quando o caminhão voltou com as roupas das mulheres embarcadas naquela noite, Emmy Handke correu a procurar o vestido de Olga. Apalpou a barra e dela tirou um pequenino pedaço de papel onde estava escrita apenas uma palavra: Bernburg.


Guerra e Redemocratização

Vargas era uma raposa ladina. Contava em seu ministério com simpatizantes do Eixo e simpatizantes dos aliados. Abriu conversações com ambas as forças e buscou extrair o máximo de cada uma. Os EUA – aliados da URSS na Guerra –, após muita negociação e diálogo, fizeram a melhor oferta: a construção da Companhia Siderúrgica Nacional e a de bases militares no Nordeste, em troca de apoio durante o esforço de Guerra, revertendo as instalações ao governo brasileiro quando esta chegasse ao final. Ao término da Segunda Guerra Mundial, o governo brasileiro solicita um reatamento de relações diplomáticas com a União Soviética. Mulheres, estudantes e profissionais liberais organizam comícios em todo país, exigindo a concessão imediata de anistia política aos presos e exilados.
Getúlio Vargas promete convocar eleições ainda naquele ano. Dutra apresenta-se como candidato governista à Presidência e inclui na sua plataforma uma inacreditável bandeira: a legalização do Partido Comunista. Agora a reivindicação das ruas é pela anistia e pela convocação da Assembléia Nacional Constituinte.
Em 18 de abril, Vargas assina um decreto que concede anistia aos presos políticos. Antes mesmo que o ato fosse publicado no Diário Oficial, os cinco primeiros beneficiários da medida deixam as prisões. Dentre eles estava Luís Carlos Prestes que ao sair pergunta sobre o destino de Olga e de seu amigo Arthur Ewert, que tinha sido beneficiado pela anistia mas, torturado até a loucura, talvez não tivesse condições de desfrutar da liberdade pois estava internado num manicômio no Rio de Janeiro. Quanto a Olga, não tinha nenhuma informação. Naquele momento, porém, quem elogiava o presidente da República era Luís Carlos Prestes que havia sido vitimado pela repressão dirigida por Vargas. A primeira reação contra o apoio de Prestes a Vargas parte de seu antigo advogado Heráclito Sobral Pinto que condena qualquer união nacional com o senhor presidente.
A primeira manifestação dos comunistas após longo período na ilegalidade ocorreu estádio do Pacaembu, em 1943 e teve a participação de grandes intelectuais e de uma grande massa popular. Depois da manifestação foi em direção à estação Roosevelt, onde tomaria um trem de volta ao Rio de Janeiro.

Um Telegrama dos aliados e uma carta de Olga

Cercado de amigos ele se preparava para subir a escada do vagão-leito, quando um jovem chegou correndo, abrindo passagem entre os que se despediam do chefe comunista:
_ Capitão! Capitão Prestes! Um momento, não embarque!
Temeu-se uma tentativa de agressão, mas o rapaz se identificou:
_ Sou repórter da agência de notícias United Press. Nós tínhamos pedido às sucursais européias que buscassem informações sobre Olga Benario, e acabamos de receber este telegrama sobre ela, enviado pelo correspondente em Berlim.
Ansioso, Prestes levou o pedaço de papel aos olhos e leu-o com o rosto crispado, diante do silêncio dos amigos que o fitavam. Levantou a cabeça e disse apenas três palavras:
_ Olga está morta.
Era um despacho curto, sem muitos detalhes:
“Berlim - As autoridades aliadas acabam de informar que entre as 200 mulheres executadas na câmara de gás da cidade alemã de Bernburg, na Páscoa de 1942, estava a senhora Olga Benario, esposa do dirigente comunista brasileiro Luís Carlos Prestes.”

Prestes entrou no que já começava a se movimentar rumo ao Rio de Janeiro, caminhou por entre as poltronas em silêncio, sentou-se e leu mais uma vez a notícia, antes de guardar o papel no bolso do paletó.

Só muitos anos depois é que ele receberia a última carta que Olga escrevera a ele e à filha, ainda em Ravensbrück, na noite da viagem de ônibus que a levaria à morte em Bernburg. Transcrevo literalmente pela beleza da peça e para que se possa conhecer melhor o coração da mulher.


“Queridos:

Amanhã vou precisar de toda a minha força e de toda a minha vontade. Por isso, não posso pensar nas coisas que me torturam o coração, que são mais caras que a minha própria vida. E por isso me despeço de vocês agora. É totalmente impossível para mim imaginar, filha querida, que não voltarei a ver-te, que nunca mais voltarei a estreitar-te em meus braços ansiosos. Quisera poder pentear-te, fazer-te as tranças - ah, não, elas foram cortadas. Mas te fica melhor o cabelo solto, um pouco desalinhado. Antes de tudo, vou fazer-te forte. Deves andar de sandálias ou descalça, correr ao ar livre comigo. Sua avó, em princípio, não estará muito de acordo com isso, mas logo nos entenderemos muito bem. Deves respeitá-la e querê-la por toda a tua vida, como o teu pai e eu fazemos. Todas as manhãs faremos ginástica... Vês? Já volto a sonhar, como tantas noites, e esqueço que esta é a minha despedida. E agora, quando penso nisto de novo, a idéia de que nunca mais poderei estreitar teu corpinho cálido é para mim como a morte. Carlos, querido, amado meu: terei que renunciar para sempre a tudo de bom que me destes? Conformar-me-ia, mesmo se não pudesse ter-te muito próximo, que teus olhos mais uma vez me olhassem. E queria ver teu sorriso. Quero-os a ambos, tanto, tanto. E estou tão agradecida à vida, por ela haver me dado a ambos. Mas o que eu gostaria era de poder viver um dia feliz, os três juntos, como milhares de vezes imaginei. Será possível que nunca verei o quanto orgulhoso e feliz te sentes por nossa filha?

Querida Anita, Meu querido marido, meu garoto: choro debaixo das mantas para que ninguém me ouça pois parece que hoje as forças não conseguem alcançar-me para suportar algo tão terrível. É precisamente por isso que me esforço para despedir-me de vocês agora, para não ter que fazê-lo nas últimas e difíceis horas. Depois desta noite, quero viver para este futuro tão breve que me resta. De ti aprendi, querido, o quanto significa a força de vontade, especialmente se emana de fontes como as nossas. Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas... Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte amanhã. Beijos pela última vez.

Olga.”


Fotos de Luís Carlos Prestes







Luís Carlos Prestes

Luís Carlos Prestes


A 3 de janeiro de 1898. Nascia Luís Carlos Prestes, filho de Antônio Pereira Prestes (capitão do Exército) e de Leocádia Felizardo Prestes (professora primária). Em 1904, a família teve que mudar-se para o Rio de Janeiro. Antônio Prestes precisava tratar de sua saúde, mas veio a falecer em 1908, quando Luís Carlos tinha 10 anos. Assim, este não recebeu nenhuma influência do pai, mas a mãe marcou profundamente sua personalidade. A infância de Prestes foi pobre. Estudou em casa com a mãe até conseguir entrar para o Colégio Militar, em 1909. Após terminar os estudos neste colégio, foi para a Escola Militar, onde o soldo que ganhava dava à família. Sua dedicação à mãe e às irmãs era notável. Saiu aspirante 1918, continuando na Escola Militar em 1919 para completar o curso de Engenharia. Em 1920 colou grau como bacharel em Ciências Físicas, Matemáticas e Engenharia Militar, sendo promovido a segundo-tenente. Como fora o melhor aluno, pôde escolher onde servir e optou por continuar no Rio de Janeiro, na Companhia Ferroviária. Promovido a primeiro-tenente, tornou-se auxiliar de instrução na Seção de Engenharia da Escola Militar, mas demitiu-se por falta de material para executar seu trabalho. Voltando à Companhia Ferroviária, Prestes tomou conhecimento, em 1921, das "cartas falsas" de Artur Bernardes, que dariam motivo para a primeira revolta tenentista. Indignado com as ofensas aos militares do então candidato à Presidência da República, Luís Carlos começou a freqüentar as reuniões do Clube Militar. Nesta época, Prestes já possuía traços de sua forte personalidade.
Os problemas familiares e a dedicação à mãe privaram-no dos prazeres da infância e da adolescência. Mas o que o diferenciou dos que viveram esta situação também foi sua aceitação tranqüila das dificuldades. Isso lhe deu um caráter marcante que o ajudaria futuramente a suportar situações dramáticas. Participando das conspirações tenentistas desde o início, Luís Carlos foi impedido de comparecer à primeira revolta, em julho de 1922, devido a um ataque de tifo. Já em novembro de 1922, como punição por sua simpatia aos revoltosos, Prestes foi transferido para o Rio Grande do Sul para fiscalizar quartéis. Em Santo Ângelo, deu início, com o levante do Batalhão Ferroviário, ao movimento que iria se transformar na marcha da coluna que levou seu nome. Em 1926, quando a Coluna Prestes se asilou na Bolívia, Luís Carlos - que fora chamado de "Cavaleiro da Esperança" - começou a estudar o marxismo.
Aliou-se aos comunistas em 1931, viajando para a União Soviética. Voltando ao Brasil, em 1934, estava casado com Olga Benario, comunista alemã que fora a primeira mulher de sua vida. Getúlio Vargas estava no governo e a Aliança Nacional Libertadora, que Prestes assumira, tentou fazer uma insurreição comunista. Com o fracasso, Luís Carlos foi preso, em 1936, e viu sua mulher, judia, ser entregue ao governo alemão. Depois de nove anos preso, Prestes subiu ao palanque ao lado de Vargas. Chefe do PCB eleito Senador, participou da Constituinte em 1946, mas foi para a clandestinidade em 47, quando o registro do Partido Comunista foi cassado. Retornou às atividades políticas em 1960, porém, o golpe militar de 64 devolveu-o à clandestinidade, privando-o de direitos políticos por 10 anos. Colocando-se contra a luta armada, provocou o racha do PCB, quando a ala de Carlos Marighella partiu para a guerrilha urbana. No auge do anticomunismo, em 1971, Prestes radicou-se na União Soviética, permanecendo lá até a anistia de 79. Quando voltou ao Brasil, não conseguiu mais liderar o PCB e perdeu a secretaria-geral em 1983. Morreu em 1990.
http://www.culturabrasil.pro.br/prestes.htm

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Foto de Federico García Lorca

Federico García Lorca








Homenagem de Carlos Drummond de Andrade a Federico

Homenagem de Carlos Drummond de Andrade a Federico
García Lorca

Sobre teu corpo, que há dez anos
se vem transfundindo em cravos
se rubra cor espanhola,
aqui estou para depositar
vergonha e lágrimas.

Vergonha de há tanto tempo
viveres – se morte é vida –
sob chão onde esporas tinem
e calcam a mais fina grama
e o pensamento mais fino
de amor, de justiça e paz.

Lágrimas de noturno orvalho,
não de mágoa desiludida,
lágrimas que tão-só destilam
desejo e ânsia e certeza
de que o dia amanhecerá.

(Amanhecerá)

Esse claro dia espanhol,
composto na treva de hoje,
sobre teu túmulo há de abrir-se,
mostrando gloriosamente
-ao canto multiplicado
de guitarra, gitano e galo –
que para sempre viverão
os poetas matirizados.

(Carlos Drummond de Andrade; poesia e prosa Nova Aguilar -1979 - pp. 253-4)


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

video: Pra não dizer que não falei das flores

Geraldo Vandre através de sua canção convoca o povo brasileiro pra lutar pela retomada da Democracia e pelos os direitos individuais de expressão que nos foram tirados.
http://www.youtube.com/watch?v=BvxFwWdYVe4

video sobre a crise econômica

Assista o video sobre a Crise de 1929.Queda da bolsa de Valores de Nova York

http://www.youtube.com/watch?v=WvR-jTOnWs0

Música que se tornou o Hino de resistencia a Ditadura militar

Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores

Geraldo Vandré
Composição: Geraldo Vandré

Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)

Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)

Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)

Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não...

Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(4x)

Colonização do Vale do Rio São Francisco

Colonização do Vale do Rio São Francisco

Cerca de um ano após a descoberta de Pedro Alvarez Cabral, o navegador Américo Vespúcio chegou à foz de um enorme rio que desaguava no mar. A data era 04 de outubro de 1501, dia de São Francisco, santo em cuja homenagem os navegadores europeus batizaram o rio. Para as diversas nações indígenas que habitavam aquela região, aquelas águas tinham um nome antigo: Opará, que significa algo como “rio-mar”.

Desde então, o São Francisco passou a ser visitado regularmente pelas naus européias e, mais tarde, seria o principal pavimento para a colonização dos sertões goianos, o chamado Brasil-Central. No primeiro momento, porém, o terreno desconhecido e a resistência dos índios dificultaram o domínio da região.

Duas décadas depois de seu descobrimento, em 1522, o primeiro donatário da capitania de Pernambuco, o português Duarte Coelho, funda a cidade de Penedo, em Alagoas. Com a autorização da coroa portuguesa, em 1543 começa a criação de gado na região, atividade econômica que marca a história do vale do São Francisco que chegou a ser chamado de “ Rio-dos-Currais”. Estes foram os primeiros passos para o início da colonização.

Mesmo assim, a exploração estava limitada ao litoral, principalmente por causa das tribos indígenas que defendiam seus territórios no interior. Os Pankararu, Atikum, Kimbiwa, Truka, Kiriri, Tuxa e Pankarare, são alguns dos remanescentes atuais das populações que originalmente ocupavam o local.

Apesar disso, lendas sobre pedras preciosas e riquezas inacreditáveis atraíam diversos aventureiros para a região. Guiados pela cobiça, estes colonizadores foram dizimando os índios, que fugiam dali para o planalto central. Assim, ergueram-se os primeiros e pequenos arraiais, iniciando o domínio da região, onde o ouro e as pedras preciosas.

Em 1553, o rei D. João III, ordenou ao Governador Geral Tomé de Souza a exploração das margens interiores do rio. A organização da empreitada ficou a cargo de Bruza Espinosa, que teve em seu lado o Padre Aspilcueta Navarro para formar a primeira companhia de penetração. O roteiro dessa viagem e uma carta do Padre Navarro são os primeiros documentos descritivos sobre o São Francisco.

A partir daí, as águas do rio foram navegadas por dúzias de expedicionários que, aos poucos, consolidaram o domínio sobre a exploração do São Francisco. A ocupação, entretanto, ocorreu principalmente através das sesmarias, tendo sido o São Francisco ocupado parte pela Casa da Torre de Garcia DÁvila e parte pela Casa da Ponte, de Antônio Guedes de Brito. O primeiro, Garcia DÁvila, apossa-se das terras em 1573, sendo mais de 70 léguas entre o Rio São Francisco e o Parnaíba no Piauí.

Em 1637, os holandeses invadiram o povoado de Penedo por causa de sua localização estratégica, na foz do São Francisco. Ali construíram um forte batizado Maurício, em homenagem a Maurício de Nassau. O domínio holandês permaneceu forte até 1645, quando os portugueses retomaram a região.

Outro fator importante da ocupação nesta época, foram as missões religiosas, iniciadas por padres capuchinhos bretões a partir de 1641. Com isso, as nações indígenas sumiam do mapa, atacadas por doenças, miscigenação e pela aculturação.

Em 1675, jazidas de ouro são encontradas em afluentes do São Francisco pela bandeira de Lourenço de Castanho que assassina os índios cataguáses, habitantes originais da região. Desde então, dezenas de bandeirantes navegaram o rio, entre eles: Matias Cardoso, Domingos Jorge Velho, Domingos Sertão, Fernão Dias Paes, Borba Gato e Domingos Mafrense.

Nesta época, os portugueses também enfrentaram a resistência dos escravos fugitivos. Os quilombos formavam uma verdadeira república negra que desafiou por muito tempo o domínio da Coroa. Em 20 de dezembro de 1695, uma tropa mercenária, contratada por Portugal e os usineiros de açúcar da capitania de Pernambuco, destruiu o último foco da resistência armada dos escravos, ligadas ao famoso Quilombo dos Palmares.

http://www.brasiloeste.com.br/noticia/1539/historia-rio-sao-francisco

Colonização de algumas regiões do Brasil

Colonização do Interior de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.

Goiás


Aproximadamente quase um século após o Descobrimento do Brasil, colonizadores portugueses chegaram à região de Goiás. Os primeiros a ocupar o local foram aventureiros bandeirantes vindos de São Paulo em expedições. Dentre estes ¨exploradores¨ estava Bartolomeu Bueno da Silva - o Anhangüera, que vinha em busca de ouro, o que só encontrou no final do século XVII.
Segundo uma lenda local, na tentativa de descobrir com os índios onde se localizavam os veios de ouro, Bartolomeu Bueno da Silva ateou fogo em um prato contendo aguardente, dizendo fazer o mesmo com os rios e nascentes se os índios não lhe mostrassem as minas. Com medo, os índios o atenderam e passaram a chamá-lo Anhangüera (feiticeiro para os nativos).Muitas outras expedições rumaram para Goiás em busca das riquezas do subsolo.
O primeiro vilarejo da região, chamado de Arraial da Barra, foi fundado em 1726 por Bartolomeu Bueno (filho de Bartolomeu Bueno da Silva). A partir daí, os povoados cresceram e se multiplicaram, isto na segunda metade do século XVIII, quando a exploração do outro estava em alta. A migração de pecuaristas vindos de São Paulo (séc. XVI) buscando melhores terras e condições para o gado avolumou a colonização e implantou a pecuária na região.
O atual Estado de Goiás, antes pertencente ao Estado de São Paulo, foi separado e elevado à categoria de província em 1744.Com a decadência do ouro nos idos de 1860, a lavoura e a pecuária passaram a ser as principais atividades da região. O escoamento da produção foi propiciado pela abertura de estradas e pela navegação a vapor no final do século XIX, o que desenvolveu consideravelmente a província. Século XX, construção da capital Goiânia, novo impulso econômico mais tarde complementado com a criação de Brasília (1960).

Colonização de São Paulo

No início do século XVI o litoral paulista já tinha sido visitado por navegadores portugueses e espanhóis, mas somente em 1532 se dá a fundação da primeira povoação, São Vicente, na atual Baixada Santista, por Martim Afonso de Sousa.
A procura de metais preciosos levou os portugueses a ultrapassarem a Serra do Mar, pelo antigo caminho indígena do Peabiru e em 1554, no planalto existente após a Serra do Mar, é fundada a vila de São Paulo de Piratininga pelos jesuítas liderados por Manuel da Nóbrega.
Até o fim do século XVI são fundadas outras vila no entorno do planalto, como Santana de Parnaíba, garantindo assim a segurança e subsistência da vila de São Paulo.
O nome São Vicente foi dado por Américo Vespúcio, em 22 de janeiro de 1502, em viagem que objetivava mapear o litoral do Brasil. Quando passou pela região, encontrou duas ilhas (onde hoje estão as cidades de Santos e São Vicente na Ilha de São Vicente e a cidade de Guarujá na ilha de Santo Amaro e o estuário, que achou ser um rio. Era dia de São Vicente, assim tendo sido batizada a localidade.
A fundação de São Vicente no litoral paulista iniciou o processo de colonização do Brasil como política sistemática do governo português, motivada pela presença de estrangeiros que ameaçavam a posse da terra. Evidentemente, antes disso já havia ali um núcleo português que, à semelhança de outros das regiões litorâneas, fora constituído por náufragos e datava, provavelmente, do início do século XVI. Foi, no entanto, durante a estada de Martim Afonso de Sousa que se fundou, em 20 de janeiro de 1532, a vila de São Vicente e com ela se instalou o primeiro marco efetivo da colonização brasileira.
O nome de São Vicente se estendeu à capitania hereditária doada ao mesmo Martim Afonso de Sousa pelo Rei de Portugal em 1534. Assim, o primeiro nome do atual estado de São Paulo foi capitania de São Vicente.
A despeito das inumeráveis dificuldades para transpor a serra do Mar, os campos do planalto logo atraíram os povoadores, o que tornou São Paulo uma exceção no tipo de colonização dos portugueses dos primeiros tempos, que se fixavam0, sobretudo no litoral. Assim, em 1553, povoadores portugueses fundaram a Vila de Santo André da Borda do Campo. No ano seguinte, os padres da Companhia de Jesus fundaram em uma colina de Piratininga um colégio para os índios, berço da Vila de São Paulo. Em 1560, a Vila de Santo André foi extinta e seus moradores foram transferidos para São Paulo de Piratininga.
A faixa litorânea, estreita pela presença da serra, não apresentava as condições necessárias para o desenvolvimento da grande lavoura. Por sua vez, o planalto deparava com o sério obstáculo do Caminho do Mar, que, ao invés de ligar, isolava a região de Piratininga, negando-lhe o acesso ao oceano e, portanto, a facilidade para o transporte. Em conseqüência, a capitania ficou relegada a um plano econômico inferior, impedida de cultivar com êxito o principal produto agrícola do Brasil colonial, a cana-de-açúcar, e de concorrer com a principal zona açucareira da época, representada por Pernambuco e Bahia.

Estabeleceu-se em Piratininga uma policultura de subsistência, baseada no trabalho forçado do índio. Os inventários dos primeiros paulistas acusavam pequena quantidade de importações e completa ausência de luxo. O isolamento criou no planalto uma sociedade peculiar. Chegar a São Paulo requeria fibra especial na luta contra as dificuldades do acesso à serra, os ataques dos índios, a fome, as doenças, o que levaria a imigração européia a um rigoroso processo seletivo. Tais condições de vida determinariam a formação de uma sociedade em moldes mais democráticos que os daquela que se estabelecera mais ao norte da colônia.
Concorreu em boa parte para tanto a proliferação de mamelucos oriundos do inevitável e intenso cruzamento com as índias da terra, pertencentes às tribos tupis que dominavam o litoral brasileiro.

As bandeiras

Dificuldades econômicas, tino sertanista, localização geográfica (São Paulo era um importante centro de circulação fluvial e terrestre), espírito de aventura, seriam poderosos impulsos na arrancada para o sertão. Desde os primeiros tempos da colonização eram constantes as arremetidas, num bandeirismo defensivo que visava a garantir a expansão paulista do século XVII. Este seria o grande século das bandeiras, aquele em que se iniciaria o bandeirismo ofensivo propriamente dito, cujo propósito era em grande parte o lucro imediato proporcionado pela caça ao índio. Da vila de São Paulo partiram as bandeiras de apresamento chefiadas por Antônio Raposo Tavares, Manuel Preto, André Fernandes, entre outros.
As condições peculiares de vida no planalto permitiram que os paulistas, durante os dois primeiros séculos, desfrutassem de considerável autonomia em setores como defesa relações com os índios, administração eclesiástica, obras públicas e serviços municipais, controle de preços e mercadorias. As câmaras municipais, compostas por "homens bons" da terra, raramente se continham dentro de suas legítimas atribuições; em São Paulo, especialmente, sua independência quase fez esquecer o governo lusitano.

Do bandeirismo de apresamento passou-se ao bandeirismo minerador, quando a atividade de Borba Gato, Bartolomeu Bueno da Silva, Pascoal Moreira Cabral e outros foi recompensada com o encontro dos veios auríferos em Minas Gerais e Mato Grosso. Dura provação foi o efeito do descobrimento do ouro sobre São Paulo e outras vilas do planalto: todos buscavam o enriquecimento imediato representado pelo metal precioso. Como disse José Joaquim Machado de Oliveira, "não havia paulista que, mais ou menos, deixasse de afagar o pensamento de descobrir minas".
Assim, o povoamento dos sertões brasileiros fez-se com sacrifício dos habitantes de São Paulo e em detrimento da densidade populacional da capitania. Essa ruptura demográfica, aliada a fatores geográficos já mencionados (a serra do Mar), ocasionou uma queda da produtividade agrícola, bem como o declínio de outras atividades, o que acentuou a pobreza do povo no decorrer do século XVIII. A capitania, que então abrangia toda a região das descobertas auríferas, foi transferida para a coroa e ali instalou-se governo próprio em 1709, separado do governo do Rio de Janeiro e com sede na vila de São Paulo, elevada a cidade em 1711.


O ciclo do ouro e decadência da capitania

No final do século XVII, bandeirantes paulistas descobrem ouro na região do Rio das Mortes, nas proximidades da atual São João del-Rei. A descoberta das imensas jazidas de ouro provoca uma corrida em direção às Minas Gerais, como eram chamadas na época os inúmeros depósitos de ouro por exploradores advindos tanto de São Paulo quanto de outras partes da colônia.
Como descobridores das minas, os paulistas exigiam exclusividade na exploração do ouro, porém foram vencidos em 1710 com o fim da Guerra dos Emboabas, perdendo o controle das Minas Gerais. O ouro extraído de Minas Gerais seria escoado via Rio de Janeiro. Como compensação, a Vila de São Paulo é elevada à categoria de cidade em 1711.
O êxodo em direção às Minas Gerais provocou a decadência econômica na capitania, e ao longo do século XVIII esta foi perdendo território e dinamismo econômico até ser simplesmente anexada em 1748 à capitania do Rio de Janeiro.
Alguns autores têm contestado essa versão da decadência da província. O principal argumento que leva historiadores a defenderem tal tese é a estabilização do número de vilas que surgidas no período. Porém, o número de habitantes não teria diminuído, apenas se concentrado nas vilas já existentes, e sua população, apesar de não lucrar diretamente com as minas, dominava o fornecimento de mantimentos, principalmente ligados à pecuária. A principal justificativa para a anexação à província do Rio foi a segurança das minas, já que São Paulo seria seu escudo natural contra invasões oriundas da Argentina ou outras colônias espanholas (ironicamente o mesmo argumento utilizado para sua restauração anos depois).

A restauração e a província de São Paulo

Em 1765, pelos esforços do Morgado de Mateus é reinstituída a Capitania de São Paulo e este promove uma política de incentivo à produção de açúcar para garantir o sustento da capitania. A capitania é restaurada, entretanto com cerca de um terço de seu território original, compreendendo apenas os atuais estados de São Paulo e Paraná.
Assim, são fundados no leste paulista, região propícia para tal cultivo, as vilas de Campinas, Itu e Piracicaba, onde logo a cana-de-açúcar desenvolve-se. O açúcar é exportado pelo porto de Santos e atinge seu auge no início do século XIX.
A capitania ganha peso político durante a época da Independência pela figura de José Bonifácio, natural de Santos, e em 7 de setembro de 1822 a Independência é proclamada às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, por Dom Pedro I. Em 1821 a capitania transforma-se em província.


O ciclo do café

Já em 1817 é fundada a primeira fazenda de café de São Paulo, no vale do rio Paraíba do Sul, e após a Independência o cultivo de café ganha força nas terras da região do Vale do Paraíba, enriquecendo rapidamente cidades como Guaratinguetá, Bananal, Lorena e Pindamonhangaba.
Nas fazendas cafeeiras do Vale do Paraíba, era utilizada em grande escala a mão-de-obra escrava, e os grãos eram escoados via Rio de Janeiro. Assim sendo, o Vale enriquece-se rapidamente, gerando uma oligarquia rural, porém o restante da província continua dependente da cana-de-açúcar e do comércio que vai se estabelecendo na cidade de São Paulo, impulsionado pela fundação de uma faculdade de Direito em 1827.
Entretanto, a exaustão dos solos do Vale do Paraíba e as crescentes dificuldades impostas ao regime escravocrata levam a uma decadência no cultivo do café a partir de 1860 naquela região. O Vale vai se esvaziando economicamente enquanto o cultivo do café migra em direção ao Oeste Paulista, adentrando primeiramente na região de Campinas e Itu, substituindo o cultivo da cana-de-açúcar realizado até então.
A migração do café rumo ao oeste provoca grandes mudanças econômicas e sociais na Província. A proibição do Tráfico negreiro em 1850 leva a necessidade de busca de nova forma de mão-de-obra para os novos cultivos. A imigração de europeus passa a ser incentivada pelo governo Imperial e provincial. O escoamento dos grãos passa a ser feito via porto de Santos, o que leva a fundação da primeira ferrovia paulista, a São Paulo Railway, inaugurada em 1867, construída por capitais ingleses e do Visconde de Mauá, ligando Santos a Jundiaí, passando por São Paulo, que começa a se transformar em importante entreposto comercial entre o litoral e o interior cafeeiro.
O café vai adentrando paulatinamente o oeste paulista, passando por Campinas, Rio Claro e Porto Ferreira; em 1870, a penetração da cultura encontra seus campos mais férteis de cultivo: as terras roxas do nordeste paulista, próximas a Ribeirão Preto e São Carlos, onde surgiram as maiores e mais produtivas fazendas de café do mundo.
Atrás de novas terras para o café, exploradores adentram o até então desconhecido quadrilátero compreendido entre a Serra de Botucatu e os rios Paraná, Tietê e Paranapanema, onde fundaram cidades como Bauru, Marília, Garça, Araçatuba e Presidente Prudente no final do século XIX e início do século XX.
As fronteiras paulistas são fixadas com a emancipação do Paraná em 1853. O sul paulista (Vale do Ribeira e região de Itapeva) não atraem o cultivo do café e sofrem com litígios de divisa entre São Paulo e Paraná, sendo portanto postas à margem do desenvolvimento do resto da província, tornando-se, até nossos dias, as regiões mais pobres do território paulista.
O enriquecimento provocado pelo café e a constante chegada de imigrantes italianos, portugueses, espanhóis, japoneses e árabes à Província, além do desenvolvimento de uma grande rede férrea, trazem prosperidade a São Paulo.

Mato grosso

O que hoje conhecemos como Mato Grosso já foi território espanhol, levando-se em conta os limites estabelecidos pelo [Tratado de Tordesilhas], por este tratado o Brasil teria menos que 30% do território atual. As primeiras excursões feitas no território do Mato Grosso datam de 1525, quando Pedro Aleixo Garcia vai em direção à Bolívia, seguindo as águas dos rios Paraná e Paraguai. Posteriormente portugueses e espanhóis são atraídos à região graças aos rumores de que havia muita riqueza naquelas terras ainda não exploradas devidamente. Também vieram jesuítas espanhóis que construíram missões entre os rios Paraná e Paraguai, com o objetivo de assegurar os limites de Portugal, já que as terras estavam nos limites da Espanha.
Assim, em 1718, um bandeirante chamado Pascoal Moreira Cabral Leme subiu pelo rio Coxipó e descobriu enormes jazidas de ouro, dando início à corrida do ouro, fato que ajudou a povoar a região. No ano seguinte foi fundado o Arraial de Cuiabá. Em 1726, o Arraial de Cuiabá recebeu novo nome: Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. Em 1748, foi criada a capitania de Cuiabá, lugar que concedia isenções e privilégios a quem ali quisesse se instalar. Foram feitas diversas expedições entre elas às entradas e bandeiras, as entradas foram financiadas por Portugal partiam de qualquer lugar do Brasil e não ultrapassavam o Tratado de Tordesilhas. As bandeiras foram financiadas pelos paulistas somente eles foram ao oeste, ultrapassando Tordesilhas, inclusive.
Os motivos pelos quais ocorreram às expedições para oeste do Brasil são diversos, a coroa portuguesa precisava ocupar as terras a oeste para se defender da ocupação espanhola de oeste para leste e preservar o Tratado de Tordesilhas. As expedições feitas pelos paulistas foram de caráter principal econômico como a procura por indígenas que era uma mão-de-obra mais barata que a escrava ocorridas em 1718 e 1719, a mineração em 1719 com o propósito de exploração de ouro e pedras preciosas. As monções em 1722 foram realizadas a fim de estabelecer a troca de mercadoria de consumo com o ouro nas áreas de mineração...
Durante as bandeiras, uma expedição chegou ao Rio Coxipó em busca dos índios Coxiponés e logo descobriram ouro nas margens do rio, alterando assim o objetivo da expedição. Em 08 de abril de 1719 foi fundado o Arraial da Forquilha as margens do rio do Peixes, Coxipo e Mutuca, sendo que o nome forquilha vem justamente pelo fato de que neste ponto de encontro destes dois rios cria o formato de uma forquilha formando o primeiro grupo de população organizado na região (atual cidade de Cuiabá). A região de Mato Grosso era subordinada a Capitania de São Paulo governada por Rodrigo César de Meneses, para intensificar a fiscalização da exploração do ouro e a renda ida para Portugal, o governador da capitania muda-se para o Arraial e logo a eleva à categoria de vila chamando de Vila Real do Bom Jesus de Cuiabá.


Minas Gerais

Seguindo em direção ao interior a procura de metais e pedras preciosas grupos de bandeirantes paulistas ocuparam a região no século XVI, mais tarde chamada Minas Gerais. Os primeiros povoados surgiram nas montanhas no final do século XVII e início do XVIII, bem como, a descoberta de novas minas.
Hoje Belo Horizonte, porém, em 1693 uma grande quantidade de ouro foi encontrada próximo ao local sendo causa de muitas disputas e confrontos sangrentos, entre os muitos a Guerra dos Emboabas. A batalha ocorreu em 1708, entre paulistas, portugueses (emboabas) e mineradores (sertanejos).
Visando uma melhor administração, criou-se a capitania de São Paulo e Minas de Ouro em 1709. Com a separação de Minas e São Paulo em 1720, a primeira tornou-se capitania tendo como sede a cidade de Vila Rica, atual Ouro Preto. O nome Minas Gerais originou-se devido a enorme quantidade de riquezas minerais ali existentes.

Colonização da região Amazônica


Dentre os europeus que navegaram pelos rios amazônicos estavam espanhóis, franceses, holandeses e ingleses. Desde o final do século XVI que estes europeus buscavam se fixarem na floresta equatorial e colonizá-la. Os primeiros a chegarem a região foram os castelhanos, o navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón foi o primeiro a visitar o estuário do Rio Amazonas, em 1500, por ele chamado Santa Maria de la Mar Dulce. A exuberância da Amazônia permeia a imaginação no mundo inteiro e exerce forte fascínio sobre todos, provocando cobiça internacional desde o século XVI, em 1559 holandeses estabeleceram fortificações na foz do rio Xingu, em 1610 ingleses fundam núcleos de povoamento próximo da foz do Amazonas e franceses se fixam no maranhão. Ultrapassando o estado de ameaça eminente para um contexto de agressão real a soberania lusitana na região norte. Tal situação motivou a reação vigorosa dos portugueses que, lutam por três anos até expulsarem os franceses do Maranhão (1612-1615). Após a vitória sobre os franceses, Francisco Caldeira Castro de Branco funda o Forte do Presépio no dia 12 de janeiro de 1616, em torno do mesmo surge a cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará. Neste período Portugal estava sob o domínio da união Ibérica (1580-1640), e atraiu para se todos os inimigos dos castelhanos que se sentiram livres de qualquer laço de amizade com Portugal já que não existia de farto o estado português, eles se achavam no direito de cobiçarem e conquistarem parte da América lusitana, já que naquela conjuntura o que fora lusitano seria castelhano, os colonos e as autoridades portugueses no Brasil atuam decisivamente na expulsão dos estrangeiros do norte e nordeste, além de adentrarem em áreas que antes eram vistas como exclusivamente castelhanas de acordo com o Tratado de Tordesilhas. As autoridades espanholas se descuidam, e bandeirantes, sertanistas e aventureiros expandem os domínios da colônia portuguesa na America do Sul. Isto só foi possível devido à obstinação lusa por encontrar metais amoedáveis e pedras preciosas, e devido os castelhanos terem aberto a guarda, estavam por demais envolvidos com suas colônias andinas, platinas e mexicanas para olhar o que os colonos portugueses estavam fazendo na América do Sul.Caberiam as autoridades lusas a tarefa de resguardar, o Vale do rio Amazonas, em beneficio da União Ibérica. Pelo tratado de Tordesilhas quase toda região amazônica seria da coroa espanhola. No entanto, na metade do século XVII, os lusitanos trataram em fixarem sua presença na bacia e na floresta amazônica. Não imaginava o rei Felipe IV de Espanha(1605-1665) que ao criar a província do Grão-Pará, estava ele lançando as bases da conquista e do povoamento da costa norte a da floresta equatorial pelos luso-brasileiros. O rei citado governou Espanha de 1621 a 1665, e também governou Portugal e suas colônias, já que neste momento não havia de fator um estado português, vivia-se a União Ibérica que foi tão prejudicial a nação portuguesa.

Colonização do Rio Grande do Sul

No século XVI, com a descoberta do Novo Mundo, o Rio Grande do Sul passou a fazer parte do reino espanhol pelo Tratado de Tordesilhas. Em 1627, jesuítas espanhóis criaram missões, próximas ao rio Uruguai, mas foram expulsos pelos portugueses, em 1680, quando a coroa portuguesa resolveu assumir seu domínio, fundando a Colônia do Sacramento. Os jesuítas espanhóis estabeleceram, em 1687, os Sete Povos das Missões. Em 1737, uma expedição militar portuguesa comandada pelo brigadeiro José da Silva Paes foi enviada para garantir aos lusitanos a posse de terras no Sul, objeto de disputa entre Portugal e Espanha. Para efetuar essa posse militarmente, José da Silva Paes construiu nesse mesmo ano um forte na barra da Lagoa dos Patos, que é a origem da atual cidade de Rio Grande, primeiro marco da colonização portuguesa no Rio Grande do Sul.
Em 1742, os colonizadores portugueses iniciaram uma vila que viria a ser Porto Alegre. As lutas pela posse das terras, entre portugueses e espanhóis, tiveram fim em 1801, quando os próprios sul-riograndenses dominaram os Sete Povos, incorporando-os ao seu território. Em 1807, a área foi elevada à categoria de capitania. O município de Viamão antecedeu Porto Alegre como sede do governo. Durante o período colonial a região foi palco de inúmeros conflitos entre hispano-americanos e luso-brasileiros.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Ato Institucional nº 05 « “…há soldados armados, amados ou não…”

Ato Institucional nº 05 « “…há soldados armados, amados ou não…”

Ditadura militar

Indico estes sites:http://www.culturabrasil.pro.br/ditadura.htm

http://www.memoriaestudantil.org.br/main.asp?Team=%7B6CB6B3C4-B6BF-4D56-8B2E-286CD15F2893%7D


http://www.cpdoc.fgv.br/nav_fatos_imagens/htm/fatos/Golpe64.htm

http://www.jusbrasil.com.br/noticias/383345/edicao-do-ato-institucional-n-5-completa-hoje-40-anos

Revolução Inglesa - Hobbes e Locke

Revolução Inglesa – Hobbes e Locke

Dois grandes pensadores políticos do ocidente viveram de perto os acontecimentos da revolução Inglesa, que se estendeu de 1640 até 1689.As transformações ocorridas na Inglaterra do século XVII são evidentes nas obras de Thomas Hobbes e John Locke. Os dois adotaram posições diferentes em relação à queda do poder absolutista inglês, e suas teorias políticas influenciaram diversas discussões posteriores.
Thomas Hobbes (1588 – 1679) saiu da Inglaterra durante a Guerra Civil travada entre os Cavaleiros e os Cabeças Redonda, foi professor do filho de Carlos I na França e tornou – se próximo da corte dos Stuart.Durante o seu exílio na França, escreveu Leviatã, uma de suas principais obras políticas, e, quando o poder dos Stuart foi restaurado, já vivia na Inglaterra.Curiosamente, algumas de suas obras foram censuradas por seu antigo aluno, o rei Carlos II.
John Locke nasceu em 1632, e seus pais participaram da Guerra Civil lutando pelas tropas do parlamento. Quando Hobbes escreveu Leviatã, Locke tinha aproximadamente 18 anos e ainda era estudante.Viajou bastante pela Europa durante a Republica de Cromwell e os reinados de Carlos II e Jaime II, e as críticas ao Absolutismo tornaram-se muito evidentes em seus textos. Retornou à Inglaterra após a Revolução Gloriosa e era muito próximo de Guilherme de Orange, que assumiu o trono após a deposição de Jaime II.
Hobbes defende o poder absoluto do soberano pela força e o Estado é essencial para manter a paz entre os seres humanos; o poder político é apresentado como o poder de um pai sobre o filho, que o subjuga por poder destruí – lo. Há uma justificativa pragmática e racional da existência do Estado, trata – se de adquirir o poder por meio da “força natural” de um pai sobre um filho, por exemplo, ou por meio da guerra.
O pensamento de Hobbes está vinculado ao Antigo Regime, que no século XVII foi alvo de Críticas e enfrentamentos na Inglaterra.

Principais filósofos Iluministas

Principais filósofos iluministas

- John Locke (1632-1704), ele acreditava que o homem adquiria conhecimento com o passar do tempo através do empirismo;

- Voltaire (1694-1778), ele defendia a liberdade de pensamento e não poupava crítica a intolerância religiosa;

- Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), ele defendia a idéia de um estado democrático que garanta igualdade para todos;

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Montesquieu (1689-1755), ele defendeu a divisão do poder político em Legislativo, Executivo e Judiciário;

- Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond d´Alembert (1717-1783), juntos organizaram uma enciclopédia que reunia conhecimentos e pensamentos filosóficos da época.

- Bento de Espinosa (1632–1672) - defendeu principalmente a ética e o pensamento lógico;

- David Hume (1711-1776) - foi um importante historiador e filósofo iluminista escocês. Refutou o princípio da casualidade e defendeu o livre-arbítrio e o ceticismo radical.

- Adam Smith (1723-1790) - economista e filósofo inglês. Grande defensor do liberalismo econômico.

- Immanuel Kant (1724-1804) - importante filósofo alemão, desenvolveu seus pensamentos nas áreas da epistemologia, ética e Metafísica.

- Benjamin Constant (1767-1830) - escritor, filósofo e político francês de origem suíça. Defendeu, principalmente, ideais de liberdade individual.

O Pensador


ILUMINISMO

Iluminismo

Embora não seja o único movimento cultural do século XVIII, pode - se dizer que o Iluminismo é aquele que mais o influenciou.
Para os iluministas, o desenvolvimento da consciência é o único modo de se alcançar a liberdade e fugir da servidão espiritual. A razão é fundamental para a libertação do ser humano das amarras que o prendem, sobretudo da dominação política e da tirania religiosa. É por meio da razão que os seres humanos se libertam do mundo dos mitos, da magia, das superstições, deixando – se conduzir ao domínio de si. O iluminismo foi um movimento filosófico-cultural, com inserção em diferentes campos da vida humana (Arte, Filosofia, História, Economia, Física etc), marcando o século XVIII europeu e exercendo fortes influencias em países como Inglaterra, França e Alemanha, e também Itália, Portugal e outros.
Caracterizado pela crença no racionalismo e no otimismo em relação à ciência e a técnica, advinda, principalmente, do Renascimento do século XVI e do Racionalismo do século XVII, o ideário do Iluminismo constitui as bases das diferentes ciências nos séculos seguintes. Sua concepção desenvolvimentista e evolucionista de ser humano e do mundo exerceu fortes influências em diferentes áreas do conhecimento humano, apregoando idéias de orientação da evolução humana, com vistas ao desenvolvimento de estados sucessórios e ascendentes e à concretização de etapas definitivas ao findar esse mesmo desenvolvimento. O conhecimento cientifico e tecnológico foi entendido pelo iluminista como forma de transformação para a melhoria do mundo.
Em meio a processos de secularização (enfraquecimento do poder da religião como organizador da vida)de algumas sociedades européias, em especial a francesa,a razão iluminista elegeu o Estado absolutista e o cristianismo como alvos de uma crítica contundente. Da religião à razão, do mundo imaterial ao material essa passagem foi sempre associada às idéias de civilização e progresso. Mesmo considerando as especificidades do Iluminismo em cada país, pode-se dizer, em síntese que a razão iluminista influenciou profundamente o pensamento ocidental em relação a diversas questões: defesa de diretos naturais e inalienáveis do ser humano, desconfiança absoluta dos poderes naturalmente instituídos por hereditariedade ou por direito divino, descrenças nas explicações míticas e religiosas das humanas. Além de influenciar, sobremaneira, o pensamento ocidental, esses aspectos do iluminismo forneceram as bases teóricas para os movimentos revolucionários que foram seus contemporâneos, assim como para outros, que o sucederam.